Capitulo 18

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Pov Percy

    Alguns minutos atrás, tive um breve e maravilhoso momento onde pensei que tudo o que havia passado desde que chegara ao Tártaro era um sonho.

    Mas como eu disse, por um breve momento. Porque assim que abri os olhos, me vi numa casa com um gigante e um titã, e toda a realidade caiu sobre meus ombros. É como dizem: felicidade de semideus dura pouco. Ninguém diz isso, mas deveriam começar.

    Estava me levantando quando escutei uma conversa. Continuei deitado, escutando.

    -...e se você não conseguir o guiar além da Noite? - pela voz, Damásen disse.

    -Tenho que conseguir. - respondeu Bob.

    -Por quê? O que os semideuses fizeram por você? Nós, titãs e gigantes... devíamos ser os inimigos dos deuses e seus filhos. Não deviamos?

    -Então porque você curou o garoto?

    Ouve um suspiro que denominei como de Damásen.

    -Nem eu sei. Talvez porque ache esse semideus intrigante. É muito resistente para ter chegado tão longe. Isso é admirável. Mesmo assim, como podemos ajuda-lo mais? Não é nosso destino.

    -Talvez - disse Bob, com aparente desconforto na voz - mas... você gosta do seu destino?

    -Que pergunta. Será que alguém gosta do seu?

    -Eu gosto de ser Bob. - murmurou - mas... desde que encontrei Percy novamente, venho tendo lembranças de antes de me tornar Bob.

    -Hum.

    Essa não. Bob agora pode estar com raiva dos semideuses que o fizeram ficar sem memória e coincidentemente, um desses semideuses sou eu.

    -Damásen, você se lembra do sol? - perguntou o titã.

    Damásen suspirou.

    -Lembro. Era amarelo. Quando tocava o horizonte, deixava o céu com cores bonitas.

    -Tenho saudades do sol - disse Bob - das estrelas, também. Queria dar um oi para elas outra vez.

    -Estrelas... - Damásen pronunciou a palavra como se tivesse esquecido seu significado - Ah, é. Elas criavam formas no céu noturno. - ouve um baque vindo do chão - ah, essa conversa não vai nos levar a nada. Não podemos...

    Era suficiente para perceber que Damásen não era como seus irmãos. Eu irei confiar nele e em Bob. Os outros gigantes ja teriam me matado a tempos, e não lembro de terem sentimentos assim.

    Interrompi a conversa dos dois sentando na cama fingindo atordoamento.

    -Ahn... o que... onde ..? - fiz um olhar assustado ao olhar para Damásen e então coloquei as mãos na cabeça, fingindo dor. Sou um péssimo ator e ninguém se deixaria levar por isso, mas aparentemente eles acreditaram.

    Olhei para Bob, que estava com uma expressão rígida. Provavelmente pensava que eu havia escutado sua conversa com Damásen.

    -Bob... - disse, fingindo agora me lembrar de tudo que acontecera.

    Bob e Damásen vieram a minha direção.

                                            *

    Damásen me pediu para contar minha história e assim eu o fiz, enquanto analisava sua cabana.

      Era bem aconchegante, mesmo aqui. Feita de ossos, do tamanho de um planetário. Fogo queima em uma fogueira feita de ossos e piche; apesar disso, a fumaça é branca e sem cheiro, saindo através de uma abertura no teto. O chão é coberto com grama seca do pântano e uns trapos de lã cinza. De um lado, uma cama feita de peles de carneiro, onde eu dormi. Do outro, plantas secando penduradas em ganchos e prateleiras, couro curtido e o que descobri ser carne seca de drakon.

    -Gaia é, hum... sua mãe, certo?

    Perguntei ao acabar a história. Bob havia me dado um ensopado de carne de drakon, que era excelente, especialmente comparado a fogo líquido.

    Bob estava fingindo não lembrar de seu verdadeiro passado. Não o culpava por isso, e não saberia como reagir se ele me confrontasse por isso.

    -É. E Tártaro é meu pai. - Damásen confirmou e fez um gesto mostrando a cabana - como pode ver, fui uma decepção para meus pais. Eles esperavam... mais de mim.

    -Então... você não se importa que estejamos em guerra com sua mãe?

    Damásen bufou como um touro.

    -Boa sorte. No momento, é com meu pai que deve se preocupar. Se ele está contra você, então não tem a menor chance de sobreviver aqui.

    De repente, perdi a fome.

    -Como assim, contra mim?

    -Tudo isso. - Damásen quebrou um osso de drakon e usou uma lasca para palitar os dentes - Tudo o que você vê é o corpo de Tártaro, ou pelo menos uma manifestação dele. Ele sabe que você esta aqui, e tenta deter seu avanço a cada passo. Meus irmãos estão caçando você. É incrível que tenha sobrevivido até agora, mesmo com ajuda de... - olhou para mim e Bob antes de terminar - Bob.

    Bob franziu a testa ao ouvir seu nome.

    -Os derrotados estão atrás de nós, é. Agora devem estar chegando bem perto.

    Novamente, como assim gigantes estavam atrás de mim? Como eu não havia notado? Ok, agora sair daqui será milhões de vezes mais difícil.

    Damásen cuspiu fora o palito de dentes.

    -Posso ocultar seu rastro por algum tempo, o suficiente para você descansar. Tenho poder nesse pântano, mas no fim, eles vão te alcançar.

    -Percy precisa chegar as postar da morte - disse Bob e eu confirmei - é lá que fica a saída.

    -Impossível - Damásen murmurou em resposta - as Portas são bem guardadas.

    Inclinei para frente.

    -Mas você sabe onde elas ficam?

    -Claro. O Tártaro todo corre para um lugar: seu coração. É onde ficam as Portas da Morte. Mas você não vai conseguir chegar lá, mesmo com Bob. 

    Então, assim do nada, a profecia veio a minha mente. Mais especificamente, a última linha: E inimigos com armas às Portas da Morte afinal.

    Pensávamos que os inimigos eram gregos e romanos juntos, mas agora...

    -Damásen, por favor, me ajude. - Damásen me olhou com uma expressão de confusão - Preciso de você e Bob para sair daqui, e vencer a guerra contra Gaia.

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Revisado!

Dark PercyOnde histórias criam vida. Descubra agora