Capítulo Oito

949 109 7
                                    

Quando voltaram para o resort, Santiago disse que iria até o cassino enquanto ela descansava, mas antes de sair, ele lhe deixou uma promessa no ar.
— Prepara-se cariño, vou querer foder você quando eu voltar. — ele disse piscando para ela.
Mariane engoliu em seco, e assim que ele saiu e fechou a porta do quarto, ela correu se arrumar, procurou na mala a melhor lingerie que tinha, vermelha rendada, e sua cinta modeladora que diminuía o tamanho da sua cintura. Vestiu tudo rapidamente, e a cinta colocou no último fecho, deixando-a super apertada. Mal podia respirar.
Se olhou no espelho do banheiro, estava tudo certo, ele a queria mesmo sem maquiagem. Era seu sonho se tornando realidade, ser ela mesma, e mesmo assim ser adorada.
Enquanto esperava, a jovem postou em seu Twitter a seguinte frase: Nada melhor do que uma noite de amor com o homem da sua vida. #PlenaEAmada. Tudo bem que era uma conta fake de animes, e ela tinha apenas 96 seguidores que não entenderiam nada, mas ela queria desabafar com alguém seu momento de glória.
Deitou na cama e deixou o celular de lado, esperando por ele, e acabou adormecendo, isso por algumas horas, e não acabou vendo quando ele entrou no quarto devagar, olhando-a com desconfiança.
Em nome de todos os santos protetores dos homens casados, que ele conseguisse fazer aquilo, ele queria tanto. Ele queria realmente fazer sexo com a esposa, mesmo ela sem maquiagem.
Ele se sentou  na cama ao lado dela. Por Deus, que  mulher feia! Havia tantas pintas no rosto dela, e as manchas vermelhas nas bochechas, além da sobrancelha mal feita. Santiago passou a mão no rosto da esposa, acariciando-a.
— Mariane, acorde. — ele disse baixinho, fazendo-a acordar finalmente.
— Santiago? — ela falou piscando confusa. Sentou na cama e pareceu prender a respiração. — Você demorou.
— Vejo que se arrumou para mim. — o marido indicou, aproximando o rosto do dela, ficando a centímetros dos lábios dela. Tentou beijá-la, forçou-se, mas não conseguia ir adiante. — Preciso de uma água.
Ele se afastou, indo ate o frigobar.
A jovem levantou, e começou de repente a sentir tonturas, os olhos escureceram, e o ar faltou-lhe.
— Santiago, me ajude. — ela disse, cambaleando até a cama.
Ele, que estava bebendo água, deixou a garrafa de lado e correu até ela, quando a jovem caiu sobre a cama, e começou a ficar roxa.
— Mariane! O que está acontecendo? Me diga, mulher! — ele gritou, abanando-a.
A esposa apontou para a cinta, e ele concluiu que ela estava comprimindo-a e a impedindo-a de respirar.
— Essa porra! Só você mesmo, Mariane. — ele virou-a de lado na cama, colocando-a de barriga para baixo, e ficou de joelhos, cada perna de um lado do corpo dela. Com muito sofrimento soltou os fechos, e arrancou a  maldita cinta. Em seguida tentou fazer massagem na barriga flácida da esposa. — Respire, vamos.
— Eu estou bem, Santiago, pode sair de cima de mim agora. — fala falou com o rosto sufocado na cama. Ele estava prendendo-a debaixo dele e piorando a situação.
— Ah sim, desculpe. — ele levantou.
Mariane se sentou, e quando notou o olhar de preocupação do marido, só conseguiu fazer uma coisa. Rir! Gargalhou alto, porque toda a situação tinha sido cômica demais.
— O que foi isso? Você riu igual um  porquinho. — acusou Santiago rindo também.
— Não, eu não. — ela falou séria.
— Sim, você riu.
Mariane cruzou os braços.
— E você, que quando ri parece que está tendo um derrame?
Ele a encarou.
— Tudo bem, vamos parar. Já vi que você sabe ofender. — falou exasperado.
E aí? As coisas tinham mesmo acabado daquele jeito ou seguiriam com o plano que era sexo louco e quente? Ela estava preparada.
— Santiago... — a jovem se levantou e foi até ele. Podia acreditar ter visto-o arrepiar-se. — Onde estávamos?
Ele entrou em pânico.
