Capítulo Dezessete

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No avião, ela controlou as lágrimas e tentou se entreter com o livro que trouxera para ler. Não tinha mais volta, por mais que seu coração pedisse para ela voltar, jogar-se nos braços dele e dizer-lhe que o amava. Porque era isso que acontecia, ela amava Santiago, e acontecera tão rápido, sem freio, sem portas fechadas. Um amor puro, o primeiro e verdadeiro amor dela. Que acreditara nele como uma menina acreditava em contos de fadas. Mas no dela, não havia princesa bonita nem príncipe amoroso. No final das contas, o que vencera fora a beleza da bruxa má, que vencera a protagonista feia.

Mas ela não se permitiria ficar sofrendo ao lado dele, ou deixasse que ele se aproximasse para corromper seu coração novamente. Foi por isso que ligou para sua amiga Stela em Los Angeles e disse que estava indo passar um tempo com ela, a amiga de faculdade adorou a ideia, e estaria a esperando no aeroporto quando chegasse. O propósito daquela viagem era muito claro para qualquer um; esquecer Santiago. E esperar algum tempo antes de voltar e pedir o divórcio. Infelizmente a jovem não deixou de ter certo sentimento de culpa, por não ter feito o que tanto o marido dizia, sobre arrumar-se mais, ficar sempre bonita. Será que aquela era a solução? Não, pensou, desanimada. As coisas iam muito mais além do que a aparência. Era o próprio Santiago que fora o culpado pela traição descarada. Não deveria inverter o jogo agora, e se menosprezar. Ela fora íntegra, e agira com honestidade com ele.

O livro se tornou chato então ela pegou o celular e viu o papel de parede dos dois, e pensou em apagar, mas seu coração disse que não. Ainda não.

Quando desceu no aeroporto de Los Angeles horas depois, Mariane arrastou a pequena mala pelo saguão, e procurou por Stela, que apareceu mais a frente acenando.

A amiga tinha mudado tanto! Conforme ela se aproximou, a jovem começou a sorrir.

— Mariane! — exclamou a loira de cabelo curto, muito bonita.

As duas se abraçaram, e quando se afastaram, a mulher deu uma boa olhada para a amiga.

— Você não mudou nada! — comentou Stela.

A jovem riu.

— Eu continuo muito feia, você quer dizer.

— Não brinca com isso, amiga! Você é linda sim. — brigou a loira, ofendida pelo comentário.

As duas foram conversando o caminho todo até o apartamento de Stela, que ficava em um bairro chique da cidade. Alguém tinha se dado bem na vida.

— Entre, não olhe para a bagunça, recebi alguns quadros hoje. — disse a mulher envergonhada.

— Você ainda pinta?

— Claro! Ganho a vida com isso. — respondeu Stela.

Mariane foi acomodada num quarto amplo e com uma bela vista da cidade, e achou que ficaria bem ali. Mais tarde, Stela a convidou para comer, e enquanto faziam isso, a amiga decidiu ser franca com ela.

— Sei que você me contou sobre seu casamento, mas você não pensa em perdoá-lo?

— Não há volta. — declarou Mariane, deixando a comida de lado. — Eu o peguei me traindo. Ele dormiu com aquela mulher.

—Tudo bem, amiga. Então o que eu posso oferecer, é algumas garrafas de vinho, minha casa e meu ombro se precisar chorar. Fique o tempo que quiser. — disse Stela, segurando a mão dela.

Emocionada pela atitude da amiga, Mariane quase chorou. Era bom saber que tinha alguém por ela ali, e que não ficaria sozinha.

E enquanto ficava com Stela, acharia algo para se distrair, talvez conseguisse um emprego qualquer, apenas para se distrair. Esqueceria Santiago, e quando voltasse, seria para romper tudo.

O CEO que amei COMPLETO ATÉ DIA 10/04Onde histórias criam vida. Descubra agora