MY WORDS

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Jo JiAh POVs

Encarar Park Jimin após tanto tempo, como eu mesma, me doeu muito mais do que pensei. Parecia que eu era oca. Que apenas minha pele andava por ai sem ossos e músculos para sustenta-la. Eu havia perdido o sentido da vida. Após tirar o sentido da vida de Park Jimin.

Eu sabia que eu era a responsável. Eu sabia o que eu havia feito a ele. Mas ve-lo daquela forma, querendo que eu nunca mais aparecesse em sua frente me fazia pensar: que merda eu havia feito? Por que eu fiz aquilo? Ou melhor, por que continuei mesmo sabendo que eu o amava mais que tudo?

Corri dali, o mais rápido que podia. Minha boca seca. Coração acelerado. Cheguei ao café da Sohye. Ela tinha acabado de atender alguém e eu sabia que ela chegaria para mim e diria a grande novidade e que sentia que seu negócio ia fluir agora. Mas ela viu minha expressão, viu meu estado. Corri até ela, ela meu abraçou tão fortemente.

— Tô aqui, Jiah. Tô aqui. — Dizia.

Ela me levou para dentro do café. Me acalmou. Me ouviu. Eu disse tudo, compartilhei tudo o que Jimin me dissera. A encarei. Esperava por algo.

— Não vai ouvir respostas de mim, Jiah. Eu não as tenho. — Ela deu de ombros. — Na verdade, você já as tem, sim? Acho que... deve seguir sua vida, Jiah. Deve focar nos seus planos agora e... Jiah... — Ela viu o quão difícil estava sendo. — Receberá sua resposta em breve. Deve ir aos poucos. Aos poucos você vai reaprendendo a viver, sim? Aos poucos você vai se encontrando. Um dia, três dias, dois meses... não importa! Seu tempo é seu tempo e você deve respeita-lo. Haverão dias que você vai lembrar dele e vai doer, muito. Haverão dias que você vai lembrar dele e vai sorrir, porque sabe que foi melhor assim. E são por esses dias que devemos esperar. Um dia, uma hora, um segundo, uma coisa de cada vez. Entendeu?

Meu celular vibrou. Um e-mail havia chegado. O li:

Seu projeto está confirmado para a terceira e última fase do Concurso para Empreendedores: exposição.

Mostrei o celular para a Sohye. Ela sorriu.

— Aí está seu sinal. — Ela era tão confiante.

Eu só conseguia afundar. Seoul começava a ficar fria. Muito fria. O inverno estava chegando.

Os dias pareciam que queriam passar rapidamente. Eu nem conseguia viver, tudo estava acelerado. Eu nem conseguia respirar, a sexta-feira já estava vindo aí.

O evento era no domingo e em nenhum momento pensei em sair da cama naquele dia. Meus pensamentos viajavam, iam do dia que conheci Jimin até o último em que o vi. Alguém bateu em minha porta. Batidas novamente.

— Jiah. Sou eu, o oppa! — Sua voz reconhecível soou. — Posso entrar?
— Não. — Consegui responder.

Ele entrou mesmo assim. Eu estava de costas para a porta, não conseguia ver a coisa pesada que ele arrastava com os pés contra o chão.

— Você não comeu o kimbap que eu preparei. — Ele disse, sentando-se na cama.
— É porque você colocou cenoura. Não gosto de cenoura. — Resmunguei.
— Não comprei cenouras. — Ele riu. — Você nem tocou na comida, não foi?

Me mantive calada. Senti sua mão em meus cabelos.

— Jiah. O concurso começa em breve. — Ele disse. — Sei que queria participar desse evento. Há muito tempo, sim?
— Não vou.
— Jiah... Eu errei com você a minha vida inteira. Você me odeia?
— Não. Nunca.
— Então, por que acha que ele vai te odiar para sempre?

Me mantive calada. Apertei meu dedão em minha mão.

— Eu acho que... mesmo com tudo que está acontecendo, mesmo com tudo o que aconteceu, ele não iria querer que perdesse a oportunidade de realizar seus sonhos. Isso que é amor, certo? O amor cura e faz bem e...
— Todas as concepções de amor que eu tive acesso foram caóticas e eu estraguei tudo. O amor não é cura, não. O amor é perda, é despedida.
— Jiah, eu te amo. — O oppa disse.

Senti suas mãos me puxarem, me vi num abraço que nunca mais havia sentido. A última vez que ele me abraçou foi há 7 anos, quando ele entrou na faculdade. Era aconchegante.

— Eu te amo. E nada vai mudar isso, nem mesmo uma despedida. Despedidas são apenas parte de um ciclo que pode voltar a ser feito, não necessariamente da forma que esperamos. A única coisa que não pode fazer, Jiah, é encerrar esse ciclo com você mesma.
— Mas eu não consigo. — Falei em meio a soluços. Minhas unhas já cravavam suas costas num abraço doloroso.
— Diga isso apenas após tentar, sim? Você passou por cima da minha palavra por anos. Então, agora, ande junto de minhas palavras. Apenas uma última vez, certo?
— Como? — O encarei.

Ele me apontou algo ao nosso lado. Era uma caixa de papelão. Dentro, duas lâmpadas em forma de coração.

— Chegaram aqui hoje.

N/A: Um capítulo saindo! Espero que gostem. Pretendo ficar um tempo longe do celular, então pode ser que demore um pouco para sair novos caps. Mas não muito, prometo!!

CYBERLOVE // PJM Onde histórias criam vida. Descubra agora