Capitulo 45

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Pov Percy

Annabeth sabe que estou fingindo. É óbvio que não estou bem.

Finalmente voltei para seu lado. O ar não é mais tóxico, e não preciso beber fogo líquido. As Portas da Morte não estão mais sob controle de Gaia e eu estou vivo. Já devia ser suficiente para que eu ficasse bem.

Mas tudo o que vejo me lembra aquele lugar. Mesmo que tenha só o mínimo de coincidência.

Talvez seja porque acabei de sair, mas deveria ser assim? Já não estava bom participar de uma grande profecia? Tudo que Annabeth e eu passamos quando Luke se juntou a Cronos...

    E mesmo que tudo pareça igual, tudo parece diferente: Leo não faz mais tantas piadinhas com Frank, que mudou tanto fisicamente quanto mentalmente - está mais maduro, como se ao tornar-se pretor, finalmente se tornou auto-confiante . O que já estava passando da hora, aliás. Frank era e é incrível, mesmo que achasse que não.

    Assim como Hazel, que agora além de filha de Plutão, também é aprendiz de Hécate: aprendeu a controlar a Névoa, e, até alguns dias atrás, era acompanhada por uma "doninha que solta pum", como Leo contara no dia que voltei.

    E agora mesmo, Annabeth, Piper e Jason estão em missão. Os três, fantasiados com a névoa de Hazel, enquanto Hazel, Frank, Leo e eu esperamos.

    Esperamos que voltem ou esperamos um sinal.

    E, aparentemente, a espera acabou: luzes piscam no céu. Código morse, um sinal enviado por Annabeth - a única que sabe, fora Leo.

    Sem mais um minuto, nos preparamos para resgate. Algo aconteceu e pode ter sido grave.

                                              *

    -Então ele está machucado na alma? - Hazel perguntou.

    Assim que os três chegaram, encontramos Jason desacordado. Tiveram que lutar, e Jason sangrava. Felizmente, venceram a luta.

    -Algo assim. - Piper respondeu.

    Annabeth avançou um passo.

    -Certo. Precisamos ir a Delos, Ártemis e Apolo podem nos ajudar, segundo Hera.

    Ao ouvir seu nome, uma faísca de raiva se ascendeu dentro de mim. Porém, preferi ficar calado: se Annabeth confia na informação de Hera, então também confio. Annabeth odeia Hera tanto quanto eu.

    -Não confio em Hera - Annabeth continuou. É, retiro minha confiança. - Mas os gêmeos talvez possam mesmo nos ajudar.

    -Ta, mas por que estão em Delos? - Frank perguntou.

    -Hera... Juno disse que além dela, Ártemis e Apolo sofrem da ira de Júpiter e estão "desesperados o suficiente para tentar o que for para reverter a situação" - Piper respondeu, fazendo sinal de aspas com os dedos.

    -Ir a Delos não estava em meus planos, mas posso abrir um espaço em minha agenda. Mais alguma coisa? - foi a vez de Leo perguntar.

    -Ah, sim. - Annabeth começou - Hera também disse que precisamos encontrar com Nice, a deusa da vitória, enquanto damos a volta por Peloponeso.

    -Segundo ela, as diferenças entre gregos e romanos não serão resolvidas se não determos a deusa, que está descontrolada. - Piper concluiu.

    Continuamos discutindo sobre o que fazer até que o sinal de monstro tocou. Me levantei e disse a todos para continuarem sem mim. Não estava ajudando em nada, e Annabeth pode me atualizar depois. Além de que eu estava louco para sair dali.

    Não que eu não queira estar com eles, longe disso. Só prefiro não estar. Da pra perceber o quanto ficam tensos quando estou por perto, mesmo que escondam ao máximo.

    Assim que chego perto do leme, encontro o monstro: uma única empousa, que sabe se lá como chegou até aqui, já que estamos em alto mar. Talvez estivesse escondida.

    -Ora, ora, se não temos aqui... - a empousa começa mas nunca termina.

    Não termina porque não dei chance para que terminasse. Empousai são, sem dúvidas, os monstros que mais odeio desde o Tártaro. Não era alguma das que explodi quando estive no Tártaro, mas ainda é da mesma espécie.

Aliás, pensando em empousai... Kelli havia me ensinado outros truques, por assim dizer. Como eram mesmo? Ao dispor de uma grande quantidade de água, posso criar um escudo ou um corpo a minha volta que recebe a maior parte do dano em batalhas, se não me engano.

Bom, água é o que mais tenho disponível. Então, talvez eu consiga. Tentar não custa nada.

Sem esforço algum, a água do mar vem até meus pés.

Precisei de concentração para aprender a controlar sangue. Então, também preciso para isso.

Fecho meus olhos e mentalizo aquilo que quero: um escudo de água a minha volta.

Sinto a água subindo até chegar ao topo de minha cabeça. Abro os olhos e a vejo como imaginei.

Mas não é isso. Qualquer coisa passaria facilmente por esse escudo, e eu sofreria o tal dano que Kelli dissera que o escudo levaria.

Tento novamente, mas o mesmo resultado. E de novo, e de novo, e de novo. O que estou fazendo de errado? Funciona se eu estiver no mar?

Se for assim, tento amanhã. Já está escuro e Annabeth poderia se preocupar ao não me encontrar. Não quero lhe causar preocupação sem necessidade.

Mais uma última tentativa e volto para a reunião. Se já não tiver acabado.

Certo... me concentrar e mentalizar o que quero não deu certo. Kelli tinha dito algo sobre pisar. E eu já estava em cima da poça quando tentei. Talvez a maneira que estou fazendo esteja errada, então.

Dou alguns passos de distância da poça e me concentro novamente. Assim que a toco, a água me envolve de uma vez.

-Percy, onde você... - Annabeth para assim que me vê. - o que você é?

Sem me dar tempo para explicar, Annabeth arremessa um copo de suas mãos. Não consegue me ver dentro dessa água?

Não tentei me defender, porque essa é a oportunidade perfeita para saber se realmente funciona.

O copo me acerta e se quebra, antes mesmo de cair no chão. Mas não me causa a mínima dor.

-Deuses, realmente funciona...

-Cadê o Percy? - diz, sacando sua nova adaga, presente de Hazel que a encontrou no mar.

Annabeth estava prestes a avançar, quando finalmente disse algo.

-Hey, sou eu.

Annabeth para, suspira e sorri.

-Poderes novos?

Desfaço o escudo, e retribuo o sorriso.

-Poderes novos.

Dark PercyOnde histórias criam vida. Descubra agora