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Tinha medo de abrir os olhos, mas uma voz chamava-me freneticamente, não me dando muita escolha.

— Milady! Milady, acorde!

A voz insistente soava cada vez mais perto, obrigando-me a prestar-lhe atenção.

Bati as pestanas longas e pesadas até voltar a ver.

Ele era injustamente e incrivelmente o filho favorito de Deus.

Era lindo demais com traços arrojados e a sua aparência jovem.
A camisa branca de algodão, parcialmente aberta, assentava no seu corpo como se tivesse sido feita especialmente para ele, revelando o tórax bem delineado por baixo.

— Milady, está bem? Desmaiou.

— E-eu... desmaiei?

— Apenas por alguns segundos. Sente-se melhor? — ele exigiu, ajudando-me a sentar.

Preferia não o ter feito. Assim que me sentei fiquei frente a frente com a realidade.
O pódio com a placa de identificação da estátua estava vazio.
O pódio estava vazio! E um homem igualzinho à estatua estava à minha frente.

Não foi um sonho.

Continuei a encarar em choque.
A única explicação possível era que eu estava a enlouquecer.

— Sente-se melhor? — ele repetiu com preocupação a mostrar no seu rosto, mas olhar para o pódio dourado e vazio como uma idiota era a única coisa que eu era capaz de fazer. — Consegue levantar-se?

— Não — disse com toda a franqueza — Estou a ver coisas, isto não pode ser.

Passava-se qualquer coisa terrivelmente errada.

Voltei a cabeça gradualmente, fazendo um esforço para olhar para ele. O coração queria saltar-me do peito para fora.

— Não és real. — fechei os olhos por momentos e belisquei-me, na esperança de que o homem desaparecesse como se fosse apenas um pesadelo terrível.

Levei uma mão ao pescoço e abanei-me vigorosamente com a outra.
Aquela sala não era arejada. Se calhar a falta de oxigénio estava a mexer com a minha imaginação!

— Sou bastante real. — ele resmungou, soando um pouco ofendido. — Toque e veja por si mesma.

Tocar?! O atrevimento daquele maluc-

Sem um momento de hesitação, ele pegou no meu cotovelo e guiou a minha mão até à sua camisa gasta.

Por baixo era impressionantemente sólido. Quente.

O oposto de uma estátua de pedra.

Empurrei-o para trás com tanta força e tão de repente que ele não teve oportunidade para tentar equilibrar-se antes de cair para trás.
Aproveitei a oportunidade para me levantar rapidamente, ainda com os joelhos instáveis como gelatina.

Passei para o outro lado do pódio, não tão subtilmente assim, de modo a ficar mais perto da porta.

Ele percebeu e levantou-se num ímpeto, alternando os seus olhos ansiosos entre mim e a porta.

O homem aproximou-se cuidadosamente de mim, as mãos estendidas à sua frente.

Não parecia assustador, mas mesmo assim senti o meu corpo retesar-se, confusa estendi a mão numa tentativa inútil de deter o seu avanço.

— A e-estátua...como...? — balbuciei, reunindo coragem para falar para ele.

Será que estava a ser filmada para um show de comédia? A qualquer momento iam aparecer câmaras e pessoas a dar risadas e o homem ia confessar ser um ator!

𝐂𝐔𝐑𝐒𝐄𝐃↪𝘫𝘫𝘬Onde histórias criam vida. Descubra agora