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O burburinho dos abençoados enchia a cozinha. Todos foram acordados com o despertar inesperado de Aiyana, essa que passou os últimos três dias inerte na cama, apenas respirando.

Cillín ainda tinha em seu rosto as feições de surpresa, Rowena estava histérica se perguntando como não estava por perto quando ela acordou. Tyr e Azura estavam conversando e rindo sobre como achavam que Aiyana era algum ladrão no palácio. E Aiyana estava debruçada sobre pães, tortas, chás...

Ela passou três dias seguidos sem comer, apenas engolindo sopas que seus amigos colocavam aos poucos em sua boca.

Quando enfim terminou de comer, Aiyana levou dois dedos aos lábios e assobiou para chamar a atenção, e conseguiu. Todos pararam de conversar, sorrir e se questionar e olharam para ela.

– Como sabem, acordei. E agora nós iremos, finalmente, quebrar a maldição do mundo, aí por fim, quem desejar, pode voltar a seu reino ou para onde desejar.

A voz de Aiyana estava carregada de algo que eles não souberam explicar de imediato. Talvez fosse a dose extra de poder que corria em suas veias, ou finalmente ela tivesse percebido a responsabilidade que tinha em seus ombros. Uma cruz a ser carregada até o alto do calvário.

– Agora irei me banhar em águas quentes, e depois irei para casa. - disse ela de forma tranquila.- Espero que vocês descansem. Não sei que horas são nesse momento, mas, amanhã será um longo dia.

Antes dos outros abençoados tivesse a oportunidade de responder, Aiyana saiu da cozinha.

Seu corpo estava descansado, mas sua mente estava uma bagunça.

Sabia que os dias que havia dormido era para descansar seu corpo, para se recuperar, mas era sua mente que estava doente, cansada, exuasta e precisando de um descanso.

Ela caminhou silenciosamente ao banheiro mais próximo de seu quarto. Após ter acordado e ter passado os minutos que tentou advinhar onde estava, ela colocou peças de roupas no banheiro. Iria tomar banho assim que saiu, sentia o suor grudado na sua pele e o odor de desse mesmo suor estava impregnado em todo quarto. Pelos deuses, estava imunda.

A água que fumegava no balde seria sua salvação. Ela pegou a pequena cuia, encheu de água e despechou sobre seu corpo. O calor da água lhe fez gemer de alívio.

Uma barra de sabote, a dizer pelo cheiro seria de cidreira e maracujá, está apoiado a pequena madeira na parede. Ela começou esfregar por todo o corpo, incluindo o cabelo. Aiyana se lavou, se limpou, restaurou sua alma como aquele banho. No fim, quando restava pouca água na bacia, ela ergueu e fez todo o líquido quente ser despechado sobre ela.

Da cabeça aos pés a água escorreu. O cheiro de cidreira e maracujá ainda estava em sua pele quando ela colocou as calças de linho e a blusa de lã. Seus botas estavam do lado de fora da porta, antes de sair ela suspirou e abriu a porta, calçou suas botas e pediu a proteção dos deuses.

Deuses esses que estavam observando e ansiosos pelos próximos passos da abençoada.

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O sol nascia devagar. A cor rosea e amarelada beijavam o céu, assim também como a brisa que beijava o rosto de Aiyana que estava debruçada sobre a janela observando a pintura que estava sendo refletida em sua frente

Desde que chegará a sua casa, na madrugada, não teve a menor intenção de sair da janela.

Estar em casa depois de tudo que aconteceu, e antes de tudo que possa acontecer, é como se medicar antes de ir a guerra. Mas o cheiro de casa, ver as panelas que sua mãe faz as melhores comidas, ver o pequeno sofá na sala que ela tanto se protegeu de seus irmãos na infância... tudo ali era como um remédio para sua alma sedenta.

A AbençoadaOnde histórias criam vida. Descubra agora