Agora são duas da manhã e acabei de receber uma mensagem que vai mudar completamente a minha vida. Minha filha está prestes a nascer e eu não podia acreditar que realmente está acontecendo. Dei um pulo da cama, me troquei rapidamente e fui para o hospital. Não estava nos meus planos ter uma filha agora, eu tenho apenas 23 anos e a Júlia 20, mas aconteceu e eu estou disposto a assumir toda a responsabilidade que isso acarreta.
~ Alô ? - liguei para a minha mãe no caminho para dar a notícia.
~ Oi filho, já vai nascer ?? - apesar de ter ficado bem chateada no início quando descobriu sobre a gravidez, agora ela está super empolgada com a chegada da neta.
~ Sim mãe, estou indo agora pra lá, a senhora me encontra depois do seu plantão ?
~ Combinado filho e me mantenha informada - me despedi e assim que desliguei, voltei a me perder em pensamentos.
Eu e a Júlia nos conhecemos através de um amigo em comum em uma festa e eu com toda a minha inocência, achei que ela era a mulher da minha vida, mas eu estava enganado… Ficamos algumas vezes, mas ela nunca quis aprofundar a relação e logo depois que tivemos uma briga feia e resolvemos não nos encontramos mais, ela me ligou um dia e me contou que estava grávida. Acordei dos meus devaneios com o carro parando na entrada do hospital e após pagar a corrida, saí correndo em direção às portas duplas do hospital.
- Boa noite, gostaria de saber como eu faço para encontrar uma pessoa que deu entrada no hospital em trabalho de parto ?- falei com a recepcionista, assim que cheguei.
- Boa noite, a sala de parto fica no segundo andar, lá vão poder te orientar melhor.
- Obrigada - agradeci e praticamente corri em direção ao elevador e quase que não me contenho de tanta ansiedade, eu não via a hora de carregar minha princesinha nos braços.
- Boa noite, estou procurando Júlia Almeida - falei na recepção do segundo andar.
- Boa noite, ela está na sala de parto, você pode esperar aqui do lado, que logo vão te chamar - olhei espantado para a enfermeira com a notícia que ela acabou de me dar.
- Eu não posso assistir? - comecei a ficar nervoso com a situação, eu e a Júlia combinamos outra coisa.
- Infelizmente a dona Júlia deu ordens que não queria ninguém na sala com ela - eu não acredito que ela está fazendo isso comigo… Ela me prometeu que eu ia acompanhar todo o processo…
- Mas eu sou o pai dessa criança - falei indignado com a situação. Eu não acredito que ela ia me tirar esse momento.
- Eu sinto muito - a enfermeira parecia mesmo sentir, mas ela não podia fazer nada. Eu não acredito que a Júlia fez isso comigo. A nossa relação não é a das melhores, principalmente depois da notícia da gravidez. Brigamos várias vezes para decidir como as coisas iam ser depois que o bebê nascesse, mas não imaginava que ela iria me privar de acompanhar a chegada da minha filha.
Fiquei quase uma hora na sala de espera, andando de um lado para o outro, quando finalmente uma médica saiu de uma das portas duplas e veio falar comigo.
- Boa noite, o senhor é o Guilherme? - ela se aproximou e estendeu sua mão para mim.
- Sim, sou eu - respondi aflito e apertei sua mão de volta.
- Parabéns, sua filha nasceu completamente saudável - ela me deu um sorriso gentil e eu respirei aliviado.
- Obrigada, quando eu posso vê-la? - estava emocionado e doido para conhecê-la.
- Logo, mas antes a dona Júlia quer falar com o senhor - achei estranho o pedido, mas a segui mesmo assim. Precisava mesmo descobrir o que está acontecendo.
- Oi - a Júlia me cumprimentou assim que entrei no quarto.
- Oi, por que você não me deixou assistir ao parto ? - fui logo falando, precisava entender o porquê dela ter feito isso.
- Porque eu queria pensar um pouco Gui, essas últimas semanas foram muito importantes e eu tomei uma decisão e espero que você me entenda… - ela desviou o olhar do meu e olhou na direção da janela.
- Do que você está falando? - eu perguntei sem entender nada.
- Eu… Não posso ficar com ela Gui… - ela disse com lágrimas nos olhos.
- Como assim ?? - eu queria muito acreditar que eu estava ouvindo errado, porque não podia ser verdade.
- Que eu não posso cuidar da Emma. Eu sei que a gente tentou conversar e resolver essa situação, mas eu não tenho condições de criar ela e se você não tiver também, a gente pode colocar na adoção… Não sei…
- Não acredito que você está me dizendo uma coisa dessas, o que está acontecendo Júlia ?? Até ontem estava tudo certo, o que mudou nesse tempo ?? - cada frase que ela falava eu ficava mais nervoso e não sabia até que ponto eu ia conseguir me controlar.
- Eu já estava pensando nisso, só não te falei nada… Eu espero que você respeite a minha decisão e eu não quero mais nenhum tipo de contato com você e com ela… - ela falou isso de uma forma tão fria que uma repulsa cresceu dentro de mim.
- Ela tem nome e é Emma, mas não se preocupe, se você não quer saber dela eu quero e sabia que vou criar minha filha e que você nunca vai fazer falta. Faça o favor de NUNCA, mas nunca mesmo vir atrás da gente - saí do quarto batendo a porta e corri atrás de alguém que pudesse me levar até minha filha.
- Onde ela está ? - perguntei a uma enfermeira que passava por ali.
- Quem senhor ? - ela parecia assustada com meu desespero.
- Minha filha, eu quero ver a minha filha !! - nessa hora a médica que veio até mim mais cedo apareceu e me levou ao berçário.
Assim que ela me mostrou quem era a Emma, eu fiquei sem acreditar que aquela coisinha preciosa era minha. A enfermeira trouxe ela até mim e quando a carreguei nos braços, eu soube que eu precisava fazer de tudo para proteger aquela menininha.
- Oi filha, papai está aqui e vai cuidar de você. Vai ser só nós dois, mas eu prometo que vamos ser muito felizes - dei um beijo em sua cabecinha e senti algumas lágrimas caírem. As limpei rapidamente, pois eu precisava ser forte e eu seria, por ela…
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Minha Namorada, Meu Bebê E Eu (Em Revisão)
RomanceLivro 1 Guilherme se tornou pai solteiro muito cedo e a única coisa que importa na sua vida é a sua filha Emma. Depois do trauma do último relacionamento, ele não pensa em namoro há muito tempo, mas tudo muda quando começa a faculdade de jornalismo...