— Bem, eu... — levou a mão a barriga e fechou a cara. — Eu estou com dor de barriga. Preciso ir ao banheiro, querida, sim?
E correu para o banheiro, se trancando lá dentro. Para o bem da verdade, fingir uma dor de barriga para não beijar  e transar com a esposa feia não deveria ser considerado um pecado grave. Ele ao menos esperava que não fosse, pois sua cota de pecados estava no último nível, e ele não tinha mais como equivaler aquilo com boas atitudes.
Ele não soube ao certo quanto tempo ficou sentado sobre a privada, olhando para os azulejos de flores amarelas, e houve um momento que ele quase cedeu e pediu a Deus que lhe mandasse uma bela dor de barriga para que acabasse de verdade com todas as expectativas de uma noite romântica com a esposa. Santiago tinha certeza, como as estrelas no céu, que tinha visto um belo e de respeito bigode na mulher, o que só fazia-o ter mais calafrios, e pensar que não tinha solução para seu problema. Só se ela nascesse de novo.
Olhou no celular e era onze horas da noite, ela já devia estar dormindo, e assim sendo, ele saiu do banheiro, e viu-a esparramada na cama, adormecida. Nem comer ela não fora, esperando-o.
Aconteceu ali um momento raro, que fez com que o coração de Santiago se apertasse. Ele ficou com pena dela, porque ela definitivamente não tinha culpa de ser daquele jeito, e com certeza, se pudesse, seria bonita. Entendeu também, que ela queria apenas ser aceita como era. O problema acontecia exatamente nesse ponto. O homem não conseguia sequer tocá-la, e sentia-se a pior pessoa do mundo por isso, mas era isso... E não tinha o que fazer.
Sentou na beirada da cama e suspirou, pegando  o celular e vendo a última mensagem de Carla, que chegara há alguns minutos e que em anexo estava uma foto dela só de lingerie. Isso sim era um grande estímulo. Pena que ela estava longe. Mas a veria logo, e finalmente teria o que tanto queria. O sexo com Carla era fenomenal, incrível... Mas com Mariane também fora. Ele não podia reclamar. O que deveria fazer? Colocar um saco na cabeça dela?
Não trocou de roupa para se deitar no restinho de cama que sobrara para ele, deitaria com aquela roupa mesmo, estava exausto demais, — e chateado demais para ir trocar.
Demorou a dormir, mas quando o fez, teve sonhos com o mar de azul clarinho de Cancún, e ele e Mariane nadando juntos. Era um sonho bom, porque ela estava bonita, e sorria para ele com um olhar apaixonado, de quem estava feliz.
**
De manhã, eles eram uma confusão pernas e braços um sobre o outro, agarrados um no corpo do outro, a cabeça de Mariane no peito dele, que a abraçava carinhosamente. Ele acordou primeiro, e entrou em pânico. Como sairia dali? Se puxasse o braço para cima e... Não. Talvez, se  afastasse devagar... Puxa, era difícil.
Desistiu, sentindo o braço dormente. Pelo menos ela estava dormindo tranquilamente né?
Tentou relaxar, pensar em outras coisas, e nem notou quando de repente estava alisando os cabelos dela, emaranhando-os entre os dedos, os fios grossos e desarrumados. Sorriu. O cabelo dela não era de todo ruim, cheirava a flores e era macio. O problema era o volume, que parecia ter vida própria. Mas nisso ela podia dar um jeito, quando voltassem, ele se encarregaria de comprar os melhores produtos para ela, e Santiago mesmo se proporia a cuidar dos cabelos da esposa. Era uma coisa que ele gostava de fazer, até mesmo no seu. Ele perdia muito tempo hidratando e secando todos os dias. Naquela viagem, o cabelo estava a serviço do acaso, já que ele não fazia nada demais.
Notou quando ela começou acordar, e viu que ela se assustou de ver onde estava. Sentou-se na cama de repente, com as mãos no rosto.
— Bom dia.
— Bom dia, Santiago. Que horas são? — ela perguntou passando a mão nos cabelos, tinha a cara amassada e os olhos inchados.
— Nove. O café da manhã termina as dez. Precisamos nos apressar. — ele disse se levantando e indo para o banheiro, mas voltou rapidamente para pegar algumas roupas. — Vou tomar um banho rápido.
— Tudo bem.
Ele se trancou lá dentro, e ela ouviu algo vibrar. Era o celular dele em cima da cama. Não resistiu, e olhou. Era uma mensagem de Carla, uma mulher em frente ao espelho, vestindo um biquíni rosa, em baixo escrito bom dia.
