Capítulo 6

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John

— Ela nem quis saber como eu descobrir o nome dela. — Estava jogado no sofá do meu apartamento e Tyler fumava próximo a janela.
— Pensei que seria pior.
— Pior como?
— Sei lá.
— Queria saber qual o problema dela.
— Esquece ela, você tem a Hanna aos seus pés, para que perder tempo tentando conquistar essa garçonete.
— Olha quem fala, você está saindo com uma garçonete sabia? — Ele deu os ombros.
— Ana é diferente e eu não tenho uma modelo de revista apaixonada por mim.
— Eu não amo a Hanna e eu não vejo um futuro com ela.
— Ela sabe disso?
— Sabe, se ela não aceita eu não posso fazer nada.
Tyler apagou o cigarro e caminhou até a bancada e se serviu com whisky.
— Pensei que estavam tentando. — Se sentou na poltrona na minha frente.
— Se fosse para dar certo já teria dado, não acha?
— Então porque ainda fica com ela?
Eu nem tinha resposta para sua pergunta, talvez porque sempre que chegávamos nesse assunto ela começava a chorar e eu não sabia como reagir.
— Eu não sei.
— Deveria chamar a garçonete para sair.
— Que gênio. — Fui irônico. — Se ela não quer nem falar comigo vai querer sair?
— Você nem tentou, você já foi melhor, Salt.

                                    ***

No dia seguinte busquei a Melanie na escola para leva-la ao hospital e depois passaria a noite comigo.
As minhas tias Mary e Morgana eram quem passava a maior parte do tempo no hospital, elas revezavam, nesse dia quem estava era a tia Morgana.
— Vou tomar um café enquanto vocês estão aqui. — Avisou.
— Está bem.
Entramos no quarto e lá estava ela, sentada na poltrona, a maquiagem havia deixado ela com uma aparência saudável e ela usava uma peruca, eu havia visto poucas vezes sem a maquiagem e sem a peruca, ela sempre se arrumava quando íamos.
Melanie ficou abraçada com ela por um longo tempo, ela se esforçou para não chorar, mas não aguentou e em pouco tempo as duas estavam chorando, senti meu peito apertar e a minha vista embaçar, limpei os olhos e saí do quarto.
Eu tentei ser forte, queria ser forte, mas estava sendo mais difícil do que imaginei.

— Faça a festa. — A minha mãe pedia a minha irmã.
— Não posso, você não vai estar nela, eu não quero. — Em poucas semanas ela faria treze anos, passaram meses, as duas planejando a festa, mas então tudo aconteceu.
— Sinto muito, filha.
— Tudo bem.
— Não quer ir comprar alguma coisa nas maquinas? — Perguntei e ela praticamente saltou do lado da minha mãe.
E então ficamos a sós.
— Eu queria ter algo para dizer, mas eu não tenho, mãe. — Ela sorriu fraco e uma lágrima escorreu em sua bochecha.
— Desculpa. — Eu à abracei.
— Não é culpa sua, nada disso é. — Me apertou contra o seu corpo, eu quis tanto ficar ali com ela, não solta-la, não deixa-la ir.
— Eu queria ter feito mais, muito mais por vocês. — Ela me afastou e segurou o meu rosto com suas mãos, segurei as lágrimas que ameaçavam cair e sorri.
— Você foi a melhor mãe que alguém poderia querer, tudo o que fez foi mais do que o suficiente. — Ela beijou minha testa, como sempre fazia.
E então Melanie entrou no quarto saltitando com os pacotes de doce na mão.

                                     ***

Minha irmã escolheu alguns filmes para assistir, parecia estar distraída, a campainha tocou, estava esperando um entregador com a pizza, seguir até a sala para atender.
— O que você está fazendo aqui? — Perguntei confuso.
— Vim passar a noite com você. — Hanna abriu um roupão preto deixando amostra sua lingerie.
— Você está louca? — A enrolei outra vez em seu roupão. — A Melanie está aí!
— Ah, me desculpa, eu não sabia. — Amarrou a fita de cetim em sua cintura. — Senti saudade.  — Agarrou o meu rosto e depositou um beijo em meus lábios.
— Agora eu estou com a minha irmã, amanhã eu passo no seu apartamento. 
— Tudo bem então né. — Sua voz saiu um pouco melancólica.
— A pizza chegou? — A Melanie apareceu na sala.
— Olá, coisa linda! — Hanna avançou em sua direção abraçando-a, o que eu não gostei nem um pouco.
— Oi, Hanna. — Minha irmã abriu um grande sorriso em sua direção.
Havia levado Hanna umas duas vezes na casa dos meus pais, quando ainda acreditava que teríamos algo, a minha mãe não gostou dela, mas Melanie se deu muito bem com ela, já que Hanna a encheu de doces.
— Você vai ficar com a gente? — Hanna buscou minha aprovação, ela não a teve, mas ignorou isso.
— Se você quiser, eu fico.  — Melanie abriu um sorriso.
E lamentavelmente ela ficou.

A minha irmã dormiu no meio do segundo filme.
— Vamos na sala. — Sussurrei no ouvido de Hanna, que abriu um sorriso.
Ela alargou o sorriso ao chegarmos na sala e se aproximou de mim.
— Que saudade de você. — Envolveu seus braços em meu pescoço, mas eu retirei seus braços e a afastei de mim.
— Hanna, eu não queria que você ficasse, você sabia disso.
— Ah, meu amor, eu achei que seria divertido.
— Não foi. — Ela cruzou os braços frente ao corpo.
— Você tem quase uma semana que não vai me ver, o que está acontecendo?
— Eu tenho uma vida e a minha mãe está perdendo a dela.
— E a gente, como fica? — Gargalhei involuntariamente com a sua insensibilidade.
Um dos maiores defeitos dela era esse, achar que é o centro do mundo.
— Novamente teremos essa conversa?
— Você nem está tentando.
— Tentei por um ano, estamos um ano nessa, não vamos dar certo.
— Eu te amo, John! — Esfreguei as mãos pelo meu rosto e voltei a encara-la.
— Desculpa, não posso continuar alimentando isso. — Ela arregalou os olhos e negou com a cabeça enquanto caminhava em minha direção.
— Não, por favor, vamos continuar como estamos então. — Agarrou as minhas mãos.
— Hanna, você está se machucando. — Seus olhos azuis claros, estavam perto de transbordar.
— Eu não quero ficar longe de você. — Me abraçou e começou a chorar.
— Hanna, por favor! — A afastei de mim mais uma vez.
— Vamos tentar só mais uma vez, vamos voltar na parte em que nos conhecemos. — Me encarava com os olhos vermelhos.
— Eu só quero que uma coisa fique clara, não sou seu, assim como você não é minha.
— Mas eu sou sua e em breve será meu, essa é a última vez.
— Sem cobranças. — Ela sorriu e assentiu.
— Tudo bem.
E lá estava eu, mais uma vez, insistindo em algo que eu não queria, por simplesmente não saber lidar com uma mulher chorando.

Um Amor Em Meio Ao CaosOnde histórias criam vida. Descubra agora