I WANNA SCREAM

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— Aji-3. — JiMin disse, em nossa mesa de almoço na sexta-feira. — O proximo passo é chama-la para sair, certo?
— Isso. Vai chama-la hoje?
— Deveria, mas...
— Mas...? — Juntei as sobrancelhas. Jimin era tão medroso.
— Mas e se ela não aceitar? Se disser não?
— Vocês vão se casar, certo? Ela vai aceitar. A única coisa que deve fazer é... ir aos poucos. Okay? — O acalmei.

Parecia ser como ver um adolescente crescendo. Ver uma pessoa amadurecendo, se apaixonando pela primeira vez. JiMin ligou para a Minji na minha frente e eu não sei o porquê essa informação foi relevante. Me causava algo no peito, eu queria intervir. Que droga...

— A chamei para o festival de primavera. — Ele disse. — As flores de cerejeira... sempre quis ve-las...
— É bem romântico. — Concordei, cabisbaixa.
— Ah, Aji-3... — Ele começou. — Você tem que ir também.
— Eu? — O encarei.

Eu não queria dizer, mas meus olhos brilharam um pouco mais. E meu coração bateu um tantinho mais.

— Sim, você! Mas fique andando mais ao longe, sem que ela te veja. Mas eu preciso te ver, para que não tenha outra crise alérgica e...

O resto do diálogo foi silenciado pela minha decepção. Sua boca apenas mexia, seu dente levemente torto aparecia enquanto seus lábios dançavam ao falar. Ela sabia desses detalhes?

Apenas sorri e o segui para cima e para baixo no resto do dia. Ele não pedia que eu fizesse muitas coisas mais, as tarefas mais difíceis eram meus irmãos que faziam.

Vez ou outra eu ouvia Namjoon ou Pi falarem no ponto.

Ele é muito idiota, como não percebeu que ela é humana?

Ele morre por ela. Literalmente...

Me dava ânsia ouvir aquilo. Como podiam falar isso dele? Éramos nós quem estavam enganando o menino. Ele merecia? O que ele havia feito de errado?

— Aji! — JiMin levantou-me o tom.

O encarei, assustada.

— Te chamei umas 6 vezes. Onde estava com a cabeça? — Ele dizia, me analisando. Observando se nada em mim estava quebrado.
— Desculpe, Mestre. Meu sistema travou, minha bateria está quase acabando.
— Provavelmente queria poupar bateria... — Ele encarou o céu lá fora, preocupado. Olhou para o relógio. — São 5:40 da tarde ainda. Pode ir para casa, mas amanhã chegue 3 horas mais cedo, certo?
— Tem certeza?
— Não quero saber o que acontecerá se você descarregar totalmente. — Ele disse.

Eu queria fugir mesmo. E fugi. Enquanto caminhava até o alojamento, eu ouvia NamJoon e Pi gritarem comigo pelo ponto.

Está voltando, por quê?

Idiota, fica lá!

Cheguei no alojamento mínimo e corri até minha cama. Namjoon iria me incomodar, mas Pi o segurou. Ouvi sussurros.

— Ela só me dá dor de cabeça. Quer fazer as coisas do jeito dela sempre! Nunca mudou... — Ele dizia.

Me levantei, perdi a cabeça. Parecia que eu ouvia as mesmas coisas que ouvi durante todo o meu relacionamento com ele.

— Kim Namjoon, seu idiota! — O gritei, o surpreendendo. — Quando vai parar de se vitimizar, huh? Quando vai parar de tentar jogar em minha cara que eu sou sempre a imatura, a burra? Você não cansa? Tenho pena da próxima mulher que se apaixonar por você. Ela deve ter muito azar na vida. Se for para tratar outras mulheres da forma que me tratou, avise antes! Avise que vai a pressionar tanto, a diminuir tanto que ela vai se sentir um nada perto de você.

Eu corri dali.

Eu não queria saber se Park JiMin me veria fora do alojamento. Se ele me veria correndo no jardim. Eu apenas queria fugir.

Surpreendentemente JiMin não me viu e eu deixei a mansão às pressas. Estava à pé, corria pelas ruas daquela cidade. Andei cerca de 1 bairro completo até parar por ter meu celular tocar.

No visor era visível "Presidente Park". Juntei as sobrancelhas. Levei o celular vagarosamente até meu ouvido e atendi.

