Aiyana encarava Solaria, e Solaria a encarava de volta.
Apesar de ser menor em estatura, Aiyana olhava para a deusa a sua frente como se ela fosse inferior. Talvez, de fato, fosse. O poder que circulava pelas veias de Aiyana não tinha fim.
A herdeira da escuridão caminhou em direção a deusa, olhando-a de cima a baixo, examinando cada ponto e parte do corpo. A deusa sabia que algo havia acontecido, que alguém nos verdes prados havia mexido na essência e nos poderes de Aiyana.
Solaria apenas se afastava. Seus séculos de treinamentos e dominação de todo aquele poder não seriam capazes de conter a fúria do poder de Aiyana. Ela podia sentir o cheiro do frio, geada e água que estava ao redor de Aiyana. As sombras caminhava ao seu encalço, como se estivessem protegendo a abençoada.
- Você acha mesmo que pode machucar meus amigos? - disse Aiyana. Um chicote do seu poder frio e escuro acertou a lateral do rosto da deusa. - Acha mesmo que pode simplesmente colocar sua irmã em um feitiço para me machucar?
Enquanto Aiyana se aproximava e lançava chicotes de seu poder em direção a Solaria, ela se afastava. O poder daquela que lhe atingia era grande demais para que pudesse haver um combate frente a frente.
- Não se afaste de mim, Solaria. - um sorriso totalmente fora dos padrões de sorrisos fofos apareceu no rosto de Aiyana. Aquele era um sorriso de quem iria fazer alguém sentir dor, era aquele sorriso que aparecia no rosto de alguém que iria, enfim, cumprir sua vingança.
- Não quero lhe machucar garota.- disse Solaria. Ela jogou uma bola de luz em direção a abençoada que simplesmente segurou nas mãos e a transformou em um espera negra.
A luz havia sido transformada em pura escuridão.
Aiyana encarava a bola em sua mão. Ela começou a brincar, jogando para cima e segurando novamente.
Um sorriso de lado apareceu em seu rosto.
- Vamos conversar, Solaria. - disse Aiyana alegremente.- Vou lhe fazer uma pergunta, se você acertar, eu jogo essa linda e imaculada bola para cima e ela vai decidir em quem vai cair. E se você errar, jogo em você.
Solaria já era pálida, após aquele desafio proposto pela abençoada, ela se tornou ainda mais branca como se nenhuma gota de sangue corresse em suas veias.
Do outro lado do salão, jogados ao chão, Cillín e Azura despertavam após desmaiarem dos impactos sofridos por Solaria. A dor corria todo o corpo deles, Azura sentia sua perna latejar, e Cillín sentia seu braço esquerdo e sua cabeça latejar de forma impassível.
Suas visões estavam embaçadas mas conseguiram identificar perfeitamente aquela silhueta. A mulher que enfrentava uma deusa era a sua amiga, a mulher que era responsável pelos seus aprendizados, e eles responsáveis pela segurança dela.
As sombras sussurram ao ouvido de Aiyana que seus amigos tinham despertado, ela virou o rosto para encarar eles. As expressões de dor partiram seu coração. Azura acenou para ela, e novamente sentiu a vontade de lutar e proteger.
Aiyana se voltou para a deusa em sua frente, aquela estava mais pálida que as areias brancas e finas do deserto da Lua.
- Vai aceitar ou não, Solaria?
A deusa não conseguia dizer nenhuma palavra, apenas assentiu em confirmação.
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Solaria se amaldiçoou por ser tão fraca perante aquela menina à sua frente. Mas, como poderia bater de frente com uma pessoa que exalava aquele poder? Quando ela sentia somente o leve cheiro de luz, os cheiros de água, brasa, terra e ar ela poderia ter acabado com Aiyana em segundos. Mas agora ela só sentia o cheiro do seu verdadeiro dom, o cheiro da escuridão que ela possuía.
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A Abençoada
FantasyIndicado ao Wattys 2021. Uma maldição foi jogada por toda terra há 250 anos atrás. Um mundo que era florido, com alimento para todos, água abundante foi resumido a dunas de areia, alimentos mínimos, pequenos córregos de água doce. As brigas, guerra...