Parceiro

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Cinquenta e três anos depois e lá estava ele, parado bem na sua frente. Helion não conseguia acreditar, nem se quer sabia o que dizer.

- Bom vê-lo novamente Helion. - Disse Lucca, o tom sério, educado, mas a voz... A voz era a mesma, voz de anjo, voz que Helion aprendera a amar, que poderia ouvir até os últimos dias de sua vida. Se obrigou a responder.

- É igualmente bom vê-lo, admito que estou surpreso. - Confessou Helion, sem fôlego, se entregando e perdendo totalmente a compostura na frente de todos que assistiam curiosos.

- Suponho que já se conheçam... - Disse Rhysand, olhando com malícia entre Helion e Lucca. - Eris teria o prazer de me apresentá-lo?

- É claro, esse é Lucca D'angelo, meu primo, sobrinho de minha mãe, e meu espião.

- E suponho que seu pai não saiba que ele é um espião... - Deduziu Rhys.

- Obviamente não. Ele nem sonha que Lucca esteja em Prythian. Lucca foi expulso da Outonal décadas atrás.

- Você não me disse Lucien, que tinha um primo também exilado como você e que ainda por cima com treinamento como espião. - Rhysand disse, se dirigindo ao outro Vanserra. Exigindo explicações na verdade.

- Nós não nos conhecemos. Quando saí da Outonal minha tia não tinha filho algum. - Disse Lucien, sem baixar a cabeça. Aparentemente, Helion pensou, ser acolhido pela Corte Noturna tinha o seu preço.

- Bem, então conte-nos o que você sabe sobre Beron, espião. - Lucca acentiu, mas não prestava atenção a Rhys, e sim olhava curioso entre Helion e Lucien.

Então Lucca começou a narrar toda a sua rotina de espionagem à Beron, as pessoas com quem ele conversava, onde ia e o que descobriu sobre seus planos, confirmando a historia de Eris. Helion só prestou atenção a metade do que ele dizia, não conseguia deixar de encará-lo. Quando será que ele tinha voltado?

- Então, qual o próximo passo agora? - Perguntou Cassian.

- Tudo o que nós podemos fazer agora é aguardar os próximos passos, de Beron e das Rainhas. Não podemos acusar ninguém e nem provar nada. Azriel vai espionar as Rainhas e é preciso que alguém mantenha os olhos em Beron. - Explicou Rhys. Helion imediatamente se apavorou com a possibilidade de Lucca voltar a Outonal. Do risco que seria, mas Eris disse em seguida:

- Eu vou ficar de olho em Beron a partir de hoje, Lucca não pode voltar, meu pai anda cismado e se pegar Lucca na Outonal ele está morto, existe um preço pela sua cabeça, já nos arriscamos demais.

- Porém eu tenho contatos fora da Outonal, então qualquer movimento que Beron fizer fora da corte eu vou ficar sabendo. - Afirmou Lucca.

- E onde exatamente você vai ficar a partir de agora? - Helion não se conteve em perguntar, mas foi Eris que respondeu.

- Nós pensamos que ele poderia ficar aqui no território humano mesmo, talvez Lucien, Jurian e Vassa não se incomodem em ter um hospede temporário...

- De jeito nenhum! - Disse Helion exaltado. - Esse lugar é horrível, ele vai ficar na Diurna comigo!

- Se ele não se importar, tudo bem. - Eris tentava conter o riso. Lucca deu de ombros, obviamente se comportando muito melhor do que Helion.

Helion nunca imaginou que fosse se descontrolar tanto na presença de Lucca, logo ele que era a imagem da indiferença e da arrogância, mas de jeito nenhum ia deixar Lucca ficar naquele lugar horrível com pessoas estranhas.

Após o fim da reunião as pessoas começaram a dispersar, Eris voltou a Outonal, a Corte Noturna já estava fora da casa quando Rhysand puxou Helion de lado.

- Tem certeza que você quer o espião de Eris na sua corte?

- Sim. Ele é confiável. - Pelo menos Helion desejava que ele ainda fosse o mesmo. - Eu posso lidar com ele.

- E de onde exatamente vocês se conhecem? - Perguntou Rhys com malícia.

- Eu o conheci quando ele ainda era um rapaz, quando ele saiu da Outonal. Foi um favor a Sarah Vanserra.

- Você ficou muito abalado quando o viu.

- Ele me lembra de muita coisa, não quero falar sobre isso. - Rhysand que interpretasse como quisesse, ele não daria explicações sobre Lucca.

Se despedindo de Rhys, Helion foi em direção a Lucca, que conversava com Lucien como se já se conhecessem a muito tempo, apesar de Lucien ter negado que eles se conheciam mais cedo. Parecia uma conversa animada sobre algum território da Outonal, onde aparentemente ambos gostavam de pescar e acampar.

Helion pensou em como deveria ser triste ser obrigado a deixar o lugar que se chama de lar e ir embora, fugindo, sem poder voltar. Isso ambos os machos tinham em comum, tudo por culpa do louco do Beron e sua intolerância. Um viu a amada ser assassinada por ser considerada inferior e o outro por simplesmente ser quem é e amar machos e fêmeas sem distinção.

Era uma tragédia o que acontecia na Outonal, Helion sabia que nem todas as pessoas eram ruins como a maioria das pessoas, por toda Prythian, costumavam dizer. Eles, os cidadãos da Outonal eram trabalhadores rurais em sua maioria, gente do campo, obrigados a viver a tirania de Beron por séculos. Se dependesse de Helion, Beron já estaria morto a muito tempo. Mas não dependia, Helion torcia para que dessa vez Beron tivesse colocado a corda em volta do próprio pescoço.

- Você é bem vindo a ficar se quizer. Seria bom ter alguém interessante para conversar para variar. - Disse Lucien, rindo e olhando para Vassa e Jurian, que olhavam emburrados para ele.

- Obrigado pelo convite, da próxima vez que eu vier ao território humano eu venho te tirar do tédio. - Respondeu Lucca também rindo. Helion começou a ficar preocupado, os primos estavam flertando? Hora de acabar com isso e tirar o seu parceiro dali.

- Lucca, vamos... - Helion quase disse "para casa".

- Vamos... - Lucca mal olhou em sua direção. - Foi um prazer conheçê-lo Lucien.

Seguiram até a porta, Helion preocupado, Lucca aparentemente indiferente. E atravessaram até a Corte Diurna.

A Court Of Fire And SunlightOnde histórias criam vida. Descubra agora