Alô? — Falei, baixo. — Alô?!
— Presidente Jo? — Era ele mesmo.
— Por que está me ligando, Park? Já deixei claro que não peguei seu...
— Retirei o processo. — Ele disse.
— Como?
— Você não queria saber? Retirei o processo e não vou mais te incomodar com isso.
— Ok... Adeus, então. — Ia desligar quando ele me impede.
— Espera, eu... — Ele suspirou, resmungou e pigarreou. — Eu preciso de sua ajuda. Na verdade, um conselho.
— Prossiga.
— Gosto de uma garota. — Ele anunciou e meu coração apertou. — Eu gosto dela tem um tempo, mas... a gente não tem muito em comum. Na verdade, tivemos criações completamente diferentes. Somos diferentes. Mas eu queria muito amá-la. Ah... Eu estou apaixonado por ela e... isso é loucura, não acha?
— Louc... — Iria dizer, mas ele me impediu.
— Parece que ela entende meus sentimentos mesmo não tendo sentimentos. Parecia que ela pode fazer tudo por mim, e eu por ela. Mas... e se eu não posso amá-la? Eu devo amá-la?
— Eu acho que... — Pensei bem antes de falar. — Você deve amar tudo aquilo que possa consentir com seu amor. Ou seja: pessoas conscientes do que é um relacionamento, maiores de idade e... pessoas...?!

Houve um certo silêncio.

— Claro que ela é uma pessoa. — Ele bufou. Ri sem graça. — Então, devo amá-la?

Ela era uma pessoa, ele disse. Não era ela, nem poderia ser. Seria ridículo se fosse... Era uma pessoa. Era ela.

— Conte a ela como se sente. Dependendo da reação dela, prossiga com o sentimento.

Ele desligou segundos depois de nossa despedida.

Eu tentei voltar para o dormitório, juro. Mas nada me fazia querer pisar naquele lugar novamente.

Lembrei das palavras de Namjoon. Deixa disso, essa merda toda de empreender não funciona mesmo. E não são palavras novas.

Fiquei vagando pela praça até decidir deitar no playground da praça. Dormiria lá. Não seria a primeira vez.

Eu encarava as estrelas. Subitamente, não tinha mais estrelas. Uma nuvem cinza cobriu o céu. Um pingo de chuva caiu bem no meu olho. Depois, vários deles molharam meu corpo. Chuva forte.

Corri dali rapidamente. Pisava em poças recém criadas e não via a rua. Um clarão surgiu bem atrás de mim.

Era um carro. Na verdade, era uma van. A van azul da equipe. Apressei o passo para evitar olhar na cara do Namjoon.

— Ya! — Ouvi a voz do Yoongi. — Entra na van. Rápido!

Corri rapidamente até a van azulada. Meus cabelos e roupas pingavam e encharcavam o banco do carro.

Ficamos calados por um tempo, eu e Yoongi. Ele não era muito de palavras. Era objetivo, afiado, super calculista.

— Por que continua trabalhando conosco? — Ele me encarou.
— Como?
— Digo... Vejo nos seus olhos o quanto te faz mal ficar no mesmo ambiente que Namjoon. Por que fica?

Encarei a rua. O vidro afogado em água não me dava muita imagem da rua a não ser poucas luzes avermelhadas e amarelas indo e vindo na avenida.

— Eu quero perdoa-lo, sabe? Eu queria... queria poder conviver num mesmo ambiente que ele e sorrir para ele, às vezes. Mas... não agora. Eu não estou ali para isso agora.
— Por que está, então?
— Não é por ele. É por... — Eu iria responder. Achei que tinha a resposta na ponta da lingua, mas não mais sabia. — Não é por ele.

Me aconcheguei no banco e era esse o ponto final daquela conversa. Talvez tenha feito Yoongi mais exausto que eu, por ter falado mais de três palavras. Mas parecia que... que talvez a faca que estava cravada em meu peito ia sendo mais e mais empurrada.

Eu queria gritar.

N/A: nem acredito que consegui postar. Talvez tenham alguns erros, não revisei pois senão não postaria nunca. Se houver algo estranho ou sem sentido, me avisam? Obrigada pela espera e pelo carinho.

CYBERLOVE // PJM Onde histórias criam vida. Descubra agora