John
A minha semana começou com uma ligação da minha tia e poucos minutos depois, lá estava eu, ao lado da cama da minha mãe.
Ela havia ficado mais fraca, passava a maior parte do tempo deitada e quase não falava, o osso zigomático ficava cada vez mais visível em seu rosto, sua boca já não era mais rosada e seus olhos carregavam um tom escuro e pesado.
— Não quero que traga mais a Mel aqui. — Avisou.
— O que eu vou falar a ela?
— Para ela se lembrar de mim em casa, sorrindo, brincando, cozinhando, cuidando do jardim. — Ela sorriu. — Não quero que ela se lembre de mim assim. — Ela fez um movimento com os olhos, se referindo a estar deitada em uma cama e fraca. — Vou ligar para falar com ela, vai ser melhor assim. — Assenti.
Ela passou a se contorcer de dor.
— Mãe! — Peguei sua mão.
— Tudo bem, é normal. — Falou ainda se contorcendo.
Fiquei ali com ela por um tempo, com o coração apertado, segurando as lagrimas que ameaçavam cair.
O resto da semana eu me prendi no trabalho, quase não saía do escritório e quando saia era para ver a minha mãe, falava com a Melanie por ligação e ainda não havia criado coragem para dizer a ela que não veria mais a mãe.
A minha mãe contou que sentia falta do meu pai, mesmo ele sendo o que era, que tinha semanas que ele não aparecia lá e nem se quer ligava para ela. Pedia que eu contasse coisas boas, nos primeiros dias eu apenas falei do trabalho e de como as coisas estavam saindo muito bem, mas depois já não tinha muito o que contar, então lembrei de Julie, no meio de tudo o que estava acontecendo ela fazia parte das coisas boas que estavam acontecendo, eu a descrevi como inexplicável, era o que ela era para mim, não conseguia entende-la, mas queria entende-la e talvez minha insistência fosse pura curiosidade.
Passei a beber em casa, assim que chegava do trabalho, as vezes nem banho eu tomava, e dormi no sofá inúmeras vezes.
Hanna me ligou e enviou mensagens, mas eu nem se quer abri e me poupei de atende-la.
No sábado, criei coragem e logo depois da consulta de minha irmã resolvi conta-la.
— Eu tenho algo para te falar. — Ela colocou o cinto de segurança e me encarou. — Você não vai mais poder ir ao hospital. — Ela arregalou os olhos.
— Mas por que?
— Ela quer que você lembre dela bem.
— Não vou ver a minha mãe nunca mais? — Sua voz saiu fraca e chorosa.
Mordi o lábio.
— Agora você vai falar com ela por ligação.
— Não, John! — Ela já estava chorando.
— Por favor, Mel, eu preciso que você seja um pouquinho compreensiva. — Ela sacudiu a cabeça, me estiquei até ela, tirando seu cinto e à abracei.
Ficamos ali por um tempo abraçados, até ela se acalmar.
Precisei ficar com ela em casa, até o meu pai chegar, já que era a folga da Dália, aproveitei e liguei para a minha tia para que a Mel falasse com a minha mãe, ela pareceu entender mais a situação.
Meu pai chegou e ignorou a minha presença na sala, apenas beijou a testa da minha irmã de maneira rápida.
— Olá pai. — Me olhou com desdém.
— Obrigado por ficar com ela. — Assenti.
— Quero falar com o senhor. — Ele ergueu a sobrancelhas.
— Suba, Melanie. — Antes de obedecer, ela correu até mim e se despediu com um abraço.
— Fale. — Ordenou.
— Porque não vai mais vê-la? — Ele sabia exatamente sobre o que eu estava falando. — Ela viveu para você e você nem merecia.
— Ela fez as escolhas dela, não a obriguei. — Fiquei em silêncio. —Ela não era um pássaro para que eu prendesse na gaiola, ela poderia ter ido embora, ela ficou porque ela quis.
— Você ameaçou tomar minha guarda se ela fosse. — Ele riu, me deixando irritado.
— Do que vai adiantar essa conversa agora? — Perguntou. — Não podemos fazer mais nada para reverter a situação, fiz de tudo. — Era verdade, ele realmente havia se empenhado em pagar os melhores médicos, acompanhei isso de perto, mas talvez se ele não fosse quem ele foi, não precisaria pagar nada, porque ela não estaria onde estava.
— Uma visita, não custa nada.
— Tempo, e você agora está tomando o meu. — Falou mais rígido.
— Não sei como consegue deitar a noite e dormir. — Permaneceu calado. — Por mim, você nem passava perto daquele hospital, só estou falando isso porque ela sente sua falta! — Falei por fim. — Já vou indo. — Saí.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Um Amor Em Meio Ao Caos
RomanceÉ capaz encontrar paz em meio ao caos? Julie encontrou calmaria em John e vice versa e juntos se sentiram mais fortes diante das adversidades. Julie Gonzales viveu durante 6 anos em um relacionamento abusivo, com Paul Hopper. Após uma briga mais sér...