O universo e todos os outros seres extremamente poderosos que habitam outras dimensões, sabiam exatamente o que estava acontecendo na terra.
O poder que a muitos e muitos séculos estava adormecido havia sido despertado por uma menina comum que tinha sido abençoada por quatro deusas e tinha simplesmente ganhado o poder da Luz e da Escuridão. Mas ninguém havia contado para essa menina que um dos seres poderosos iria querer de volta o poder. Ninguém havia lhe contado sobre o que tinha acontecido milênios atrás, ou ninguém sabia de fato o que tinha acontecido.
Somente dois seres sabiam. Um deles era Solaria, poderosa ser que mandava e desmandava na luz e na paz de toda terra. O outro era Luaria, poderosa ser que mandava e desmandava no sofrimento e escuridão de toda terra.
Enquanto a Escuridão se erguia e se preparava para ir em direção a Aiyana e os demais abençoados, Aiyana procurava uma forma de distrair Solaria e tirar todos do palácio. Como ela iria realizar esse prodígio? Não sabia. Mas deveria sair de lá.
Por trás daquelas paredes dormia a rainha do Reino do Vento e a herdeira do trono.
A mente e os dons de Aiyana trabalhavam para achar a forma correta de tirar os abençoados e o ser poderoso de lá. Uma das formas era não se importar com o poder e simplesmente ignorar. Poderia funcionar, ou ela poderia ser morta ali mesmo.
- Pois bem, não sei quem você é.- disse Aiyana.- Mas eu tenho o costume de caminhar na madrugada e admirar as estrelas.
Todos observavam a encenação dela de forma curiosa. Ela orava para que as deusas falassem em seus ouvidos para entrar na história de Aiyana, e não questionar em absolutamente nada. " Vamos lá, digam a eles para me acompanharem e desfazer as expressões de medo e confusão."
E, por incrível que parecesse, as deusas atenderam seu pedido e sussurraram para eles e os abençoados começaram a fazer parte da encenação.
- Também irei, se você permitir.- disse Tyr.
- Também vou.- disse Rowena.
Cillín e Azura apenas balançaram a cabeça em confirmação que iriam também.
- Vocês nem querem saber quem sou ou o que vim fazer aqui?- disse a " idosa".
- Se quiser nos contar, vamos caminhar lá fora.
Aiyana protejou o escudo de ar para que ficasse como um cobertor por cima de cada abençoado, e começaram a caminhar para fora do palácio. Ninguém disse nada, muito muito virou o rosto para saber se o ser os seguia.
A respiração de todos estava presa. Aiyana que estava na frente abriu o portão e o vento gelado da madrugada beijou seu rosto. Somente fora do palácio ela se permitiu respirar, do lado de fora ela poderia libertar seu poder, lutar ou fazer o que tivesse que ser feito.
Eles continuaram em silêncio até que, novamente, antes de verem e ouvirem, sentiram a pressão de poder sobre seus próprios dons.
- Malditas crianças.- disse o ser.- Me tiraram do calor do palácio para esse frio infernal.
- Agora diga o que quer de nós.-disse Cillín de forma bruta e com a voz rouca.
- Você deve ser o abençoado de Fride. Aquela vadia só escolhe pessoas com o coração extremamente bom.- disse o ser.
- Você me conhece, mas eu ainda não lhe conheço.- disse Cillín novamente.
- Cale a boca criança inútil, você não me é interessante. A única pessoa interessante nisso tudo é você, Aiyana Ventlina.
Tudo ficou em silêncio. A respiração de Aiyana estava acelerada como se tivesse acabado de correr quilômetros e quilômetros com os baldes de areia. Seu coração batia extremamente forte, rápido e ansioso. Seu sangue estava quente, mas parecia correr frio. Uma das coisas que surgiu em sua mente, naquele momento, foi a sua morte. Se isso salvasse a terra, ela faria com todo o prazer e dignidade.
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A Abençoada
FantasíaIndicado ao Wattys 2021. Uma maldição foi jogada por toda terra há 250 anos atrás. Um mundo que era florido, com alimento para todos, água abundante foi resumido a dunas de areia, alimentos mínimos, pequenos córregos de água doce. As brigas, guerra...