Capítulo 22

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Julie

Nem precisei abrir a porta do apartamento, Ana fez isso por mim.

— Eu só não vou bater em você agora, porque quero muito saber o que estava fazendo com ele. — Ri.

Entrei e me joguei no sofá.

— Fiz um balde de pipoca para ouvi a sua história. — Achei que ela estava brincando, mas ela estava realmente com um balde de pipoca nas mãos.

— Isso é sério? — Perguntei rindo.

— Sim, para de enrolar. — Sentou do meu lado.

— Fomos a praia pela manhã.

— Só isso? — Perguntou. — Mas nada, nem um beijo.

— Sim, teve um beijo. — Ana saltou do sofá gritando e derrubando pipoca para todo o lado, foi inevitável não rir da cena. — Calma, foi só um beijo.

— Como assim só um beijo? — Voltou a se sentar.

— Não significou nada.

— Tem certeza?

— Acho que sim, com certeza foi um momento de carência de ambas partes.

— Já é alguma coisa. — Ela deu de ombros. — Mas me conta, beija bem ou muito bem. — Ri.

— Muito bem. — Sorri meio abobada ao lembrar, foi um momento onde eu me permiti, onde eu voltei a ser a Julie de seis anos atrás.

— Agora vou bater em você. — Começou a me bater com a almofada.

— Está louca? — Tentei me defender com os braços.

— Nem um recado, nem o celular você levou, me deixou muito preocupada.

— Desculpa, eu nem sabia que íamos sair, então não me preparei. — Expliquei.

— Só vou desculpar, porque foi algo bom para você. — Ela me abraçou e eu retribui.

Apesar do beijo não ter significado nada demais, ele não saía da minha cabeça, nem o beijo e nem o dono dele, talvez eu tivesse me equivocado em relação a ele, a manhã foi deliciosa e parei para perceber o quão bem a companhia dele me fazia.

Pela primeira vez em muito tempo eu consegui terminar um dia com bom humor e sem preocupações, trabalhei como nunca, consegui até ser simpática com os bêbados, mesmo eles exalando o cheiro insuportável de álcool e fazendo piadinhas sem graça, nada conseguiu tirar minha paz.

— Cantarolando? — Clarissa comentou enquanto arrumávamos o bar.

— Deixa ela, hoje se envolveu com a pessoa irritante. — Só então percebi que estavam falando de mim e que eu de fato estava cantarolando.

— Com o John? — A loira perguntou animada.

— Não foi nada demais, parem com isso.

— Hoje eu te vi sorrir para uma das piadas sem graça daquele senhor que senta sempre na mesa três, você nunca ri das piadas que ele faz. — Ana comentou.

— Só estou com o bom humor. — Dei de ombros.

— Porque será que foi logo hoje que esse bom humor apareceu? — Ana provocou e as duas passaram a me encarar com um sorriso torto.

— Prefiro quando vocês estão uma contra a outra. — Elas riram.

— Podem me contar tudo. — Clarissa pediu.

Nem me dei o trabalho de contar nada, Ana se encarregou de fazer isso.

***

Pela manhã tinha uma mensagem do John.

"Estou indo para uma reunião, com uma ressaca horrível, queria uma manhã como a de ontem, quando podemos fazer um tbt?"

Sorri ao ler.

"Só depende de você, sempre estou livre, só avisa antes, Ana não gostou de não ser avisada. "

Assim que enviei meu celular tocou, era Paul, dessa vez eu simplesmente cliquei em recusar e joguei o celular em cima da cama.

O coração apertou sim, mas não como das outras vezes.

O celular tocou outra vez e me lembrei do homem que havia visto.

— É ele de novo? — Perguntou Ana da porta do quarto, assenti.

— Será que foi ele que mandou aquele homem atrás de mim? — Perguntei, consciente de que ela não me daria uma resposta.

— Queria ter a resposta. — Sorri fraco. — Ontem, em nenhum momento o viu outra vez?

— Não, na realidade, ontem eu nem me lembrei disso.

— Também como é que lembra, né? — Ri e ela também.

— Ontem eu fui eu. — Sussurrei. — Fazia tanto tempo que eu não era eu, Ana. — Ela sorriu.

— Fico feliz por você.

— Acho que estou começando a acreditar que vou conseguir superar ele, em algum momento.

— Claro que vai, Salt vai ajudar com isso. — Soltou uma piscadela com um sorriso divertido no rosto e saiu da minha vista. 

 

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Um Amor Em Meio Ao CaosOnde histórias criam vida. Descubra agora