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Nunca poderia odiar os meus pais.
Diziam o quanto eu os desapontava, mas depois davam-me um abraço, ou humilhavam-me e diziam que me amavam muito, ou discutíamos e depois davam-me um presente.
E cada coisa boa que faziam apagava da minha memória as coisas más, até eu ser relembrada novamente.
Aprendi que tinha sentimentos mistos em relação a eles. Aprendi a aceitar isso.
Apesar de não os conseguir odiar, conseguia odiar aquela casa.
Quando estava lá não me sentia eu mesma. Regredia no tempo até voltar a ser adolescente e era como se nunca tivesse saído de casa, como se aquele fosse o meu mundo todos os dias e a minha única opção.
Sentada à mesa para jantar ali, os meus pensamentos tinham que ser todos sussurrados, até respirar era alto demais.Uma herdade com paredes de pedra como se saída de um conto de fadas medieval e um enorme jardim com vinhas e flores, e quanto mais perfeita parecia mais eu a odiava, por conseguir enganar todos com a sua aparência.
A aparência não é o mais importante, mas é a primeira coisa que veem.
Quando saí da casa e entrei no meu carro não respirei fundo nem parei para pensar. Arranquei de imediato.
O único alívio daquela noite tinha sido a descoberta da minha mãe. Os rumores espalhavam-se rápido pela alta sociedade, sendo a única fonte de entretenimento das mamãs desempregadas. Já todas as famílias sabiam sobre a minha explosão na casa de banho da universidade.
Felizmente, a mensagem geral que tinha passado, graças à Jennie e à Jisoo, e às suas maravilhosas conecções sociais, era que eu claustrofóbica e, por alguma razão, a porta tinha avariado e tinha ficado lá trancada.
Era uma bela história, bem melhor do que a versão em que eu sou louca e vejo espíritos.
Mas não era o suficiente para os meus pais, que insistiram que me controlasse, antes que eles tivessem de intervir e controlar-me eles mesmos.
Como se eu pudesse controlar claustrofobia se realmente a tivesse. Era uma fobia porque era irracional e incontrolável...
Não sabiam sobre o Jungkook. Fosse o caso, a noite teria sido muito pior.
O céu estava escuro como breu pela altura em que cheguei a casa.
O ar noturno da primavera era fresco e aliviava o meu calor.
Caminhei pelo jardim da frente e parei nos meus trilhos quando me aproximei da porta para o meu apartamento.
O Jungkook estava à espera, sentado no chão à frente da porta, as suas roupas largas a abanar com a brisa.
Era uma sensação estranha, ter alguém à nossa espera ao chegarmos a casa. Algo a que não estava habituada.
— Boa noite. — a sua voz suave era o único som, para além do motor dos carros distantes no centro da cidade.
— Boa noite.
Ele não se levantou para entrar em casa. Eu também não tinha vontade de entrar. Alguns momentos eram melhores no escuro.
Por isso, em vez de agir como normalmente faria, sentei-me no chão ao pé dele, as minhas pernas esticadas à minha frente.
— Dia difícil, huh?
— Suponho que sim. — mas não queria falar disso, queria o oposto, tirar a minha mente dali. — E o teu dia?
— Produtivo. Acho que o V gosta mais de mim agora.
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𝐂𝐔𝐑𝐒𝐄𝐃↪𝘫𝘫𝘬
FanfictionHá uma estátua misteriosa de um príncipe no museu histórico e os rumores dizem que se tocar na sua alma gémea se tornará novamente humano.