John
O silêncio no carro permitiu que eu repetisse inúmeras vezes aquele momento.
Meus dedos ainda sabiam como era a sua pele e implorava para que eu a tocasse outra vez, sua respiração quente se encontrando com a minha, fazia o meu coração disparar, queria sentir o sabor de seus lábios, sua textura, ansiava aquilo.
A tanto tempo não me sentia assim.
Precisei deixar meus pensamentos de lado ao chegar na casa do meu pai.
Peguei a minha irmã, que ainda dormia, nos braços e a levei para dentro, fui o mais cuidadoso que consegui e ao encosta-la na cama, seus olhos verdes apareceram me encarando.
— Eu gostei da Julie. — Sorri. — Quando vamos ver ela de novo? — Ela ainda estava bem sonolenta.
— Não sei, depois resolvemos isso. — Ela assentiu. — Amanhã venho te buscar, vamos almoçar com a Hanna. — Sorriu fraco e seus olhos voltaram a se fechar.
Avisei a Dália que iria busca-la no outro dia e depois fui para o meu apartamento.
***
— John. — Hanna sorriu ao me ver e me envolveu em um abraço apertado.
— Oi Hanna. — Mel a cumprimentou chamando sua atenção.
— A cada dia mais linda. — Ela abraçou a minha irmã. — Entrem fiquem à vontade. — Nos deu passagem.
A Sra. Lawrence estava cozinhando, demorou um pouco para aparecer e nos cumprimentar de maneira exagerada, como sempre.
Melanie não pareceu gostar muito da forma que ela apertou suas bochechas, mas forçou um sorriso.
— Pensei que não iriam vir. — Ela comentou. — Hanna vive falando que você praticamente à abandonou.
— Eu tenho uma empresa para administrar e diversas outras coisas também, que precisam do meu tempo.
— E a minha filha não se inclui nisso? — Hanna percebeu o quanto eu estava desconfortável, mas não a parou.
Fiquei em silêncio, a Melanie estava mexendo em meu celular e não parecia estar ligada na conversa e agradeci mentalmente por aquilo.
— Minha bebê precisa de cuidados especiais. — Ela sorriu para Hanna e depois para mim.
Foi impossível retribuir, já havia me chateado com aquela conversa desnecessária, havia me esquecido de que Hanna era a cópia viva de sua mãe, porém mais fácil de aturar.
— Vou pôr a mesa e vamos almoçar! — Saiu com sua postura, exageradamente ereta.
— Até a minha mãe percebe o quanto você está longe. — Ela teve a audácia de ainda sorrir, como se tudo estivesse muito bem.
— Não, ela não percebe, é você que conta a sua versão da história para ela. — Falei sério, seu sorriso murchou. — Você sabe, mais do que ninguém, de tudo o que tenho passado, poderia ser um pouco mais compreensível.
— Você me esqueceu. — E começou o melodrama.
— Não começa, por favor. — Olhei para a Mel de forma discreta e ela pareceu entender, se levantou e saiu da sala.
Durante o almoço fomos obrigados a escutar tudo sobre Paris e como as boutiques estavam crescendo lá, foi extremamente cansativo.
— A Torre Eiffel é tão linda. — Minha irmã comentou, arrancando um sorriso das duas.
— Sim, eu já subi, é espetacular, quem sabe o seu irmão não te leva lá. — Mel riu deixando elas um pouco confusas e a mim também.
— Ele tem medo de altura. — Revirei os olhos, enquanto as outras riam. — Ontem, ele foi com a Julie na roda gigante e foi um milagre divino. — Comentou e apesar da mãe de Hanna rir, Hanna não riu, apenas me olhou confusa.
Eu queria muito ter evitado aquilo, mas nem pensei que algo assim pudesse acontecer.
— Julie? — Hanna de maneira sínica, perguntou a minha irmã. — Quem é essa? — A mãe dela ficou séria e me olhou de forma feia.
— A amiga do John. — A minha irmã contou de forma inocente. — Ela é tão linda e legal. — Hanna sorriu fraco.
Eu resolvi não falar nada e elas também, ficou um clima tenso e pesado, até que a mãe dela resolveu tirar a Melanie da mesa e levar para o quarto.
— Vou te mostrar as fotos em Paris, vem. — Ela me olhou esperando a autorização e eu apenas fiz um gesto com a cabeça para que ela fosse.
— Quem é ela? — Respirei fundo, tentando me manter calmo.
— Sem cobranças, Hanna. — Lembrei a ela que riu nervosa.
— Você nem me respeita mais. — Reclamou.
— Claro que eu respeito.
— Não, não respeita, no bar foi falar com aquela garçonete de quinta. — Sabia que hora ou outra aquilo viria à tona. — Aí, ontem não veio me ver porque tinha compromisso a tarde, compromisso esse, com outra mulher. — Esfreguei o rosto com as mãos.
— Estou cansado disso. — Sussurrei.
— Seu emprego, tem o seu tempo, seus amigos, a sua irmã, a sua mãe também e até essa Julie. — Ri com o seu discurso ridículo.
— Você não pensa antes de falar? — Ela não respondeu. — Só fala, né? O que acha que faz sentido, quando na verdade não faz. — Suspirei um tanto irritado. — Meu emprego precisa do meu tempo, a minha irmã muito mais e eu não vou nem falar da minha mãe, até porque sou eu quem preciso do tempo dela, mas em breve eu nem vou ter mais, mas você é incapaz de se colocar no meu lugar e entender isso.
— Você adora se vitimizar. — Nem poderia acreditar que havia escutado aquilo.
— Não vou mais discutir com você. — Avisei.
— Me fala quem é Julie! — Sua voz estava alterada.
— Não interessa quem ela é. — Me levantei e ela também, contornou a mesa vindo em minha direção.
— Eu vou descobrir sozinha se você não me contar! — Berrou.
— Então descubra, eu já vou.
A Sra. Lawrence, nem se quer olhou para mim direito, Melanie foi o caminho todo contando as fotos que ela havia mostrado, dos diversos lugares que visitou, eu estava irritado, mas não a culpei de nada e muito menos chamei sua atenção, hora ou outra Hanna iria descobrir mesmo, ela só adiantou o processo.
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Um Amor Em Meio Ao Caos
RomanceÉ capaz encontrar paz em meio ao caos? Julie encontrou calmaria em John e vice versa e juntos se sentiram mais fortes diante das adversidades. Julie Gonzales viveu durante 6 anos em um relacionamento abusivo, com Paul Hopper. Após uma briga mais sér...