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Entrei na casa de banho com o Jungkook e fechei a porta atrás de nós, deixando o Vincenzo a choramingar do lado de fora.

— Senta-te.

O Jungkook ergueu as sobrancelhas, olhando à volta e eu suspirei antes de empurrar os seus ombros para baixo até que estivesse sentado no tampo fechado da sanita.

Abri e fechei gavetas à procura do kit de primeiros socorros que tinha comprado há anos, quando tinha começado a viver longe dos meus pais, nessa altura tinha medo de tudo e queria prevenir todas as situações. Eventualmente, aprendi que não era possível. O kit já tinha metade dos fármacos a passar a validade, mas tinha material o suficiente para fazer o curativo.

Aproximei-me dele e posicionei-me entre as suas pernas, que se afastaram inconscientemente para me deixar numa posição confortável.

Depois, antes que ele pudesse dizer alguma coisa, ajoelhei-me à frente dele no chão. Segurei-lhe no pulso para examinar o golpe que atravessava a palma da mão, e fingi não perceber como os seus batimentos estavam acelerados.

— Vais cuidar de mim?

Não olhei para ele enquanto abria a garrafinha do álcool, mesmo perante o seu tom afiado e provocador. Era costume dele, tinha percebido, ele flertava quando estava nervoso.

O primeiro contacto do álcool ardia como os infernos, por isso segurei o pulso dele com mais força antecipadamente.

— Deixar-te sangrar até à morte parece um pouco extremo, por isso sim.

Derramei o álcool ao longo de toda a extensão da ferida e o Jungkook saltou para trás, gemendo e então praguejando palavras imundas que eu nunca tinha ouvido da sua boca.

Não consegui conter uma risada e o Jungkook lançou-me um olhar furioso em resposta.

— Bom saber que a minha dor te dá prazer. — ele disse ainda meio sem fôlego, passado alguns momentos. — Talvez devêssemos tentar algumas experiências sádicas quando dormirmos juntos outra vez.

Aquelas conversas reprovadoras eram o que o mantinha distraído, então deixei que continuassem. Aliás, não só deixei... incentivei... o que talvez não tenha sido a minha melhor decisão.

— Lembro-me de mencionares que gostarias de usar as cordas de uma maneira alternativa quando nos conhecemos. Tens a certeza que não és tu que gostarias dessas experiências?

— Se gostarmos os dois, não é ainda melhor? — ele ronronou, inclinando-se para baixo, mas voltei a deitar mais álcool na ferida e ele voltou a cair para trás, gemendo entredentes.

O sangue já tinha coagulado, tornando-se numa pasta seca e escura, e depois de limpá-lo, o corte já não parecia tão mau como tinha parecido inicialmente.

Abri uma pomada antibacteriana, a única que ainda não estava estragada, e comecei a colocar com cuidado à volta do corte com uma cotonete.

Após alguns minutos em silêncio, a respirar profundamente, o Jungkook voltou a falar:

— Como é que dormiste?

— Sem pesadelos. — respondi, mesmo que ele já soubesse, ele sabia sempre que eu tinha pesadelos, mesmo quando dormíamos em quartos separados. — E tu?

— Até monstros têm pesadelo, querida. — o meu estômago revirou e lutei para manter o rosto neutro, principalmente porque eu nunca tinha pensado que ele também dormia mal, que era por isso que estava acordado comigo a maioria das madrugadas. — Mas não esta noite, dormi o melhor desde que me consigo lembrar.

𝐂𝐔𝐑𝐒𝐄𝐃↪𝘫𝘫𝘬Onde histórias criam vida. Descubra agora