Capítulo 14

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ALISSA

Eu não sei nem o que pensar.

Nas últimas horas tudo o que eu evitei por meses voltou bem na minha cara com uma simples conversa com Shade. Já sabia que ele queria descobrir como vim parar aqui, e mesmo assim deixei que se aproximasse até ter coragem de perguntar. Até eu ter coragem de contar. Agora que a parte sombria escapou, me pergunto como vai agir, se está satisfeito por enfim ter arrancado esse segredo de mim.

A princípio, posso dizer que não estou entendendo nada. Estamos sentados juntos em sua cama, e ele tem um talento natural de me manter perto. Como dois imãs, em que somos polos inversos. Mas não é assustador como esperava, não sinto vontade de fugir.

É o verão. Ele é como o verão, o completo oposto do inverno em que estive imersa esse tempo todo. Shade Clearwater não me dá calafrios e essa é a primeira vez que um homem consegue evitar.

O moreno vira o rosto pra mim, deve ter percebido que estou encarando. Quando coloca meu cabelo pra trás, ele acaba encontrando a cicatriz da mordida no meu pescoço.

Onde tudo começou.

Seus dedos grandes e gentis tocam o lugar, automaticamente fazem meu abdômen de contrair em pânico e minha mente vai para muito longe:

...

–Diz o meu nome, Ali – o sussurro no meu ouvido provoca um arrepio, me deixando ainda mais perto do meu ápice, naquele momento tão fervoroso.

–Robert. –pronuncio com um suspiro, estou fora de mim –Eu te amo. Te amo, Rob.

O loiro enterra o rosto no meu pescoço e segue com seus movimentos precisos e cheios de experiência. Logo seu corpo estremece junto ao meu, e quando vejo soltei um grito.

Não do tipo de grito esperado na cama. Um grito de dor e susto, porque... eu não faço a menor ideia do porque, mas não é bom.

–Robert! –reclamo, exasperada – Você está me machucando!

Empurro seus ombros pra trás com força, tentando fazer a dor aguda no meu pescoço parar, mas é difícil com quase dois metros em cima de mim. Meus olhos já se encherem de lágrimas e a minha confusão se transformou em puro pavor.

–Robert!

Finalmente, ele parece entender.

Quando se afasta e me solta, parece transtornado. Meu sangue suja seus lábios, e seus olhos azuis mostram sede pura. Ganância, um desejo que eu não consigo entender.

–Que porra, Rob. – me sento na cama rapidamente, levando a mão a região da mordida –Você arrancou sangue? Ficou maluco?

Vejo ele limpar a boca e lamber os lábios saboreando cada instante. Meu estômago fica enjoado só com a ideia.
Longos segundos se passam até que tenha noção do que fez, e a dor que já lateja pelo meu corpo me faz estremecer.

–Ali! Cacete. –me olha apavorado –Isso nunca devia ter acontecido.

–Não, não devia. Vai ficar uma marca imensa, e nem foi bom. –reclamo.

–Não. Isso absolutamente não devia ter acontecido. Em mil anos, vão me matar! – ele se abaixa e começa a catar minhas roupas espalhadas.

–Preocupado com meus pais agora? Porque você nunca ligou pra eles e eu não vou deixar ninguém ver.

–Se veste e volta pra casa. Agora. –meu namorado joga minhas roupas do meu lado e começa a se vestir

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