Capítulo 27

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John

Naquela manhã, quando senti que o efeito da bebida passou um pouco, fui até o hospital.

A minha mãe sempre foi como uma vidente, acho que quase todas as mães são assim, ela detectou facilmente que as coisas não estavam nada bem, mas também, quem não detectaria, estava com a mesma roupa amarrotada do dia anterior e a cara de quem não havia dormido era nítida.

- O que aconteceu? - Perguntou assim que sentei ao seu lado.

Suspirei e contei tudo a ela, talvez não tivesse certo em ter contado a história de Julie para ela, mas mesmo assim eu falei.

- Eu não queria te trazer meus problemas, até porque eles são pequenos perto dos que tem passado e dos quais já passou, mas eu não sei mais o que fazer. - O olhar da minha mãe carregava tanto amor que era quase palpável.

- Não tem problema, enquanto estiver aqui, quero te ajudar no que for possível. - Apertou a minha mão. - Primeiramente, eu te avisei sobre Hanna. - Sabia que ouviria isso, sorri fraco.

- Não sei como pude acreditar que daríamos certo, desde o início ela é assim e eu não achava sufocante.

- Claro que não, você estava apaixonado por ela. - Ela falou como se fosse obvio.

- Deveria ter dado ouvidos ao que me falava. - Soltei uma risada nasal.

- Todo mundo erra. - Assenti. - Converse com Julie, ela parece ser uma mulher incrível, não apresse ela, você não sabe o que ela está passando.

- Porque ela não o bloqueia de vez da vida dela? Não seria mais fácil? - Minha voz saiu como um sussurro.

- Olha o grande passo que ela deu, John, foi um passo que eu não tive coragem de dar. - Seus olhos marejaram. - As coisas acontecem aos poucos, há outras formas de ajuda-la.

- Como?

- Apoie ela e tenha paciência. - Sorriu e eu retribui. - Tente falar com ela, explique a situação a ela, mas antes disso vá descansar e não beba mais. - Avisou.

- Está muito nítido que bebi?

- O cheiro está insuportável, sorte sua ser meu filho. - Ri e ela também. - Eu te amo.

- Eu também te amo, mãe, obrigada.

***

Dormi a tarde toda, depois da conversa com a minha mãe me senti mais tranquilo, foi como se os meus pensamentos tivessem se organizado.

Quando acordei havia mensagens e ligações perdidas do Tyler, então retornei.

- O que aconteceu com você? - Perguntou.

- Estava dormindo. - Minha voz ainda estava rouca.

- O que você fez com a Julie? - Pisquei os olhos tentando entender a pergunta.

- Nada, porque?

- Ana comentou sobre você ter sido um grande babaca, mas ela não disse o motivo.

- Foi tudo um mal-entendido. - Expliquei. - Pretendo resolver isso ainda hoje.

- Porque será que eu sinto cheiro de Hanna nessa história? - Ri.

- Porque realmente grande parte do problema foi ela.

- Odiaria estar em sua pele, boa sorte.

- Grande apoio, mas obrigado. - Ele riu e desligou.

Cogitei ir até o bar, mas ela usaria o trabalho como desculpa para não falar comigo, então resolvi esperar até mais tarde.

Passei a noite um pouco inquieto, senti vontade de beber, mas queria conversar com ela sã, queria que ela me levasse a sério.

No fim da noite parei em frente ao prédio e enviei mensagem.

"Podemos conversar? Se sim, saiba que estou aqui embaixo. "

Ela demorou um pouco para responder, cheguei a acreditar que ela estaria dormindo por conta do horário, mas o meu celular vibrou, me provando o contrário.

"Não temos o que conversar. "

Voltei a enviar mensagens praticamente implorando para que ela falasse comigo, mas ela ignorou.

Na manhã seguinte insisti mais um pouco, mas não tive sucesso.

Me mantive ocupado no trabalho, até que meu celular tocou e eu atendi de imediato, sem nem ao menos saber quem era.

- Alô!

- Me perdoa! - A voz chorosa de Hanna soou nos meus ouvidos, me trazendo a decepção. - Eu errei, sei disso, me dá outra chance. - Pediu. - Faço qualquer coisa para ter você ao meu lado, não me vejo com outro homem.

- Eu posso até te perdoar, mas não temos mais volta. Por favor, desiste.

- Não! - Berrou. - Nunca vou desistir!

- Tchau, Hanna. - Desliguei o celular e bloqueei seu número.

Estava cansado daquela ladainha.

Esperei uma ligação ou mensagem de quem eu realmente queria, mas não recebi.

A noite cheguei no bar e ao invés do sorriso acolhedor, ela revirou os olhos e seguiu fazendo seu trabalho.

Fiz questão de ficar até o fim da noite ali, esperando todo mundo ir embora.

- Vamos fechar. - Ana avisou.

- Quero falar com ela. - Ela cruzou os braços em frente ao corpo.

- Ela não quer falar com você. - Julie não estava tão distante, fingia me ignorar, mas fazia isso muito mal.

- Foi tudo um mal-entendido, vamos conversar. - Ela nem se quer me olhou. - Desculpa por me intrometer nas suas decisões, não deveria ter feito isso. Eu só quero a chance de me explicar e me retratar, depois disso, pode decidir acreditar ou não em mim, vou respeitar sua decisão. - Finalmente recebi seu olhar. - Por favor. - Pedi um tanto ansioso.

Ana a encarou e a outra garota também.

- Pode ser amanhã? - Perguntou depois de um tempo de espera.

- Pode ser quando você quiser.

- Tudo bem, podemos tomar um café amanhã pela manhã.

- Ótimo, obrigado por isso. - Ela apenas assentiu.

E então saí do estabelecimento, ansioso e nervoso.

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Um Amor Em Meio Ao CaosOnde histórias criam vida. Descubra agora