Capitulo 19

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Pov Percy

-Não.

Olhei desacreditado para Damásen, que desviou o olhar antes de continuar.

-Filho de Poseidon. - Damásen voltou o olhar a mim - Não sou seu amigo. Já ajudei mortais, e veja o que me aconteceu.

-Você ajudou mortais? - não sabia tanto sobre lendas gregas quanto Annabeth, mas não me lembro de ter ouvido nada sobre Damásen - eu... eu não entendo.

-História ruim. - explicou Bob - Gigantes bons têm histórico ruins. Damásen foi criado para se opor a Ares.

    -É - confirmou o gigante - Como todos os meus irmãos, nasci para reagir a determinado deus. Meu inimigo era Ares. Mas Ares era o deus da guerra. Por isso quando nasci...

    -Você era o oposto. Era pacífico. - arrisquei.

    -Pelo menos para um gigante - Damásen deu um suspiro - andei sem rumo pelos campos de Meônia,a terra que vocês agora chamam de Turquia. Cuidava de meus carneiros e colhia minhas ervas. Era uma boa vida. Mas não queria combater os deuses. Minha mãe e meu pai me amaldiçoaram por isso. E o insulto final: certo dia um drakon maeônio matou um pastor humano, um amigo meu, por isso cacei a criatura e a matei, cravando uma árvore em sua garganta. Usei o poder da terra para fazer raízes da árvore tornarem a crescer, e plantei o drakon firmemente no chão. Queria garantir que ele não aterrorizasse mais os mortais. Foi um feito que Gaia não poderia perdoar.

    -O fato de ter ajudado alguém? - perguntei.

    -É. - Damásen parecia envergonhado - Gaia abriu a terra e fui consumido, exilado aqui na barriga do meu pai, onde se juntam todos os destroços inúteis... todas as criações com as quais ele não se importa. - O gigante tirou uma flor do cabelo e a olhou distraído. - Eles me deixaram viver, cuidando de meus carneiros e colhendo minhas ervas, para que eu aprendesse como era desprezível a vida que havia escolhido. Todos os dias... ou o que conta como dia neste lugar... o drakon maeônio se recompõe e me ataca. Matá-lo é minha tarefa por toda eternidade.

    Olhei em volta tentando examinar quanto tempo Damásen ficara aqui. Décadas? Séculos? Eras? É, eras é mais provável. Passar tanto tempo matando um monstro sabendo que passará muito mais e ainda com lembranças de um tempo bom... isso é uma crueldade inimaginável. Preciso tentar convencê-lo a me ajudar não apenas por mim, mas para que ele possa ver o Sol tocando o horizonte deixando cores bonitas.

    -Desfaça a maldição - eu disse de repente - venha com a gente!

    Damásen riu com amargura.

    -Pensa que é fácil? Não acha que eu ja tentei deixar este lugar? É impossível. Não importa para onde ou qual direção eu viaje, sempre acabo voltando. O pântano é a única coisa que conheço... o único destino que consigo imaginar. Não me resta nenhuma esperança.

    -Nenhuma esperança. - repetiu Bob.

    -Deve haver um modo. - Não podia aguentar a expressão do gigante, triste e abatida. Como eu viveria no mesmo modo que ele vive? E se um dia tentasse salvar alguém, e fosse engolido pela terra, vindo parar aqui por toda eternidade? - Bob sabe como podemos chegar as portas!

    -Sabe? - Damásen disse instigando alguma coisa que não parece boa, pra variar.

    -É... talvez possamos passar pela Névoa da Morte. - Bob respondeu.

    -Névoa da Morte? - Damásen lançou uma cara feia para Bob. Definitivamente, essa névoa não é algo bom. - você o levaria até Akhlys?

    -É o único jeito! - Bob se defendeu.

O gigante da um suspiro e olha diretamente para mim.

    -Semideus, você vai morrer.

    Novidade.

    -De qualquer forma, vou morrer se ficar aqui. Se Akhlys é a única chance, eu preciso aproveita-la. - respondi com confiança, uma confiança que não sinto.

    -Não. Você não entendeu. Seria uma morte dolorosa. No escuro, Akhlys não confia em ninguém, não ajuda ninguém.

    Certo, isso está me deixando levemente assustado. Mas assustado com o que? A morte? Acho que ja passei dessa fase. Não, tenho medo do que aconteceria depois dela, mas como as consequências seriam para os 6 + os seres humanos no geral.

    -Há algum outro jeito? - perguntei.

    -Não. - admitiu Damásen - a Névoa da Morte... esse é o melhor plano. Infelizmente, um péssimo plano.

    Akhlys pode ser perigosa e tudo mais, mas se eu tiver Bob e Damásen ao meu lado, posso ter mais chances. Preciso tentar uma última jogada.

    -Mas não acha que vale a pena tentar? - perguntei, olhando fixamente para ele - você poderia voltar para o mundo mortal. Poderia ver o sol outra vez.

    Assim que terminei a última parte, percebi o que disse. A expressão de Damásen mudou de triste para confusa, e eu ja estava me preparando para minha possível morte. Mas então, uma faísca de compreensão passou por seu rosto. Ele sabe que eu havia ouvido sua conversa com Bob, mas por algum motivo, não me odeia por isso.

    -Vou preparar suprimentos para sua viagem. Sinto muito, mas não posso fazer mais nada.

Mas eu posso.

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Revisado!

Dark PercyOnde histórias criam vida. Descubra agora