As forças universais e cósmicas deveriam ter se unido e ajudado Aiyana para que pudesse resolver o enigma que se habitava em sua mente. " Como poderei trazer a ordem?".
Ela sabia que não tinha lido nada sobre isso naqueles imensos livros da biblioteca do palácio. Sabia, entretanto que, tinha lido como fazer muralhas de vento, como transformar todas dunas de areia em prados floridos, como fazer os córregos se tornarem lagos, rios, cachoeiras e até mesmo mares de água salgada. Aiyana sabia que poderia fazer qualquer coisa, mas não sabia como fazer aquilo.
Aiyana fechou os olhos e pediu aos deuses que lhe ajudassem. E começou o processo de ordem.
Enquanto segurava as mãos das deusas, ela mentalizou o poder de ambas. Um sendo uma bola de luz forte e extremamente brilhante e pesada. E o outro sendo uma bola negra, pesada, como se todas as sombras do mundo estivessem materializadas ali, naquela bola.
O leve cheiro de estrelas e chuva passou por Aiyana, como se os deuses estivessem mandando um recado de que estavam participando daquele evento.
Aiyana suspirou, se concentrou e ergueu as esferas que tinha imaginado.
Suas pernas vacilaram, e sua cabeça rodou.
Ela pode sentir as mãos fortes de Cillín segurando sua costas, lhe dando apoio. O calor de seu dom lhe aqueceu e lhe deu a força amiga que precisava.
Aiyana suspirou mais uma vez e moveu as esferas.
A que brilhava foi para a direita e a que tinha as sombras materializadas para a direita.
As deusas sentiram seus dons de origem de volta a seus interiores. Um vento forte transpassou o salão fazendo o cabelo de todos ali flutuar. Enquanto as deusas se acostumavam com o poder natural, o mundo parecia ter parado. Aquele vento que passou e bagunçou seus cabelos tinha sumido, restando apenas uma pressão que os empurrava para baixo.
Os segundos pareciam meses. Os minutos anos. As horas pareciam décadas.
O peso do mundo parecia vacilar entre extremamente pesado e extremamente leve, como uma pluma.
Tyr e Azura estavam caminhando em direção a Cillín e Aiyana, mas seus passos pareciam ter entrado em câmera lenta.
As deusas, no entanto, estavam flutuando no salão banhadas nas cores de seus dons. A luz fazia a pele de Luaria brilhar e as sombras traziam à tona a verdadeira beleza de Solaria.
Um estalo rompeu no salão e o mundo voltou a sua ordem. O tempo retornou ao seu compasso. Todos no salão respiraram de novo, seus corpos finalmente puderam relaxar e as deusas pousaram no chão de forma tão leve que pareciam penas ao beijar do vento.
Enquanto todos respiravam e se aproximavam das deusas, Aiyana viu sua visão ficar escura.
Suas pernas não se moviam, seu corpo esquecido. Sua mente era um breu e um véu de escuridão. Seu coração batia tão fraco que achou que morreria.
Enquanto ainda mantia a consciência, pediu aos deuses mais um tempo.
Tempo suficiente para quebrar a maldição do mundo.
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Cillín havia segurado o corpo inerte de Aiyana antes que atingisse o chão.
Maldição. Os deuses só poderiam estar fazendo alguma barganha para descobrir de que forma ela morreria.
Ele olhou ao redor e as deusas ainda tinham a expressão confusa após o retorno de seus dons naturais. Quem iria imaginar que uma das irmãs usurpou o trono da outra? E agora a abençoada estava em seus braços.
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A Abençoada
FantasyIndicado ao Wattys 2021. Uma maldição foi jogada por toda terra há 250 anos atrás. Um mundo que era florido, com alimento para todos, água abundante foi resumido a dunas de areia, alimentos mínimos, pequenos córregos de água doce. As brigas, guerra...