Mariane excluiu a mensagem e fez-se de desentendida. Nada tinha acontecido. Ou tinha, porque em seu coração havia agora uma grande confusão, que consistia em sofrer ao saber que o marido tinha uma amante, e a visão de que ela já deveria esperar isso. Não era para ser uma novidade. Mas era para ser tão dolorido?
Quando ele voltou, usando um shorts jeans, camiseta e chinelos, ela pôde sentir toda a força de vontade de confrontá-lo que anteriormente tinha adentrado seu corpo seu anuir. Como brigar com aquele homem?
— Você me espera tomar banho também?
— Claro. Pode ir. — ele falou sentando-se na cadeira em frente a mesinha, ligando a TV.
E enquanto esperava por ela, Santiago considerava que as coisas não estavam indo muito bem em seu casamento, e ele sentia que estava perdendo o controle da situação. Em outra ocasião, não hesitaria em pedir o divórcio, e oferecer uma boa pensão a esposa. Mas a questão era que havia um acordo de negócios naquele casamento. O pai de Mariane só assinaria o acordo de integração dos negócios quando visse a filha casada com Santiago. E o CEO tinha feito sua parte, a parte de Marcus aconteceria quando voltassem de lua de  mel, ele finalmente colocaria sua assinatura naquele maldito papel e enfim as empresas se uniriam, dobrando o capital, e fazendo um dos maiores negócios do ramo automobilístico naquele país. Eram milhões e milhões de dólares em jogo, os quais o homem não podia perder. Se separasse de Mariane agora, estaria tudo acabado, e ele tinha sonhado com aquilo por muito tempo para simplesmente permitir que se acabasse assim tão facilmente.
— Estou pronta. — ela disse saindo do banheiro. Usando uma calça jeans com uma camiseta amarela muito bonita, e tênis branco. Tinha lhe caído muito bem. As compras tinham dado resultado.
Os dois desceram até o local que era servido o café da manhã, e serviram-se com ovos, bacon, bolo e pão, além de café preto. Comeram em silencio, eram os únicos retardatários ali, todos os outros turistas já tinham ido para seus compromissos. Quando acabaram de comer, Santiago levou Mariane até um píer que ficava um pouco mais afastado, apenas alguns minutos de caminhada pela praia. Lá, um  barco estava preparado a espera dos dois. Ele a ajudou a entrar e se sentar, e sentou-se do outro lado.
— Vamos passear um pouco. — declarou ele, sorrindo.
Ela concordou.
O passeio foi, com toda certeza, uma das melhores coisas que Mariane já fizera em toda sua vida. O barco foi até o meio do mar, onde a água era mais escura, e a vista da praia e do resort ao longe era linda. O piloto do barco perguntou se eles queriam mergulhar, mas ambos responderam que estavam sem roupas de banho. A jovem tirou o celular do bolso e começou a tirar fotos.
Santiago se levantou e foi até o lado dela. Tomou o celular da mão dela  e fez cara feia.
— Que celular mais antigo. Quando voltarmos vou te dar um novo. Venha, vamos tirar uma foto. — ele disse passando o braço em volta do pescoço dela e se aproximando. Os dois sorriram e ele tirou a foto.
O CEO voltou para seu lugar, agora  prestando atenção no próprio celular, e Mariane ficou olhando para a foto que tiraram. Ela saíra com os olhos arregalados, e feia. Mas isso não era nenhuma novidade, pensou, ignorando este fato. O importante é que tinham uma foto juntos agora, e ela guardaria para sempre como uma lembrança daquela lua de mel. Que apesar dos pesares, estavam sendo momentos os quais ela jamais esqueceria. Principalmente porque estava com Santiago. E apenas isso importava.
Sorriu.
O que durou pouco, quando o motor do barco começou a falhar, e ela percebeu que tinha algo errado.
O piloto disse algo em espanhol para Santiago, que xingou no mesmo idioma.
— O que foi?
— Acabou o combustível do barco. — anunciou ele, bufando.
Quanto a ela, achou que nada poderia piorar. Até olhar para o celular e ver que tinha seis chamadas de Sara em seu celular.
Alguma coisa tinha acontecido.

O CEO que amei COMPLETO ATÉ DIA 10/04Onde histórias criam vida. Descubra agora