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Todos os moradores dos reinos sabem de seu difícil acesso à água. Que deve ser conservada e usada com muita cautela.

O Reino do Mar é o que menos se preocupa com isso. É o Reino que mais tem correntes de água, onde existem correntes de água doce e salgada. É um mistério para todos a existência de sal na água. Os governantes desse reino já viajaram aos outros reinos para saber se existe a mesma água salina em suas terras, e a resposta foi não, só temos correntes doces.

Nesse reino, na cidade de Vecla, existe uma menina mulher fascinada por essa água salgada. Sua inteligência e criatividade são usadas a favor dessa água. Ela passa dias, e mais dias, pesquisando, conhecendo, analisando cada partícula dessa água.

Apesar de sua pouca altura, ela tem uma personalidade brilhante. Seus olhos são atrevidos, seu rosto é meigo, transbordava amor. Mas quando está em locais públicos ou na companhia de pessoas, todos ao seu redor dão risadas, se sentem alegres, confiam nela mesmo não a conhecendo.

O longo cabelo liso e negro de Rowena balançava com um vento calmo que abraçava ela.

Estava analisando mais uma vez a água salgada quando uma risada soou. No mesmo instante ela silenciou seus pensamentos para captar novamente o som.

Alguém sorriu de novo, como uma criança rindo. O sorriso apareceu novamente e parecia uma idosa.

– Quem tá aí?- ela olhou ao redor, mas em quilômetros de deserto e água salgada não tinha ninguém.

Era só ela e a água e o vento que balançavam seu cabelo.

Você é muito bonita, Rowena.

Ao ouvir aquilo o vento balançou o cabelo de Rowena, o tirando do lugar e bagunçado tudo.

– Repito, quem está aí?

– Ah, você não me conhece. - uma risada soou após ter dito aquilo – Devo apresentar. Me chamo Iana e sou a deusa do vento.

Em resposta a voz, o vento começou fazer um redemoinho no deserto. Areia flutuava por todo lado, Rowena tampou os olhos.

– Oh deusa do vento, poderia por obséquio fazer esse vento parar.

O vento parou. Se silenciou.

– Obrigada.

Rowena voltou a sua análise. Pegou um recipiente e colocou água dentro. Balançou, balançou até que a curiosidade bateu na sua cabeça.

– Mas por que você está aqui sussurrando em minha mente?- ela disse de calma e curiosa.

Foi enviada até você. Durante muito tempo esperei por você. Rowena você aparecia em meus sonhos a séculos, e finalmente está aqui. - a voz suspirou – Agora, você é a abençoada do vento, na terra.

– Eu o que?- disse ela.

Eu sei que você entendeu, queridinha.

Certo, o que eu faço agora?- Rowena se levantou da beira da água e limpou a areia que estava em seus joelhos.

Sinta-se, agora, abençoada.

E nesse momento o corpo de Rowena ficou mais leve. Formigava de dentro para fora.

Algo foi aberto. E outra coisa fechada. Sentiu mudar, fica diferente. Ela fechou os olhos para sentir a sensação completa.

O vento rodopiou ao redor dela por completo. Elevou seu cabelo e sentiu o vento, de alguma forma, pesando sua mão. Como se um rosto deitasse e pedisse carinho.

E ela fez. Deslizou o dedo pelo ar, e em seu rosto apareceu um sorriso. Ela suspirou, e abriu um largo sorriso.

– Então, meu dom é o do vento?

Sim, queridinha.

Rowena balançava os dedos sentindo o vento entre eles.

Ideias passaram em sua mente e ela se atreveu a fazer uma.

Ela esticou a palma da mão direita, e apontou o dedo da mão esquerda na mão. Começou a fazer círculos e desejou um mini redemoinho. O vento parecia aceitar a travessura dela e começou realizar o mini redemoinho. O vento girava, girava, girava e Rowena sorriu, ou melhor, gargalhou de pura alegria.

A alegria dela parecia alegrar o vento, pois ele balançou o longo cabelo dela.

Sei que está se divertindo, queridinha. Mas preciso lhe informar uma coisa.

O sorriso desapareceu do rosto de Rowena.

Teremos que fazer uma breve viagem.

– Sabia que esse sonho estava doce demais para ser verdade. - ela suspirou - para onde iremos?

Temos que ir para o Reino do Vento.

A boca de Rowena se abriu em um O perfeito. As lembranças de um tempo com certa pessoa daquele reino apareceram claramente em sua memória.

Seu corpo todo se aqueceu com a memória dos lábios carnudos e quentes por todo seu pescoço, lembrou as mãos grandes e carinhosas que apertavam sua cintura e segurava seu cabelo enquanto beijava a dobra do seu pescoço.

Rowena fechou os olhos e suspirou com a lembrança, tantas promessas foram trocadas e esquecidas.

Ela balançou a cabeça trazendo de volta a realidade.

– Aquele reino não é meu favorito, mas preciso de uma viagem para conhecer as coisas, não é mesmo?

Claro.

Rowena largou tudo que estava fazendo e caminhou em direção a cidade. Todo caminho ela passou brincando com o vento. Fazendo redemoinhos, fazendo seu cabelo flutuar.

– Você pode me explicar o motivo dessa longa viagem?

Temos que encontrar uma pessoa chamada Aiyana Ventlina. Ela é a abençoada de todos os dons. Toda terra que pisamos, moramos e vemos está sob uma maldição lançada há 250 anos. Agora a pessoa responsável por desfazer tudo isso apareceu e nós devemos encontrar ela, aprender com ela, ajudar e proteger.

Sinto como se minha vida dependesse totalmente dela.

Pois depende, eu só apareci para você pois ela apareceu.

Rowena balançou a cabeça em concordância e continuou caminhando.

Sua mente só trazia lembranças da pessoa que prometeu tanto a ela.

Tudo que aconteceu entre eles dóia quente e parecia tão eterno.

Seus corpos se encaixavam perfeitamente, como chaves e cadeados. Suas mãos eram o encaixe perfeito. A lembrança do cheiro dele estava grudado eternamente na mente dela.

Em seus 19 anos, ele tinha sido o primeiro.

O encaixe. A química. O amor. Foi somente com ele.

As risadas que eles deram, foram as mais lindas.

Ele acompanhava ela em suas pesquisas. Observava ela analisando a água, uma certa vez até tentou beber da água salgada, ela sorriu ao ver ele sair correndo para um córrego de água doce.

A ansiedade de ver os olhos dele começaram queimar em sua pele. Eles tinham que conversar, ele tinha que se explicar.

Uma hora eles estavam juntos, na outra ele foi chamado e somente deixou um recado.

Terei que voltar ao meu reino. Espero ver você novamente. Temos uma vida inteira para vivermos juntos, temos que analisar toda essa água salgada. Espere por mim.

Todo seu, Cillín.

Ela chegou a cidade, sua casa ficava logo na entrada.

Arrumou rapidamente tudo que tinha. Pegou água, comida, roupas e a carta que lhe foi deixada.

– Vamos, Iana. Espero que você saiba o caminho.

Fique tranquila, eu sei bem o caminho.

A AbençoadaOnde histórias criam vida. Descubra agora