Capítulo 9

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John

Parei em frente a um prédio sujo e malcuidado, saí do carro para espera-la, por um segundo acreditei que ela havia me feito de palhaço, mas essa ideia foi deixada de lado no momento em que a vi saindo dele com um vestido verde água que se destacava em sua pele, estava bem simples, mas muito bonita.

— Pronta para se encantar por mim? — Brinquei soltando uma piscadela e ela segurou o riso.

— Já começou muito mal. — Revirei os olhos e abri a porta do carona para que ela entrasse.

— Não sabia onde te levar, então espero que goste de massa. — Comentei ao entrar no carro. — Escolhi um restaurante Italiano.

— Boa escolha. — Foi o seu único comentário.

Durante o trajeto tentei inúmeras vezes conversar com ela, mas foi mais difícil do que pensei, ela não parecia estar ali, sentia que apenas o físico dela se fazia presente e que eu falava sozinho, observei os movimentos que fazia com suas mãos, as alisavam o tempo todo e no restaurante foi a mesma coisa, a comida chegou e ela apenas brincava com ela no prato.

— Poderia ao menos se esforçar? — Ela sacudiu a cabeça e me olhou confusa.

— Que?

— Concordou em sair comigo, mas nem aqui você está. — Fui sincero.

— Não estou no meu melhor dia.

— Pode mudar isso. — Ela parou com uma expressão pensativa em seu rosto e ficou em silêncio por um tempo.

— É, posso. — Sorriu fraco.

— Maravilha. — Me animei. — E então de onde veio? — Ela ergueu as sobrancelhas.

— Como sabe que não sou daqui? — Dei de ombros.

— Consigo a informação que eu quiser. — Me olhou com os olhos semicerrados.

— Deveria saber de onde eu vim então. — Mordi os lábios e ri.

Ela abriu um sorriso encantador e revirou os olhos.

— Eu morava em Fresno. — Ela ficou tensa, suspirou fundo e forçou um sorriso.

— O que te trouxe aqui?

Ela pensou um pouco.

— Queria viver algo novo. — Falou segura.

— Em Filmord? — Perguntei desconfiado. — Aqui não é de tudo ruim, mas é tudo muito monótono e sem graça, pretendo sair daqui. — Comentei.

— Porque não saiu ainda? — Meus pensamentos me levaram até as únicas pessoas que me prendiam naquela pequena cidade, na minha mãe e na minha irmã.

— Porque ainda tenho um porque para ficar. — Ela assentiu.

— Como descobriu o meu nome? — Ri.

— Disse que não queria saber. — Apertou os lábios.

— E daí? Fala logo! — Segurou a risada e se manteve autoritária como sempre.

— Porque eu faria isso? — Perguntei provocando a mesma que se jogou no encosto da cadeira e cruzou os braços sobre o corpo.

— Estava tudo bom demais para ser verdade. — Gargalhei.

— Você é sempre assim, pavio curto?

— Está mudando de assunto. — Dei de ombros.

— Ana comentou com um amigo meu. — Ela riu.

— Você é amigo do Tyler, como não me liguei? — Ainda ria.

— Boa pergunta. — Falei enquanto admirava a beleza dela.

Ficamos nos encarando em silêncio por alguns segundos.

— Deveria sorrir mais, seu sorriso é lindo! — Ela ia falar algo, mas o meu celular tocou, era a Dália.

— Desculpa, Julie, mas eu preciso atender! — Ela assentiu e sussurrou um "Tudo bem! " .

— Oi, Dália!

— Melanie está sem comer, desde ontem, não sei o que fazer mais, ela está pálida.

— Passe o telefone para ela. — Pedi.

Ouvi Dália insistir, mas não ouvia a voz de minha irmã.

— Ela não quer falar, estou preocupada, o seu pai orientou que eu a forçasse a comer e se ele chegasse e ela não tivesse comido ele mesmo iria forçar ela a isso. — Estremeci, não deixaria que ele tocasse nela.

— Estou indo para aí. — Desliguei o celular. — Julie, me desculpa, preciso resolver algo com urgência, venha comigo. — Me olhou confusa, mas mesmo assim me seguiu.

Paguei a conta o mais rápido que pude e segui para o carro.

Partimos em silêncio, ela não perguntou nada, mas pela forma que me observava, enquanto eu dirigia, deixava claro a sua curiosidade.

— É a minha irmã, ela está passando por um momento muito difícil. — Comentei depois de um tempo, olhei para ela que apenas assentiu.

Entramos na sala e Dália estava sentada do lado da minha irmã que, estava encolhida no sofá e nem se importou com a minha presença.

— Melanie. — Sentei ao seu lado e fiz menção que ia tocar em seus cabelos, mas ela se afastou. — O que aconteceu?

— Eu quero ver a minha mãe.

— Amanhã nos vamos vê-la, você precisa comer. — Ela negou com a cabeça. — Por favor.

Estava tentando ser compreensivo, a psicóloga me orientou que, diante toda a situação que ela estava tendo que vivenciar a deixava daquela forma, mas era estranho, minha irmã sempre foi compreensiva, não fazia birras e vê-la daquela maneira fazia com que eu me sentisse impotente.

— Você vai ficar aqui comigo? — Olhei para a Julie de forma rápida, parecia confusa diante a situação, mas quem não estaria.

— Eu preciso deixar a Julie em casa, mas volto para cá. — Os olhos verdes dela correram até a sala e alcançou a mulher que, ainda estava em pé no meio da sala.

— Deixa ela ir sozinha. — Falou ela um pouco alterada.

— Melanie! — A repreendi e encarei Julie que apenas observava o episódio. — Me desculpa, Julie!

— Tudo bem. — Sorriu fraco.

— Vou leva-la em casa e depois eu volto. — Ela me olhou feio, mas tratei de ignorar e depositei um beijo em sua testa. — Por favor, coma, não vai querer que ele te force a isso. — Ela assentiu e Dália se aproximou dela. 

Um Amor Em Meio Ao CaosOnde histórias criam vida. Descubra agora