Capítulo 37

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"Tenho medo de tudo que eu souMinha mente parece uma terra estrangeiraSilêncio ressoa dentro da minha cabeçaPor favor, me leve, me leve, me leve para casa

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"Tenho medo de tudo que eu sou
Minha mente parece uma terra estrangeira
Silêncio ressoa dentro da minha cabeça
Por favor, me leve, me leve, me leve para casa." - Arcade, Duncan Laurence


Apesar de ter lidado com todo tipo de notícia, agradável ou não em sua vida, Dinesh se encontrava sem palavras. O seu olhar tornou-se distante por longos segundos e ele engoliu seco, sentindo um nó se formar em sua garganta. O seu coração batia de forma inquieta em seu peito enquanto respirar tornava-se uma tarefa cada vez mais difícil. Por outro lado, o advogado tentava manter a calma, comentando:

— Mas podemos fazer algo a respeito, senhor Yamir. Eu vou contratar os melhores detetives particulares da região para encontrar provas ao seu favor.

— Eu não me importo. Não quero que faça nada, senhor Homura.

— O senhor ficou maluco?! — exclama incrédulo. — A sua punição será pena de morte. Sabe o que isso significa?

— Acho que está longe de ser um SPA nas Maldivas, não é?

— Não é momento para brincadeiras, senhor Yamir. Nós não podemos ficar de braços cruzados em uma situação como essa. É o meu dever, como o seu advogado, te defender até o final do processo.

— E como o seu cliente, não quero defesa.

— Ora, por que não?

— Porque eu errei muito ao longo da minha vida e está na hora de pagar. Eu não posso continuar seguindo em frente sabendo do dano que causei à Sakura, mesmo ela tendo me perdoando. O problema é que eu não consigo me perdoar.

— O juiz te absolveu do estupro!

— Mas eu não estou me baseando na droga de uma lei, e sim no que eu acho correto! Eu estou cansado de ouvir todos os dias ofensas sobre isso, estou cansado de ser humilhado por causa desse erro. Por isso, a única forma de se livrar do meu carma é pagar com a minha vida.

Homura o encarou totalmente boquiaberto antes de afundar o rosto em ambas as mãos, deixando um longo suspiro de frustração escapar por seus lábios. Dinesh mantinha-se com o mesmo semblante calmo apesar da notícia chocante.

— O senhor enlouqueceu na cadeia, é isso. Se eu pedir para ser realocado para um hospital psiquiátrico, talvez...

— Se quiser me defender, tudo bem, mas não faça mais do que o necessário. Eu mereço esse final.

O advogado respirava fundo, limitando-se a apertar a mão do seu cliente e sair da sala antes de acabar brigando com ele. Por outro lado, o Yamir permanecia com o mesmo semblante calmo e se erguia para ser guiado em direção à sua cela.

Como o acordado, Dinesh foi realocado para outro presídio. Antes de sair da antiga cela, o indiano fez uma breve reverência em forma de agradecimento pelos meses de convivência com os detentos e depois deu uma piscada para o guarda, mostrando discretamente o dedo do meio. Ao ser transferido para outra penitenciária, o Yamir já sentiu a diferença no tratamento. Os funcionários locais o tratavam com indiferença mas, ao menos, não recebia nenhum olhar ou palavra hostil. Os seus colegas de cela eram mais comunicativos, o que causou certo alívio nele já que temia enlouquecer por guardar os pensamentos só para si.

O filho perfeitoOnde histórias criam vida. Descubra agora