Capítulo 13

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SHADE

– São quase seis da tarde. – comento vendo as horas no relógio do celular depois de tomar banho – E a gente só viu dois filmes.

–Por que você pausa a cada cena para olhar mensagens no seu celular.

Alissa está toda encolhida na cama grande em que nós dois estamos, provavelmente morrendo de frio, porque um temporal trouxe mais uma nevasca para Brașov. Já em mim algo está mais aquecido do que nunca por ela ter vindo até aqui só para me ver. Ainda estou morrendo de dor e cansaço, mas estou mais alerta do que nunca com essa garota na mesma cama que eu.

–Lissa? – chamo tomando coragem.

–Sim? – responde sem virar o rosto. Ela não olha pra mim desde que Harvey apareceu.

–Você está com frio, ou é só impressão minha seus dentes batendo? – presto atenção nela.

–Tenho certeza de que a temperatura nesse lugar já está negativa. – tenta justificar, sem querer dar o braço a tocer.

–Vem aqui? – chamo para o espaço perto de mim. – Está mais quente do que ai na ponta da cama.

Ela suspira, como se não soubesse o que fazer.

–Acho melhor eu ir buscar outro casaco.

Nego levantando da cama com cuidado e muito esforço. Merda, tudo ainda dói.

–Não precisa. – abro o guarda roupa e tiro um dos meus moletons – É o mais quente que eu tenho.

Jogo o moletom na direção dela e me esforço para voltar para a cama.

–Você não devia levantar assim, seu teimoso. – ela reclama mas mesmo assim me ajuda a entrar debaixo da coberta – É pra isso que estou aqui.

Só depois de brigar comigo, quase enfiando as cobertas na minha cara, ela pega o moletom pensando no que fazer.

–Você sabe que também é uma teimosa, né? – seguro nas suas mãos – Eu prometo que eu não vou fazer nada, sou uma fonte de calor amiga. Você precisa de espaço para descansar de qualquer jeito.

Ela puxa as mãos das minhas e volta para o outro lado da cama, me fazendo suspirar. Não é possível que eu seja uma criatura tão desprezível assim.

–Alissa? – chamo de novo, mas com mais cautela dessa vez – Pode ao menos falar comigo, então?

Surpreendentemente, e com um bom tanto de relutância ela se aproxima, pelo outro lado da cama, depois de tirar os tênis.

Isso é progresso, senhoras e senhores.

–Não foge de mim. –peço olhando na sua nebulosa azul – Só quero falar com você, direito. Somos amigos, certo?

–Sim, acho que somos. Porque você é simplesmente incansável, então não tenho escolha.

Sei que está brincando, por isso dou uma risada fraca e me sento de frente para ela. É, sou um teimoso incansável.

..."A gente é demais. Só cuidado pra não pisar na bola logo agora"...

–Então fala comigo. –procuro seu olhar – Do que você tem tanto medo em mim? E não adianta dizer que é o lobo, essa desculpa não cola.

–Não tenho medo de você, se tivesse não seríamos amigos.

–Desculpas mas não é o que parece. – aproximo minha mão da sua – Você não nasceu assim. – observo – É recém-criada. Por isso tem medo?

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