John
Melanie estava abraçada a mim no sofá da sala de estar enquanto aguardávamos o meu pai aparecer, ela estava com medo, seus olhos miúdos e verdes como os de minha mãe não brilhavam já fazia um tempo e havia ficado difícil tirar um sorriso de seu rosto, já não reconhecia a minha irmã.
— Ela vai ficar bem? — Segurava o meu rosto com as suas pequenas mãos e os seus olhos se prenderam nos meus.
Não sabia o que responder, sabia o que ela queria ouvir, mas eu não queria me equivocar.
— Não sei. — O olhar dela se distanciou do meu e ela voltou a envolver seus braços em meu corpo, enquanto eu acariciava seus cabelos castanhos.
O meu pai entrou na sala bastante tranquilo, por alguns segundos acreditei que as boas notícias viriam.
— E então, pai, qual o estado dela? — Perguntei apreensivo.
— O câncer se espalhou, deem adeus a mãe de vocês. — Ele simplesmente soltou isso e saiu da sala.
Melanie caiu em um choro angustiante, ela gritava e pedia que eu fizesse algo, mas eu não podia fazer nada e aquilo me matou por dentro, uma raiva tomou conta de todo o meu corpo, a minha irmã era apenas uma criança, como ele poderia falar algo tão pesado e tão doído daquela forma e simplesmente sumir depois, o que ele fez não é algo que se faça com ninguém, muito menos com uma criança.
Dália entrou na sala, ela era quem cuidava de Melanie, tentamos acalma-la, mas era quase que impossível, ela repetia inúmeras vezes que não queria ficar sozinha e aquilo me afetou, eu jamais a deixaria, na verdade todo o seu estado me afetou, muito mais do que a notícia desastrosa de que perderia a minha mãe, precisei deixar de lado a minha dor e minha tristeza, porque ela precisava de mim.
Depois de muito esforço ela tomou um calmante e dormiu.
Deixei o quarto de minha irmã e caminhei com passos duros até o escritório do meu pai, abri a porta de uma só vez e lá estava ele trabalhando, como se nada estivesse acontecendo, como se a minha mãe não significasse nada e o fato de que a filha sentia medo não importava para ele, parecia que já me esperava, pois não se deu o trabalho de retirar os olhos do seu notebook, quando a porta e a parede se uniram e causaram um som desastroso.
— Como você pode ser tão insensível? — Me ignorou o que me deixou com mais raiva ainda. — Ela é sua filha, como pode trata-la assim?
— Saía daqui, John, estou trabalhando. — Passei a mão pelo meu rosto, na tentativa de amenizar e controlar os meus sentimentos, me aproximei e me apoiei em sua mesa parando meu rosto alguns centímetros longe do seu.
— Você é a pessoa mais desprezível que eu conheço, não merecia a minha mãe, você a matou — Seu olhar duro veio até mim. — É um assassino.
— Saía agora, John. — Aumentou o tom de voz. — Saía ou te proíbo de ver a Melanie. — Sabia do que era capaz, ele faria aquilo se preciso, então deixei a sala dele no mesmo instante.
A minha mente estava a mil, não conseguia acompanhar os meus pensamentos e nem os meus sentimentos, dirigi até o maldito bar, ele não merecia aquilo, na verdade, ele não merecia nada do que tinha.
Bebi na intenção de me afastar da realidade, dos meus pensamentos e quanto mais bebia mais longe eu ia, perdi a noção do tempo e só percebi que o bar estava vazio quando a garota de pele negra, olhos escuros e nome no qual ainda não havia conquistado, parou ao meu lado.
— Resolveu me dizer o seu nome? — Brinquei, mas ela não pareceu estar muito para brincadeira como das outras vezes, contorceu um pouco o nariz e se manteve seria.
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Um Amor Em Meio Ao Caos
RomanceÉ capaz encontrar paz em meio ao caos? Julie encontrou calmaria em John e vice versa e juntos se sentiram mais fortes diante das adversidades. Julie Gonzales viveu durante 6 anos em um relacionamento abusivo, com Paul Hopper. Após uma briga mais sér...