ALISSA
Sete da manhã, bem no meio da semana, e acho que meus olhos vão se fechar contra a minha vontade. Talvez minha cabeça caia no prato do café da manhã e eu tire um bom cochilo, porque se não vai acontecer durante a aula. Hoje não me importo, não é sono por uma coisa ruim. Quase difícil de acreditar, mas não dormi porque estava me divertindo noite passada.
Rose e eu ficamos até às cinco da manhã assistindo os filmes que Shade colocou no pen-drive junto com uma caixinha que nos mandou. Eram clichês muito bons pra não ficarmos obcecadas, e comemos tanto doce, graças a ele, que o açúcar não nos deixaria dormir de jeito nenhum.
Talvez ele seja mesmo uma das melhores pessoas desse lugar, por isso está conquistando um lugar no meu coração mais rápido do que deveria. Mas o que posso fazer? Ele é calmo, engraçado, me tranquiliza sem fazer perguntas difíceis, além de estar me ajudando com os problemas do laboratório.
A pior parte, é que parece real. Procuro por sinais de mentira por trás de seu sorriso o tempo todo, mas não consigo encontrar. É preocupante, mas da primeira vez eu não estava olhando. Agora estou atenta, e mesmo que esteja cometendo um erro, vou tomar cuidado. Não consigo e nem quero ignorá-lo, me acostumei mesmo sem querer, e meu passado não vai me tirar isso também.
Não o pequeno pontinho de luz no meio da escuridão.
–Por que você odeia tanto o Clearwater? –crio coragem para, finalmente perguntar ao Noah.
Talvez o sono esteja tirando meu juízo.
–Por que ele é um traíra. –me responde sem dar detalhes.
–Essa parte eu já ouvi. Mas não explica nada.
–Ele é um traidor, éramos melhores amigos e ai ele me apunhalou pelas costas. – loiro revira os olhos.
–Você nem ouviu o que ele tinha para dizer. –Jake responde antes que eu possa perguntar de novo, se sentando na mesa ao lado com Hilary e Andrew. Os quileutes, exceto Shade. – Se você tivesse ouvido ele não tinha deixado de ser o seu melhor amigo, e entenderia que não foi uma facada nas costas.
–Bom, agora ele é o seu melhor amigo Black. – Noah alfineta e posso jurar que encobriu uma pitada de ciúmes com o desprezo. – Faça bom proveito.
Ah, ai tem coisa. E eu ainda vou descobrir.
–Eu faço. –Jake pisca, começando a comer.
–Falando nele, onde está? – Rose pergunta olhando para os lados.
–É, cadê o amigo vira-lata de vocês? –Léger implica.
–Tá envenenado no quarto, morrendo de dor. –Andrew dá de ombros, tomando um gole de café.
Ele diz com naturalidade. Total naturalidade. Do tipo: "Ah, só o envenenamento do mês." Mas... isso devia fazer sentido?
–Envenenado? –repito.
–Meio que drogaram a bebida dele ontem, com Ecstasy. – Jake me explica – O efeito deve passar em... uma semana mais ou menos. Pode ser menos, pode ser mais. Só que até lá, ele está de cama e de atestado.
–Ah... –falo sem reação – Parece sério.
–Nah, ele é duro na queda. –o moreno balança os ombros largos, sem um pingo de preocupação.
Me lembro do que ele disse: "não vai ter nada demais, só gente bebendo e dançando". E drogando a bebida dos outros, esqueceu de mencionar. Sabia que não cheirava bem, festas serão festas, independente do lugar.
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Criaturas da Noite
FantasyDizem que os olhos são a janela da alma, e os de Alissa Montiel sempre se destacaram ao longe. Brilhantes como pedras preciosas, misteriosos como uma galáxia desconhecida, são uma mentira. Mentira que Alissa odeia. Não vê nada de luminoso em si mes...