Capítulo 3

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Só então entendi o porquê sua aparência não me era estranha, era a cópia do seu pai, só que mais novo e mais atraente.

Ele realmente achou que conseguiria alguma coisa com aquilo, sorria como se tivesse ganhado a discussão.

- Não, quem me contratou foi ele não você. - O sorriso dele murchou e foi a minha vez de sorrir.

- Eu vou descobrir. - Saiu me deixando sozinha.

- Hum, investindo em John Salt, um pedaço de mal caminho. - Ana apareceu do nada no meu lado.

- Está louca, não investiria em alguém tão irritante.

- Não discordo de você, mas que é bonito é. - Concordei mentalmente e voltamos ao trabalho.

***

Eu e Clarissa estávamos sentadas na cama de Ana enquanto ela trocava de roupa de cinco em cinco minutos.

- Sinceramente, eu não aguento mais. - Comentou Clarissa apenas para eu ouvir.

- E esse? - Era um vestido até o joelho prateado, exageradamente chamativo.

- Sim, eu teria usado ele no meu aniversário de dezesseis anos e feito uma entrada inesquecível. - Clarissa comentou e ela revirou os olhos.

- O que acha, Julie? - As duas me olharam.

- Um pouco exagerado, acho que deveria ficar com o primeiro, ele é discreto e bonito. - A loira concordou.

Ana revirou os olhos.

- Eu o odiei justamente por ser discreto demais.

- Então usa esse, ele tem que gostar de você do jeito que você é. - Comentei.

- Eu estou adorando ter você aqui, Clarissa teria me obrigado a usar aquele vestido preto sem graça.

- Evitando que você passe vergonha, mas faça o que achar melhor. - Estávamos ali já fazia uma hora mais ou menos e eu ainda não entendi como elas poderiam ser amigas.

Ana ignorou o comentário e de fato escolheu o vestido prateado.

- Poderíamos fazer um trio com os amigos de Tyler, eu e Tyler, Julie e John e Clarissa e Átila.

- Não! - Falamos ao mesmo tempo.

- Isso é tão coisa de ensino médio, Ana, e eu tenho namorado.

- Pelo amor de Deus, um 'gamer'.

- Ele continua sendo meu namorado e estou muito bem com ele. - Ana deu de ombros e me encarou.

- Nem vem, eu nem conheço ele e nem pretendo conhecer.

- Estava de papinho com ele no bar essa semana! - Abriu um sorriso divertido.

- Não estávamos de papinho.

- Vamos, Julie, se diverte. - Se sentou próximo a mim na cama e pegou em minhas mãos, neguei com a cabeça.

- Acabei de sair de um relacionamento, um relacionamento terrível, não pretendo entrar em outro tão cedo. - Ela assentiu e parou de insistir.

***

John havia sumido por dois dias e acreditei que era um bom sinal, mas naquele sábado ele entrou no estabelecimento e por alguns segundos acreditei que teria que lidar com ele outra vez, mas ele nem se quer me olhou, parecia estar com raiva pela forma que andava, se sentou em uma das mesas isoladas e chamou Clarissa, segui fazendo o meu trabalho, as horas foram passando e o bar foi esvaziando, mas ele continuou ali.

- Ele nunca bebeu tanto e eu não sei como falar com o filho do dono do bar que precisamos fechar. - Clarissa comentou depois que terminamos de limpar as mesas.

- Eu vou lá. - Talvez não tenha sido uma ideia bem pensada, mas mesmo assim eu fui.

Assim que me aproximei da mesa ele me olhou e sorriu.

- Resolveu me dizer o seu nome? - O cheiro de álcool se fazia presente e sua voz estava parecida com a de Paul quando estava bêbado, uma onda de nervosismo percorreu pelo meu corpo.

- Não, eu vim avisar que estamos fechando, você precisa sair. - Ele jogou a cabeça para trás e gargalhou.

- O meu pai ditou essa regra? - Não soube o que responder então me mantive calada. - Traga-me outra bebida, por favor. - Encarei Clarissa que estava do outro lado do balcão para ver se ela reagia, mas a única coisa que ela fez foi se encolher.

- Olha, nós precisamos fechar.

- Mas eu ainda quero beber.

- Procure outro lugar então. - Já estava me estressando com ele, mas ele parecia estar se divertindo.

- Tudo bem, eu vou, se você me disser o seu nome.

- Você é tão ridículo, passe a noite aí se quiser, não quer sair? Não saia! Vamos fechar. - Caminhei até a loira que me encarava assustada.

- Vamos deixar ele aí?

- Vamos, ele não quer ficar? Então que fique! - Saí na frente e esperei até que ela saísse também.

- É sério isso? - Ele gritou do fundo do bar, bati a porta e a tranquei.

- Julie, seremos demitidas. - A garota estava aterrorizada.

- Não seremos não, ele escolheu ficar, vem.

E fomos embora!


Um Amor Em Meio Ao CaosOnde histórias criam vida. Descubra agora