Capítulo 35 (Parte II)

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"Remendar o que foi quebradoDesdizer estas palavras ditasEncontrar esperança na falta de esperançaMe tirar desse desastre

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"Remendar o que foi quebrado
Desdizer estas palavras ditas
Encontrar esperança na falta de esperança
Me tirar desse desastre." - Train Wreck, James Arthur


O indiano caminhava lentamente pelas ruas da cidade, vendo os casais em seus encontros ou os pais comprando presentes para seus filhos. Ele gostava do clima pacífico do Natal, apesar de não comemorar. Os seus passos eram direcionados para a área mais afastada da cidade, saindo dos limites do município para seguir por uma larga estrada de terra. O seu olhar era focado no horizonte, tendo uma bela visão das árvores largas e do caminho por causa da fileira de postes. Então, Dinesh subia até a parte mais alta da área urbana olhando para trás e vendo a extensão de toda a cidade. As casas, os carros, os prédios pareciam maquetes naquela distância. O vento gélido da noite de inverno atravessava as longas mechas soltas do seu cabelo, causando leves calafrios quando tocava a sua face.

Ele seguiu sua caminhada até passar pelo portões do cemitério, encolhendo as mãos dentro do sobretudo. O ar gelado saía de seus lábios levemente trêmulos e, apesar do corpo clamar para retornar para casa, o homem sabia que não voltaria para lá. Não mais.

A sua caminhada teve fim quando parou diante da lápide do seu pai. Na pedra, estava entalhado o nome "Raj Yamir", a data do seu nascimento e de falecimento além de uma frase de Buda: "Quem viveu sabiamente não deve temer nem a morte". Ele notava a continuação da frase, lendo em voz alta:

"Sentiremos a sua falta, eterno pai e marido, Raj Yamir."

Por um bom tempo, o silêncio fez-se presente. Dinesh encarava aquele pedaço frio de pedra, custando-se a acreditar de que o homem com sorriso caloroso estava embaixo de seus pés. Por mais que acreditasse na reencarnação ou na continuidade do espírito, também não deixava de sofrer pela falta constante da figura paterna.

Lentamente, seus joelhos tocavam o chão ao mesmo tempo que as longas mechas do cabelo balançavam de forma sutil o movimento. A visão da lápide tornava-se embaçada por causa das lágrimas e, por um instante, desviou a atenção para as mãos trêmulas. Todo o seu corpo tremia, principalmente seus ombros ao deixar o choro de longos anos sair. Desde que assumiu a empresa, não teve tempo de sofrer pela morte do pai. Por isso, naquele momento, decidiu extravasar todo o sentimento de luto em seu peito. Dinesh abaixava a cabeça tocando a testa no solo enquanto puxava com força os fios de seu cabelo.

— Eu estou com medo...! Eu não quero me afastar da minha família...! Eu não quero... Não quero... Não estou pronto para isso... Mas eu prometi. Eu prometi ao senhor que iria protegê-los. — dizia entre soluços, sentindo os olhos arderem por causa das lágrimas. — Cada um deles caiu, cada um que poderia trazer infelicidade para minha família e agora... O último irá cair... Eu.

Dinesh sentia-se assustado, desolado e quebrado. Ele jurou afastar todo o mau de sua família mas nunca imaginou que se veria, no final, como a própria ameaça àqueles que ama. O seu coração doía em um misto de medo e arrependimento. A sua vingança estava concluída e, mesmo tendo derrubado as piores pessoas que conhecia, se sentia tão vazio. No momento, tudo o que desejava era reviver as memórias acolhedoras com a sua família. Durante sua crise de choro, lembrou do abraço apertado de seu pai e as suas palavras de incentivo. Por Raj, ele se esforçou tanto para manter a empresa e tentou realizar o sonho de fazê-la ocupar o primeiro lugar no ranking mundial — e, atualmente, ocupa o segundo.

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