Minhas pernas começaram a tremer ao ver que Sebastian estava sentado em uma das cadeiras em frente a passarela. Quando ele me viu, o queixo caiu. Será que ele não sabe que estou aqui, e que sou modelo? Firmei minhas pernas e desfilei perfeitamente como sempre. Minha sorte é que foram só quatro trocas, rapidinho o desfile acabou. Entrei no camarin, coloquei a roupa com a qual cheguei na agência e quando abri a porta para sair — como já era de se esperar — Sebastian estava ali.
—Angie... — a primeira coisa que fiz foi verificar seu pescoço, e a corrente com o pingente estava ali.
—Oi.
—Tudo bem? Como você está?
—Como pode ver, ótima.
—Que bom. Você... Você está usando o pingente... — uma lágrima rolou pelo seu rosto.
—Bem... Estou.
—A gente pode conversar? Por favor.
—Primeiro me fala, você está casado? — olhei para o chão.
—Não! Como pode pensar nisso? — ele franziu o cenho.
—Tem filhos? — perguntei olhando em seus olhos.
—Não! — ele respondeu.
—Ótimo. Então podemos conversar sim. Estou indo para casa, se não tiver nada importante pra fazer, pode vir comigo. Só faço isso porque confio em você.
—Posso sim. Não tenho nada mais importante do que falar com você.
—Bem, então vamos. — comecei a caminhar pelo corredor e esbarrei em Cristine novamente. —De novo não, né?!
—Ainda bem que você vai embora. Não te suporto. — os olhos dela encontraram Sebastian que estava atrás de mim e um sorriso se formou em seus lábios.
—Tá olhando o quê? Quer um igual? Vai ter que rebolar, meu bem. Duvido alguém assim te dar bola. Beijo! — sorri e continuei caminhando.
Durante o percurso até em casa, Sebastian não falou uma única palavra e eu também não. Quando chegamos, entramos em minha casa e entreguei minha bolsa a Xavier.
—Quer alguma coisa? — perguntei.
—Um café por favor. — Sebastian disse.
—Ok, traga dois cafés Xavier, e por favor, por nada nos interrompa.
—Sim senhorita. — ele assentiu e saiu.
—Me acompanhe, vamos até a sala.
—Que lugar enorme.
—Trabalhei pra isso. Senta aí.
Ele sentou e eu sentei no outro sofá em sua frente. Queria olhar nos olhos dele.
—Sabe... Eu pensei que no dia que te visse de novo, não iria me controlar e iria desmoronar, chorar, correr. Mas como pode ver, aqui estamos sem choro e sem fugas.
—Você é uma mulher forte.
—Eu chorei Sebastian. Eu chorei por você várias vezes, a noite, de madrugada, de manhã, de tarde. Quando pegava o embrulho do presente, eu chorava, mas depois de ficar em mil pedacinhos, sozinha eu me reconstruí.
Ele continuou calado.
—Para ser bem sincera, abri o presente ontem. Li a carta ontem, comecei a usar o pingente ontem. Nesses anos me sobraram lágrimas mas me faltou coragem.
—E como se sentiu quando abriu?
—Me senti mais leve. Chorei novamente. Sorri.
—Você ainda sente algo por mim?
—Ah, por favor! Me poupe. Esse pingente aqui é o que? Estou usando por que achei bonito? É isso que você está pensando?
—De maneira nenhuma.
—Estou sendo grossa? Estou. Mas os espinhos que um dia você espetou em mim, hoje eu mesma consegui tirá-los.
Xavier chegou com as xícaras de café e entregou-as.
—Isso é tudo, obrigada Xavier. Pode se retirar.
—Com licença.
Sebastian deu um gole no café, soltou a xícara sobre a mesa, me encarou...
—Angelique, eu te amo. Eu nunca deixei de te amar.
—Sebastian, antes de falarmos sobre nossos sentimentos, por que fez aquela cara quando me viu desfilando, e o que faz em Paris?!
—Bom, eu vim para Paris a duas semanas, fui convidado por uns amigos para fazer essa viagem e aceitei, estava precisando. E, bom, eu não fazia ideia de que você morava aqui, e de que era uma modelo, que pelo visto é muito famosa.
—Entendi. É, sou famosa sim. Conquistei tudo com o meu esforço. Mas a Dulce me disse que chegou a comentar na escola que eu havia me mudado para cá.
—Você não soube que no meio do ano eu saí da escola?
—Ah... Não.
—Eu evitava falar seu nome, e ouvi-lo também. Quanto mais ouvia ou falava, mais saudade eu sentia.
—Tá bom. Sejamos diretos. Eu também te amo. Mas não quero coisas pela metade. E não quero que me faça sofrer novamente.
—Isso não vai acontecer! Eu te prometo. Confia em mim? — ele levantou e veio até mim.
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Ecos De Amor - Livro 2
Hayran KurguÉ necessário ler o livro 1 antes! Angelique Boyer se mudou para Paris a dois anos, para realizar algo que sempre quis: ser modelo, e para esquecer uma desilusão. Faz sucesso em todas as passarelas, se tornou a modelo famosa que sempre sonhou. Agora...