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No outro dia, assim que o sol apareceu nas montanhas, Aiyana e Rowena esperavam em frente a casa de Aiyana, ansiosamente para o início de seu treino. Ambas tinham pouca, ou quase nenhuma experiência com combate. Rowena estava vestida de uma justa calça de couro, e Aiyana com uma calça mais folgada, mas também de couro.

-Será que ela vai demorar de chegar?- disse Rowena com um tom ansioso

-Creio que não.

Aiyana começou brincar com seu poder internamente. Fazia o vento se misturar com a areia e a brasa e rodopiar como um furacão quente da morte. Seus dons pareciam crianças que se alegravam em dançar e festejar, idêntico aos cachorros que pediam carinho e atenção.

Aiyana estava tão inundada em seu interior que não tinha prestado atenção em Azura, ela havia chegado a poucos instantes com quatro baldes nas mãos.

-Bom dia - disse ela entregando dois baldes a cada uma.- Encham de areia.

Rowena e Aiyana caminharam até um monte de areia, encheram e retornaram ao lado de Azura.

-Pois bem, para iniciar iremos correr um pouco - Azuro sorria de modo travesso - Quer dizer, vocês vão correr.

-Correr de onde á onde?- perguntou Aiyana

-Estive observando ontem a noite, da janela do quarto que estou dormindo, que tem um córrego de água a mais ou menos três quilômetros. Devem ir e vir de lá.

-E onde deixamos esses baldes? - perguntou Rowena.

E para má sorte dela, Azura tinha uma ideia travessa a respeito do balde.

-Vocês vão correr com o balde, devem ir e voltar com eles cheio de areia. - disse ela - E saibam que posso confirmar se vocês tiraram um grão de areia.

Rowena e Aiyana suspiraram e se ajeitaram para iniciar a corrida matinal. Se esse era o esforço que tiram que fazer para saberem luar, empunhar espadas, se defenderem elas iriam aceitar. Elas se posicionaram e iniciaram. Ambas correndo a um ritmo constante e acelerado. Passaram por casebres, por pequenas vendas, por pessoas que olhavam curiosas, passaram por crianças que começaram a correr junto delas mas pararam menos de um metro depois.

Após sair da cidade que começaria de fato o desafio. Aiyana percebeu que sua parceira de treino estava diminuindo o ritmo, e até ela mesma também estava. O sol ainda estava fraco mas já a faziam suar, elas sentiram as gotas de suor escorrer por suas colunas, braços e nas mãos que seguravam os malditos baldes cheios de areia. O dom do vento de Aiyana lutava para sair e refrescar, ambas ofegavam, o dom da água clamava para saciar suas sedes, mas ela não podia permitir. Se querem aprender a lutar, devem aprender sem o auxílio imediato de seus dons.

As pernas de Aiyana clamavam para que ela parasse e andasse tranquilamente, sem pressa e sem pesos. Ela forçou sua mente a aguentar, forçou seus músculos a serem mais fortes, ignorou a dor muscular que já latejava em sua coxa, ignorou a queimação em seus pulmões. Aiyana olhou Rowena que também parecia em uma guerra interna de não permitir que suas dores lhe parassem.

Ambas lutavam para não parar. Aquele era um desafio enorme para quem, de forma alguma, havia corrido para se exercitar, ainda mais com pesos.

Aiyana concentrou sua mente em tentar adivinhar o peso daqueles baldes. Um daqueles sem terra alguma deveria pesar um quilo, com aquela quantidade de areia deveria ficar em torno dos cinco quilos, ou sete.

Rowena agradeceu aos deuses, e Aiyana ao levantar seus olhos do balde, também agradeceu aos deuses.

Lá estava o córrego de água que deviam alcançar.

A AbençoadaOnde histórias criam vida. Descubra agora