Capítulo 9

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SHADE

– E você constatou esse fato como? – ponho as luvas descartáveis enquanto examino um dos mutantes que jura, de pé junto, que está morrendo pois não consegue sentir gosto de nada. Há feridas no céu da boca e não importa o quanto escove os dentes, tem um mau cheiro que não sai da sua garganta.

O Doutor Alan está me observando e se segurando ao máximo para não rir da situação, afinal foi ele que me jogou ao fogo para cuidar desse paciente.

– Cara, como não posso estar morrendo? – o aluno continua com o drama desnecessário. – Não estou sentindo gosto e está saindo um cheiro insuportável de defunto da minha boca! Eu já morri?!

–Abre a boca por favor? –peço pegando um palito de sorvete e me aproximando dele, que faz como pedi.

Realmente é um cheiro insuportável, mas nada tão grave que vai matar ele.

–Fez sexo oral em alguém nos últimos quinze dias? – jogo as luvas fora e o palito também.

–O que isso tem a ver? – o garoto que mal tem barba me encara totalmente curioso.

–Que você não vai morrer, está com sífilis. – explico pegando uma seringa e o medicamento – É alérgico a penicilina?

–Penicilina?  O que é isso? – seus olhos agora estão arregalados.

–Antibiótico. Esse aqui é Benzetacil. – pego um band-aid e um algodão.

–Sou! – ele rapidamente concorda com medo.

–Aha! Te peguei, ninguém é alérgico a Benzetacil! –dou um sorriso divertido pondo o líquido na seringa.

–Shade... –doutor Deaton chama minha atenção, de olho no que estou falando.

–Confessa. – mostro a seringa – Você só falou porque não quer tomar injeção.

O garoto assente sem nem tentar continuar com a mentira, e eu sorrio para Deaton cheio de razão.

–Não disse? Conheço esses aqui.


Então aplico a injeção dolorida no cara mando ele tomar cuidado antes de deixa-lo ir embora, e assim que a porta se fecha o Doutor começa a rir da minha cara por ter tanto trabalho para aplicar uma simples injeção.

–Você não presta. – aponto o dedo para ele em uma brincadeira. –Não sei porque aceitei esse estágio aqui sinceramente, você só me joga ao fogo!

–Sabe sim, é um bom garoto e um ótimo cientista. – ele me ajuda a limpar o que sujei – Que está se divertindo aqui, e merece esse doutorado.

–Bem Deaton, se você acha que pode me comprar com um doutorado, você está certinho! – solto uma risada baixa guardando as seringas fechadas na sua devida gaveta.

–Podia aproveitar sua experiência e ajudar sua amiga em medicina básica, futuro doutor. - Deaton joga enquanto anota algo na sua prancheta – Ela precisa

Olho curioso, enquanto guardo as amostras de plasma que usamos no refrigerador de armazenamento.

–Que amiga? –me encosto na minha mesa.

–Montiel. –responde sem olhar para mim.

Alissa.

Depois daquela madrugada onde nós passamos conversando e tentando distrair um ao outro, conversamos mais. Sinto que está fluindo uma boa amizade e isso é tudo o que eu preciso para ficar leve.

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