Capitulo 21

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Pov Percy

-O caminho para onde exatamente? - perguntei a deusa.

Akhlys ja estava se arrastando na escuridão, e me ignorou totalmente.

Virei me para perguntar a Bob, mas ele havia desaparecido. Como é que um cara prateado de três metros de altura desaparece do nada?

-Ei! Onde está meu amigo? - gritei, e dessa vez Akhlys não me ignorou.

-Ele não pode seguir este caminho. Não é mortal. Venha tolinho. Venha experimentar a Névoa da Morte.

Suspirei e a segui. Não pode ser tão ruim assim, não é?

*

Assim que chegamos em uma espécie de dedão do corpo de Tártaro - se isso ainda era seu corpo - Akhlys anunciou nossa chegada com um olhar maligno.

O sangue de suas bochechas escorria e pingava na veste. Os olhos doentios pareciam úmidos e inchados, mas de algum modo entusiasmados. O que significava que era sim, muito ruim.

-Hã... ótimo, mas chegamos onde?

-À beira da morte final - disse Akhlys - onde a Noite encontra o vazio abaixo do Tártaro.

-Tem alguma coisa abaixo do Tártaro?

Se tem algo, não quero conhecer. Já tenho problemas demais e pouco tempo para desperdiçar com deuses - ou qualquer coisa - que esteja abaixo do chão.

-Com certeza. - Akhlys tossiu - até o Tártaro teve que surgir de algum lugar. Este é o limite da escuridão mais antiga, que era minha mãe. Abaixo ficam os domínios de Caos, meu pai. Aqui você está mais perto do nada do que qualquer mortal jamais esteve. Não consegue sentir?

Me sentiria privilegiado por tal conquista, se não fosse uma que eu não queria. Além do que, eu entendi o que ela queria dizer: o vazio parece me atrair, roubando o ar dos meus pulmões e oxigênio de meu sangue.

-Não posso ficar parado aqui. - concluí.

-Não mesmo! - respondeu-me Akhlys - você não sente a Névoa da Morte? Está passando por ela agora mesmo. Veja!

Havia uma fumaça branca se acumulando aos meus pés. Conforme aquilo me envolvia, percebi que não parecia me cercar e sim... emanar do meu corpo. Todo meu corpo estava se dissolvendo. Minhas mãos estavam turvas e indistintas. Nem consego dizer quantos dedos tenho, mas espero que ainda sejam dez.

Olhei para meus braços. Apenas bolhas de névoa branca de encontrava ali. Provavelmente, estou parecendo um cadáver. Dou  alguns passos com dificuldade, meu corpo parece não ter substância como se fosse feito de hélio e algodão-doce.

Algodão-doce e água não combinam.

-Agora vou passar sem ser visto? Posso chegar as Portas da Morte? - pergunto mesmo assim.

-Bem, talvez você conseguisse - respondeu a deusa - se sobrevivesse. O que não vai acontecer.

Akhlys abriu os dedos retorcidos. Plantas brotaram na beira do precipício e avançavam em direção aos meus pés como um tapete letal.

-A Névoa da Morte não é simplesmente um disfarce, sabia? É um estado. Eu não poderia lhe dar esse presente a menos que ele fosse seguido pela morte, morte de verdade.

Uma armadilha. Que original. Já era esperado, afinal, que deus escondido no meio do Tártaro me ajudaria, de graça? Alem de que toda criatura aqui quer me matar. Ser famoso tem seus problemas.

A deusa deu uma gargalhada.

-Você não esperava que eu te traísse?

-Esperava.

É claro que esperava. Foi tudo fácil demais, e como sempre, nunca é fácil.

-Ora, então nem foi uma armadilha, não é? Foi mais um acontecimento inevitável. A miséria é inevitável. A dor...

-É, é. - revirei os olhos - Vamos logo a luta.

Saquei contracorrente, mas a lâmina havia virado fumaça. Quando golpeei Akhlys, a espada apenas esvoaçou ao seu redor como uma brisa suave.

Sua boca arruinada se abriu em um sorriso.

-Ah, será que me esqueci de dizer? Você é agora apenas névoa, uma sombra anterior à morte. Talvez, se tivesse mais tempo, pudesse aprender a controlar sua nova forma. Mas não tem. E como não pode me tocar, temo que qualquer luta contra a miséria seja causa perdida.

Suas unhas cresceram e viraram garras. Sua mandíbula se deslocou, e os dentes amarelados se alongaram em presas.

E foi aí que eu percebi que sim, era tão ruim assim. Sempre é, por que a surpresa?

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Revisado!

Dark PercyOnde histórias criam vida. Descubra agora