Capitulo 35

1K 87 9
                                    

Pov Percy

    Não é a primeira vez que preciso enfrentar inimigos muito mais fortes do que eu. Aliás, aqui mesmo, no Tártaro, já tive que lidar com Nix.

    Tudo bem, eu não lutei. Mas eu não morri.

   Mas tem uma diferença gigante do episódio com Nix e do que acontece agora: não tenho para onde fugir. E, mesmo se tivesse, não conseguiria. Dúvido que este ser seja facilmente manipulado como A Noite.

    Sinto a espada escorregando de minhas mãos. Estou suando, e não por causa do calor ou da dor.

    Existem muitos monstros a minha volta, sem contar com Tártaro. Até agora, nenhum deles atacou, mesmo que estejam correndo ao meu redor. Todos estão em silêncio, esperando pela ordem de Tártaro.

    O deus flexionou os dedos, examinando as garras negras. Não tem expressão, mas ao aprumar os ombros, parece satisfeito.

    É bom estar em forma, entoou ele. Com essas mãos, posso eviscerar você.

    Sua voz soa como uma gravação tocada ao contrário, como se suas palavras estivessem sendo sugadas pelo vórtice de seu rosto em vez de projetadas.

    Na verdade, tudo parece ser sugado pelo rosto desse deus: a luz fraca, as nuvens venenosas, a essência dos monstros, até minha força vital. Ao olhar em volta, é perceptível que tudo na vasta planície exibia uma cauda vaporosa de cometa apontada na direção de Tártaro.

    Eu preciso fazer alguma coisa, mas o que? Não consigo pensar em nada. Nada, que não seja Annabeth esperando que eu volte. Esperando do outro lado, seu namorado que nunca voltaria, porque está morto. E morto pelo Tártaro, uma grande honra!

    Mas não só Annabeth que passa por minha cabeça. Minha mãe, também. Como Annabeth, ela me esperaria. E quando se desse conta de que eu nunca iria voltar... não gosto nem de imaginar.

    Pior seria morrer e não fechar as Portas. Fazer com que outra pessoa passe por isso, porque eu não fui capaz. Tudo o que aconteceu... tudo o que tive que fazer, tudo o que eu passei. Tudo se repetiria, mas com outra pessoa. E eu morreria, sabendo que não fui capaz de salvar aqueles que amo.

    Tártaro rosnou de novo, o que possivelmente era uma risada.

    O seu medo é um aroma maravilhoso, disse o deus. Entendo o apelo de ter um corpo físico com tantos sentidos. Talvez minha amada Gaia tenha razão ao desejar despertar de seu sono.

    Mas pensar nos que amo me traz ousadia. E força.

    -Medo? De você? - rio, aproveitando a brecha do seu "rosto" perplexo, para curar meu pé - Acho que não. - COMO ASSIM  EU PÉ JÁ ESTA CURADO??????

    Tártaro estica sua mão gigantesca em minha direção. Pode me arrancar do chão, e não precisaria fazer o mínimo esforço. Sua face agora irradia ira.

    Bob o interrompe.

    -Vá embora! - apontou a lança para o deus - você não tem o direito de se meter!

    Me meter? Tártaro se virou. Eu sou o senhor de todas as criaturas das trevas, Jápeto, seu insignificante. Posso fazer o que quiser.

    Seu rosto, a espiral de escuridão, começou a girar mais rápido. Tampei meus ouvidos - o som é terrível.

    Bob rugiu em desafio. Partiu para cima do deus, mirando a lança no peito de Tártaro. Antes que ela o atingisse, Tártaro jogou Bob para o lado como se ele não passasse de um inseto incômodo. O titã foi jogado longe.

    Por que você não se desintegra? Perguntou Tártaro. Você não é nada. É ainda mais fraco que Crios e Hiperíon.

    Senti o olhar de Bob sobre mim. Olhei para ele, que sorriu, antes de voltar seu olhar para Tártaro.

    -Eu escolhi ser mais que Jápeto - disse o titã - você não me controla. Não sou como meus irmãos. Eu sou Bob.

    Aquilo me trouxe um segundo de alegria. Bob escolheu ser Bob, ser melhor. Mesmo depois do que eu fiz e do que eu não fiz.

    -Além disso... - Bob Pequeno estava diante de Bob, não mais Tão Pequeno - eu tenho um bom gato.

    Bob Não Tão Pequeno atacou Tártaro e cravou as garras em sua coxa. O felino escalou sua perna e entrou por debaixo da cota malha do deus. Tártaro batia os pés e gritava, aparentemente deixando de saborear sua forma física. Enquanto isso, Bob cravou a lança no lado do corpo do deus, logo abaixo de seu protetor peitoral.

    Eu preciso fazer algo. Tártaro está agora concentrado em Bob, então posso diminuir o número de oponentes.

    Fácil, fácil.

    Você vai morrer primeiro, Jápeto. Decidiu Tártaro. Depois, vou pôr sua alma em minha armadura, onde ela vai se dissolver lentamente, várias e várias vezes, em agonia eterna.

    Tártaro bate o punho no peitoral de sua armadura. Os rostos aprisionados no metal se agitam e gritam silenciosos.

    Bob se vira e sorri.

    -Cuide das Portas - disse o titã - eu cuido do Tártaro.

    O deus jogou a cabeça para trás e urrou, criando um vácuo forte. Demônios que voavam próximos, foram sugados pelo vórtice de seu rosto e despedaçados.

    Certo, cuido dos monstros depois das correntes. Já estou atrás das Portas, mas agora cortarei uma por uma.

    Cuida de mim?, perguntou o deus em zombaria. Você não passa de um titã, um filho inferior de Gaia! Você vai pagar por essa arrogância. E quando a seu amigo mortal insignificante...

    Tártaro gesticulou para o exército de monstros, convidando-os a avançar.

     Destruam-no!

   Até parece.

————————————————————————
Revisado!

Dark PercyOnde histórias criam vida. Descubra agora