Capítulo 5

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Julie

Caminhava de um lado para outro dentro do apartamento vazio, enquanto roía as minhas unhas e o que me causaria a minha ideia insana de manter ele preso no bar e o porquê de ter feito aquilo, cogitei inúmeras vezes voltar lá, mas não tive coragem.

As cinco da manhã a porta da frente se abriu e o vestido de Ana apareceu primeiro do que ela na porta.

— Meu Deus, sua cara está péssima, o que aconteceu? — Ela já tirava os saltos escorada no balcão.

— Acho que vou ser demitida. — Ela arregalou os olhos.

— Como assim?

— Eu deixei um cara preso dentro do bar.

— Eu saio por apenas uma noite e o trabalho já fica interessante.

— Foi o John. — Dessa vez ela colocou as mãos na boca e correu se jogando ao meu lado no sofá.

— Porque você fez isso? — Contei o episódio estressante a ela que, riu. — Perdi isso, minha nossa.

— Quais a chances de eu perder o emprego? — Ela parou fingindo pensar.

— Olha, eu acho que deveria enviar uns currículos, só por precaução.

— Ai meu Deus!

— Relaxa, vai hoje, como se nada tivesse acontecido e vê no que dá.

Passei o dia remoendo a ideia de que seria demitida com menos de um mês de trabalho porque me estressei e não quis falar o meu nome, isso era ridículo, minha mãe sempre falava que eu era muito impulsiva e que eu precisava melhorar nisso, naquele momento eu tive a certeza de que precisava melhorar e rápido.

***

Servia as mesas observando inquietamente a porta, quando o vi entrar, meu coração disparou, ele sorriu para mim e se sentou em um dos bancos do balcão, caminhei até ele.

— Eu sei para que você veio. — Me adiantei.

— Sabe? — Ele usou um tom um tanto debochado.

— Sei, não havia pensado nas consequências, mas estou pronta para arcar com ela. — De determinada não tinha nada, mas eu me esforcei.

— Que consequência? — Franziu o cenho.

— Você não veio me demitir? — Gargalhou e negou com a cabeça, sentir meu rosto arder em vergonha.

— Esse bar é do meu pai não meu.

— Mas eu te prendi nele.

— Eu te provoquei, talvez tenha merecido, relaxa, não vai ser demitida, Julie. — Ele deu ênfase no meu nome e abriu um sorriso animado, revirei os olhos.

— Que ótimo, vou voltar ao trabalho. — Senti o meu peito ficar leve.

— Não quer saber como descobri? — Estava louca de curiosidade, mas neguei com a cabeça e dei as costas para ele. — Ah, qual é? — Puxou o meu braço.

— Me solta. — Ordenei e ele obedeceu.

— Foi mal, não quer mesmo saber, nem se importa com isso? — Sim, me importava.

— Porque me importaria? — Ele deu de ombros.

Ficamos calados nos encarando por uma pequena fração de segundos, então voltei ao trabalho e pouco tempo depois, varri o ambiente com os olhos e o mesmo já não estava mais lá.

— Ele foi tão incrível comigo, eu estou desesperadamente apaixonada. — Ana contava enquanto terminávamos de arrumar as mesas e cadeiras. — Ele adorou o vestido e elogiou o meu gosto.

— Jamais pensaria isso do Tyler. — Clarissa comentou, até então eu nem sabia quem era Tyler, havia visto apenas por fotos.

— Clarissa, eu jamais pensaria que você namoraria o Adam, mas você teve essa coragem. — Ana rebateu.

— Dá para parar de falar do Adam, o assunto é o Tyler. — Ana deu de ombros.

— Tudo bem, mas nada a ver você namorar com alguém menor que você.

— Cala a boca, Ana.

— Gente, vamos nos acalmar. — Pedi ganhando a atenção das duas. — Vamos esquecer esse assunto.

— Ah, Julie, me conta o que o John falou. — Ana pediu.

— Nada demais, ele assumiu que a culpa foi dele e não perdi o emprego.

— Jamais teria a coragem de fazer o que fez, teria passado a noite servindo-o. — A loira comentou.

— Grande novidade, Clarissa. — Elas não passavam mais do que cinco minutos sem se alfinetarem, acreditei que ficaria louca junto a elas.

Clarissa a ignorou.

— Não sei de onde tirei coragem, perdi uma noite pensando no que eu poderia ter causado, não indico. — As duas riram.

***

Pela manhã o meu celular não parava de vibrar, o nome dele não parava de piscar na tela, me perguntava o porquê de eu não ter bloqueado o seu número ou, excluído as fotos ou, trocado o papel de parede do celular, o porquê de eu ainda estar tão presa a ele, amando-o e desejando sentir o seu cheiro, ouvir sua risada e encarar seus olhos verdes e vibrantes.

Uma lágrima isolada escorreu pelo meu rosto, me encolhi na cama e em poucos instantes me derramei de forma desesperada em lágrimas e soluços, Ana abriu a porta do quarto e correu até mim, me envolvendo em um abraço acolhedor e reconfortante, não falou nada, apenas ficou ali comigo, calada, enquanto eu me mantinha presa nas antigas memorias, de quando tudo ainda era um mar de rosas e eu acreditava estar em algum conto de fadas da Disney.

Um Amor Em Meio Ao CaosOnde histórias criam vida. Descubra agora