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Aiyana sabia que estava viva, mas sua mente foi teletransportada para o fundo de um poço frio e escuro. Sentia seus pés tocando o chão gelado, e os fios do seu cabelo estavam molhados por conta da umidade de onde estava.

O cheiro do local lhe remetia a casa. Sentia vontade de se deitar e deixar aquela escuridão embalar seu sono, um sono profundo e sem sonhos.

A vaga lembrança do que havia e estava acontecendo retornou a sua mente. Se lembrava de ter sido atingida, de ver um brilho forte e quente lhe atingindo bruscamente, se lembrava de sentir a pedra se esquentar em seu pescoço e depois foi inundada pelo poder escurido e forte, se lembrava de olhar suas mãos e ver as marcas. A partir daí, ela estava nesse poço frio.

Algo chamou a atenção da alma de Aiyana, todo seu corpo se arrepiou e sua audição ficou aguçada. Somente aí ela conseguiu ouvir os gritos de ajuda. Todas as vozes eram reconhecíveis.

Primeiro ela ouviu Rowena gritar, como se tivesse sido atingida por um pedaço de madeira e sentisse dor por todo seu corpo. As vozes de Tyr e Cillín tinham a mesma rouquidão de como se estivessem sendo enforcados. E Azura sussurrava, provavelmente fraca demais para gritar.

Maldição! Por quanto tempo estava naquele poço?! O que estava acontecendo? Tinha que sair de lá imediatamente.

Uma imagem clara do salão de duas cores - branco e preto - apareceu em sua mente. Seus amigos estavam jogados no chão juntos a um outro corpo. O cabelo estava branco e a respiração era lenta demais, dava a breve impressão de que estava nos últimos segundos de vida. O corpo jogado no chão era exatamente como o seu, as curvas, a cor, o tamanho era exatamente igual.

Aiyana sentiu seu corpo latejar com a imagem de seus amigos sofrendo para cuidar de um corpo jogado ao chão. Ela parou, analisou e observou a cena.

Seus amigos, protegiam um corpo.

O corpo dela.

A sua alma havia saído do seu maldito corpo e se enterrado nas profundezas da escuridão após ter dado a permissão do poder lhe subir a superfície.

- Me deixe sair agora mesmo. - ela disse a ninguém menos que o frio e puro breu.

Aiyana não sabia como sair dali, mas devia haver alguma forma, alguma alavanca, palavras, gestos. Ao observar novamente a imagem do salão onde seus amigos tentavam se erguer, Rowena projetava um escudo ao redor deles. Entretanto, o escuro era fraco, seria impossível protegê-los por muito tempo. Ela deveria sair e ajudar.

No altar, Solaria sorria ao ver que seu poder era usado para machucar os abençoados, e Luaria estava amarrada com cordas feitas de luz, a mesma estava desacordada.

Solaria é o próprio mal. Algo deveria ter acontecido a muito tempo para chegarem naquele ponto. A história não diz nada referente a Solaria, deusa da luz e da paz, ser a pessoa em que sorri ao ver uma outra pessoa chorando de dor.

- Aiyana.

Alguém estava ali, ela tinha ouvido seu nome sendo sussurrado de forma fraca.

- Sou eu. - respondeu ela.

- Preste atenção nas minhas próximas palavras.- Aiyana respirou fundo e afirmou com a cabeça.- Aquela deusa no altar cometeu algo terrível a séculos atrás. A história por trás de tudo isso é gigantesca, irei resumir tudo, mas preste atenção. Somente você poderá refazer toda história.

O coração de Aiyana tamborilava de forma rápida, ansiosa para ouvir o que aconteceu e achar a forma de sua alma retornar ao corpo.

- Luaria e Solaria são irmãs gêmeas. Elas são filhas de uma deusa a muitos séculos esquecida, e de um abençoado que havia, de alguma forma, herdado o dom da luz e da escuridão. Luaria nasceu antes de sua irmã, e ao sair das entranhas da mãe, seu cabelo era branco com a luz da lua e do sol, e sua irmã tinha os cabelos negros e brilhantes com a noite.

A AbençoadaOnde histórias criam vida. Descubra agora