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Quer-me a mim?! Quem era ele para me perseguir? Quem era ele para se atrever a invadir a minha casa? Quem era ele para me querer?

Absolutamente ninguém.

— Sai de cima de mim. — rosnei as palavras, deixando cada uma sair lenta e pausadamente.

Ele não moveu um músculo.
Só deixou cair os olhos para o meu vestido rasgado por um instante antes de os voltar a colar aos meus.

— Quem fez isto?

Os seus olhos queimavam com chamas negras.

Ele estava tão perto que os nossos peitos se tocavam cada vez que eu respirava mais profundo.

— Sai de cima de mim. — repeti, fechando as mãos em punhos.

Não ia avisar uma terceira vez.

Ele mexeu a língua de um lado para o outro na boca, enquanto me obvervava. Por fim, estalou os lábios e afastou uma das mãos que se colava à porta, perto da minha cintura.

— Como desejares.

Ele estendeu essa mesma mão para trás dele, indicando a sala. Como se ele fosse o anfitrião, e não o oposto!

Mordendo os lábios para conter uma resposta afiada, empurrei-me da porta antes que ele mudasse de ideas.

Ele esperou que eu tivesse avançado alguns passos para a sala até descolar a outra mão da porta.
Tinha aliviado o cerco, mas eu não era idiota o suficiente para achar que ele me ia deixar simplesmente passar pela porta quando me apetecesse.

Reparei que as cortinas estavam puxadas para trás, deixando a luz entrar pelas janelas altas. Lembrava-me de tê-las fechado, por isso o principezinho tinha feito as honras. Podia ter reclamado sobre o facto de ele mexer no que não era dele, mas corria o risco de ter as cortinas fechadas outra vez, então mantive-me calada.

Sentei-me no cadeirão oposto ao sofá, para evitar que ele se sentasse ao pé de mim, deixando ao invés todo o sofá livre para ele.

Cruzei os braços sem pensar muito no assunto, mas aparentemente, a minha linguagem corporal era bastante óbvia, porque depois de me analisar por uns segundos ele imitou-me, cruzando os braços e reclinando-se sobre as almofadas.

Odiava como ele era rápido a ler a situação, e ainda mais como ele parecia confortável.

Seguiu-se um debate silencioso que durou longos minutos, e provavelmente duraria muitos mais se eu não desse o braço a torcer.
Se ele tinha estado tantos anos na forma de uma estátua, então era com certeza mais paciente do que eu.
Era bastante óbvio que o tempo sozinho tinha sido usado para se recompor, estava muito mais calmo e seguro, nada parecido ao homem que se tinha revelado ontem.
Soltei o ar e baixei os braços, colocando antes as mãos no colo.

— Como é que te soltaste? — ele deu de ombros, desvalorizando o assunto, como se fosse algo tão básico que não merecia a sua atenção total.

— O que é que queres?

— Já respondi a essa pergunta.

— Eu estava a falar a sério.

— Eu também. — fulminei-o com o olhar, mas ele continuou relaxado contra o sofá, as pernas longas cruzadas, fazendo-o parecer um modelo sem sequer se esforçar. Eu culpava os seus genes de príncipe.

— Muito bem. — inclinei-me para a frente, apoiando os cotovelos nos joelhos. — E como é que esperas alcançar o teu objetivo?

— Tenho os meus métodos. — ele respondeu simplesmente, inclinando-se também para a frente.

𝐂𝐔𝐑𝐒𝐄𝐃↪𝘫𝘫𝘬Onde histórias criam vida. Descubra agora