Eu e Jimin estávamos sentados na caçamba de um carro. Calados. Totalmente em silêncio e congelando pelo frio intenso das praias de Busan.
Após falhas tentativas de gritar e empurrar o portão (Jimin disse que se responsabilizaria caso quebrasse um dos portões, mas talvez ele queria dizer que se responsabilizaria caso quebrasse o braço), desistimos e apenas nos acomodamos naquele carro velho.
— O que você veio fazer aqui, afinal? — Acabei perguntando, a fumaça que saía de minha boca era intensa.
— Em Busan ou no galpão?
— No galpão. — Eu queria não saber sobre Busan.
— Eu vim te ver. — Soltou, pigarreou. — Digo, você parecia mal hoje cedo, então achei que quisesse conversar ou algo do tipo. Então... eu vi um cachorro lindo. — Ele riu, o encarei. — E aí, ele veio correndo até o galpão e eu vim atrás dele. Quando eu me virei, você chegou, e foi ai que o portão se fechou e tudo aconteceu. Agora estamos presos aqui.Assenti. Pensei um pouco e ri pelo nariz.
— Que foi? — Ele sorria.
— Nada, é só que... é engraçado a forma como nos encontramos aqui e ali. Eu já sabia quem você era, óbvio. Presidente Park Jimin, o CEO mal encarado e soberbo? É... eu sabia sobre você. E você, sabia quem eu era por conta da Aji-3, sim? Quer saber como a Aji-3 tem meu rosto? — Ele assentiu. — Foi após uma amostra de amor.
— Mhm?
— É. Eu e Namjoon nos amávamos há alguns anos. Nos conhecemos na faculdade. Ele fazia o mestrado dele, claro. O garoto mais novo a se tornar mestre em inteligência artificial. E eu, estava na minha 3° graduação. Cursei Administração, a única graduação que terminei. Terminei por pena do meu irmão. Enfim... Namjoon sempre fazia planos comigo, mas nunca me perguntava se eu estava de acordo. Ele me deixava sozinha em alguns momentos para dedicar tempo a seus projetos. O que não é errado, obviamente! Mas... você tem um relacionamento com outra pessoa, com isso responsabilidades. É como duas empresas, ele tem a empresa de robótica dele, e a empresa de nosso relacionamento. Se ele não administra uma das empresas com vigor, ela vai falir. É como se... ele me deixasse como um último plano, sempre. Sempre. E então, outro dia, fui atrás dele no laboratório. Estava tudo uma bagunça e eu acreditava fielmente que era tão exaustivo trabalhar e limpar tudo, que eu me disponibilizei a ajudar. Então, ele chegou aos gritos, falando que eu jamais deveria entrar no laboratório dele sem a permissão dele. Eu pensei que tivesse mexido em algo errado, mas Yoongi e Hoseok estavam lá e eles agradeceram a ajuda. Eu só... não conseguia entender Namjoon. Foi aí que marquei de encontra-lo no outro dia para terminar com ele, mas ele veio correndo até minha casa para me pedir desculpas. Com isso, o perdoei. Ele era tudo para mim.
— E... como terminaram? Digo... isso não era amor, era? — Ele parecia apavorado. — Imagino que terminaram. E... que não goste mais dele, sim?
— Teve um concurso na faculdade, era mais uma das minhas chances de ser empreendedora. Namjoon me chamou para comer algo logo em seguida. Estava tão romântico, eu me sentia sortuda. Me assistiu no evento, me levou para minha lanchonete favorita. Tudo estava perfeito.Comecei a comer meu sanduíche e o ouvia falar. E falar. E falar. Até que ele diz: Consegui um emprego nos EUA para o final do ano. Pensei em tudo. Você termina sua graduação e vamos correndo! Eu esperei ele terminar. Ou melhor... falar as palavras que eu queria ouvir. Mas elas não chegaram. Eu disse: E meu empreendimento? Estou começando agora e... o resultado do concurso é em dois meses. Mas ele disse: Exatamente, Jiah! Está começando agora, então não tem o que perder. Deixa toda essa tralha e vamos atrás de sonhos verdadeiros, juntos! Coisas que valem a pena nosso tempo. E seus olhos brilhavam tanto com a imbecilidade de suas palavras, ele realmente acreditava que tudo estava em ordem. Nem pude terminar meu sanduíche. O repousei na mesa vagarosamente, levantei-me com meu vestido rosa, cabelos longos, lisos e com franja. O dei as costas, hesitei, olhei para trás, eu queria olhar em seus olhos, e disse as seguintes palavras: não volte a me ver, por favor! E me fui. Fui embora vestida exatamente como a Aji-3 se veste hoje. Porque foi a última vez que Namjoon me viu. — Suspirei. Aquilo nem mesmo me doía mais. — Eu gostei do Namjoon por muito tempo depois que terminamos, sabia?
— Mesmo após ele ter pisado em seu coração assim?
— Sim. A gente também se acostuma com a dor, Jimin. — O encarei.
— Eu... me acostumei com a dor uma vez. Quando meus pais morreram. Eu não mexia em um móvel da casa, a não ser para limpar e coloca-lo no mesmo e exato lugar novamente. Alguém entrou em minha vida uma vez e revirou tudo de cabeça para baixo. Arrancou as cascas de minhas feridas, mas no fim, elas já estavam curadas. Acho que foi a forma mais próxima que cheguei do amor. Era incrível como eu a amava e sentia que ela me amava também. Eu não sei explicar, Jiah. Eu só...
— Sentia?
— Isso. Eu só sentia, só sabia. E tudo o que eu queria era dizer para ela.
— E você disse?
— Eu disse, mas... eu a perdi. Para sempre.
— Eu acho que... para podermos começar um novo ciclo, devemos encerrar um ciclo passado. Talvez se você perdoar seu passado e entrar em paz com ele, você consiga viver seu presente e conquistar um futuro.
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CYBERLOVE // PJM
FanfictionO quão longe um ser humano é capaz de manter uma relação com um robô de inteligência artificial? Esta é a história de Park JiMin, um garoto rico e CEO de uma empresa famosa no país, que criou um escudo para seu coração partido. "Inevitavelmente, t...