22

393 45 34
                                    


✧─── ・ 。゚★: *.✦ .* :★. ───✧


Tentei focar-me na estrada à minha frente, as minhas mãos ficavam suadas a cada poucos minutos e tinha que as limpar às coxas antes de voltar a segurar o volante. Ao meu lado, o Jungkook observava as árvores a passar pela janela, sem dizer uma palavra.

Ele estava distante desde a noite anterior. Quando lhe tinha contado sobre a minha visita ao castelo onde ele tinha vivido ele não tinha reagido muito bem, mas principalmente porque um dos espíritos me tinha ameaçado no corpo da Jennie. Desde aí, ele não tinha voltado a mencionar o assunto, até ontem. Quando me perguntou se o podia levar até lá.

— Estás bem?

Ele fixou o olhar na janela por mais alguns segundos antes de virar a cabeça para mim.

Comecei a repensar se devia ter dito que não. Inventado uma desculpa e evitar recordá-lo do passado. Mas não queria negá-lo de nada, não quando estavamos tão perto de...

— Apenas tenho muito na cabeça.

Ele ergueu os cantos da boca, numa tentativa de sorriso que era tudo menos confortante. Ele tentava parecer duro, mas o rosto dele contava a verdade.

Senti-me novamente tentada a oferecer virar o carro, mesmo sabendo que seria inútil. O Jungkook não era o tipo de pessoa que fugia, que virava as costas, principalmente se fosse algo que o magoasse. Era isso que me preocupava. Toda a vida ele tinha sido maltratado e maltratado de volta, mas isso estava no passado. Sabia como facto que ele ainda sofria com isso e tinha culpa o suficiente nele para ter pouco valor pela própria vida.

Ele virou novamente o rosto para a janela e eu forcei-me a manter os olhos na estrada.

O GPS apitou, alertando para a proximidade ao destino.

Tirei uma das minhas mãos do volante e eu estendi-a em direção ao seu colo onde uma das dele repousava. Imediatamente o meu toque foi respondido com os seus dedos a entrelaçarem os meus. Quase libertei um suspiro, sentindo alguma da tensão a abandonar-me. Então o Jungkook agarrou também com a outra mão, apertando firmemente os meus dedos entre as suas duas mãos. Era firme e seguro, como uma rocha no meio do oceano.

Pretendia dar-lhe a mão para o confortar, mas sentia que eu era quem estava a ser confortada. Queria ter aquele efeito nele também. Apertei a mão dele com mais força, deixando-o sentir a minha presença.

O GPS voltou a apitar e o Jungkook soltou um suspiro tremido. Quando olhei na sua direção percebi porquê. No horizonte, uma silhueta majestosa destacava-se.

Ele não parecia afetado, mas a sua mão apertou mais a minha.

O castelo erguia-se numa colina rodeada de planícies, com torres quase a roçar as nuvens.

Virei o carro, entrando na rua que dava entrada ao castelo. O Jungkook permaneceu em silêncio, com o olhar desfocado nos terrenos pelos quais passávamos.

O castelo era massivo. Foi a primeira coisa que pensei quando atravessamos as muralhas altas e espessas de pedra e entramos no recinto verde à volta do edifício. A visão era de tirar o fôlego, uma mistura de beleza e mistério, que impressionava mesmo que não fosse a minha primeira vez a visitar.

— Chegamos. — anunciei, a minha voz a quebrar o silêncio frágil, acentuado pelo motor do carro desligado. — Pronto?

A garganta dele oscilou, como se se estivesse a preparar para responder, mas os lábios continuaram selados. Em vez de responder, ele acenou uma vez com a cabeça antes de abrir a porta e sair do carro.

𝐂𝐔𝐑𝐒𝐄𝐃↪𝘫𝘫𝘬Onde histórias criam vida. Descubra agora