Pov Percy
Pular cem metros abismo abaixo não deveria demorar tanto. Principalmente depois de cair Tártaro adentro.
Mas conforme caía, meus pensamentos se aceleravam enquanto meu coração parecia desacelerar.
As primeiras coisas em que pensei foi em minha possível morte, e em Annabeth. Se eu morresse agora, ela ficaria me esperando, mesmo que Nico confirme minha morte? Contaria a minha mãe o que aconteceu ou ja teria contado?
Espero que não o tenha feito. Não quero dar preocupações a minha mãe e a Paul.
Algum dos outros seis da profecia provavelmente teria que vir ate aqui e realizar o que eu não obtive sucesso.. E isso é realmente algo que não desejo a ninguém.
E por isso, eu preciso sobreviver. Eles estão contando comigo.
Meus pés tocam o chão e o impacto me tira dos meus pensamentos, além de fazer minhas pernas doerem. Instantaneamente, como se estivesse na água, meu corpo se cura.
Volto a correr, e ainda posso ouvir Nix e seus filhos discutirem acima de mim.
-Eu o peguei! Ai! Meu pé! Parem!
Não enxergo nada, então tudo o que posso fazer é recorrer a outros sentidos: sentir o cheiro que vinha junto as correntes de ar e ouvir à procura do eco de espaços abertos. Fechei os olhos e me concentrei.
Os sons das discussões dos filhos de Nix foram ficando mais distantes. Isso é bom. Eu ainda estou inteiro, o que é tão bom quanto.
À minha frente, um som pulsante que fazia o chão tremer, pôde ser ouvido. Aquele é o último lugar ou o mais perigoso para seguir, então imagino que seja o caminho certo.
As batidas ficaram mais altas, e pude sentir cheiro de fumaça, além de um crepitar de tochas à minha esquerda e direita. A alguns metros existe luz. Mas um arrepio sobe por minha nuca, me alertando que seria um erro abrir os olhos. Talvez seja melhor seguir meus instintos dessa vez.
Quaisquer que fossem os horrores abrigados aqui, na Mansão da Noite, não eram feitos para olhos mortais. Era melhor correr no escuro.
A pulsação ficou mais alta, enviando vibrações que subiam por minha coluna. Parecia alguém batendo no fundo do mundo, exigindo entrar. Senti portas se abrindo a diante. O aroma do ar era mais fresco. Mas havia alguma coisa a mais, alguma coisa que eu sentia...
Água.
Não a minha água, mas água corrente. Não me sinto seguro em abrir os olhos ainda, mas sei que é um rio... ou talvez um fosso. Está no caminho e corre para a direita em um canal aberto.
Meu coração acelerou. Sei que estou perto da saída. Ao sair, talvez aquela família de demônios sombrios fique para trás.
Começo correr mais rápido. Mas conforme me aproximo da água, percebo alguma coisa estranha. Diferente.
Chego até a beira de um penhasco e paro. Sei que ali embaixo ha água, e pularia se não soubesse que não é uma água normal.
Senti nela o mesmo que senti no Rio Cócito.
E já sei o porque. Esse é o Rio Aqueronte, o Rio da Dor.
Ajude!, Gemiam vozes de dentro da água. Foi um acidente!
A dor! Uivavam. Faça com que pare!
O castigo final para as almas dos condenados...
-Especialmente assassinos. - digo em voz alta.
Assassinos!, lamentou o rio. Isso, igual a você!
Junte-se!, murmurou outra voz. Você não é melhor que nós.
Inúmeras imagens de monstros vieram a minha cabeça. Não sentia arrependimento sobre aquilo, não era assassinato. Eu estava me defendendo!
Akhlys veio a minha mente logo depois. Não sentia remorso quanto a ela também. Faria tudo novamente. Ela nem está morta. É imortal! Bem, se alguém acreditar nela, na verdade. Mas eu não ligo para ela...
Então o rio mudou. Charles Beckendorf, que morreu na explosão do Princesa Andrômeda, apareceu, se sacrificando.
Bianca, a irmã de Nico na qual eu havia prometido tentar proteger.
Michael Yew, que morreu em Williamsburg Bridge, a ponte que eu explodi para impedir um exército de monstros enviados por Cronos invadir nosso grupo de guerra.
Silena Beauregard, que morreu na batalha de Manhattan.
Zöe Doce-Amarga, que morreu quando salvamos Annabeth e Ártemis. E mais centenas de semideuses, de ambos os lados da guerra.
Você podia ter evitado isso, O rio dizia. Devia ter pensado em alguma coisa.
Varias vezes eu repassava todas essas mortes na cabeça. Como estariam todos hoje? Nico e Bianca felizes e juntos, Silena e Charles juntos...
Minha cabeça dói e sinto meu corpo tremular. Por que eu não fiz nada para salva-los? Por que deixei que Michael e Charles se sacrificarem? Por que não fiquei de olho em Bianca, e a impedi de pegar a estátua? Por que não lutei com mais força, mais vontade? Poderia ter evitado a morte de muitos semideuses, não apenas meus amigos. Eu realmente mereço estar vivo? Uma vida feliz com Annabeth?
Agora não é hora de pensar nisso. Não posso escutar o Rio.
Tenho que pular.
Por isso, forço meu corpo a me obedecer. Com dificuldade, me levanto do chão, no qual nem percebi estar ajoelhado.
Escuto Nix chegando. Posso não merecer, mas os semideuses lutando enquanto estou aqui, e tantos mortais comuns, merecem. Por isso, pulo.
Dou um salto por cima do Rio Aqueronte. Não corro o risco de mergulhar e ficar preso.
E então, estou em terra firme de novo, no outro lado da margem da Mansão.
Assim que olho para frente, não gosto do que vejo: um vale se estende, grande o bastante para abrigar a Baía de São Francisco. Um barulho ritmado vem de todos os lugares, como se trovejasse sob a terra. Sob as nuvens venenosas, o terreno aberto tem um brilho roxo, com cicatrizes escuras vermelhas e azuis.
Ali está o coração do Tártaro.
E logo no centro do vale, ha um aglomerado irregular de incontáveis pontos pretos. Estão tão longe que demorei um pouco para me dar conta de que são monstros. Milhares de monstros. Todos em torno de um ponto escuro central. Mesmo da extremidade, podia sentir seu poder atraindo minha alma.
As Portas da Morte.
A saída.
————————————————————————
Revisado!
VOCÊ ESTÁ LENDO
Dark Percy
FanfictionEm revisão! Percy salvou Annabeth e caiu no Tártaro sozinho. O que aconteceu com Annabeth? O que aconteceu com Percy? Percy mudou? Como Percy enfrenta os desafios no Tártaro? Descubra isso e mais coisas nesse livro! .Personagens de Rick Riordan .Liv...