✧─── ・ 。゚★: *.✦ .* :★. ───✧O rugido dos pneus acordou o meu corpo ainda desorientado. O meu coração disparou, mas a minha mente entrou num estado de torpor.
O tempo pareceu desacelerar, cada segundo a estender-se numa eternidade enquanto via as luzes aproximarem-se. A rua estava envolta numa névoa fria, mas os faróis brilhavam através dela.
Então algo me impulsionou para o lado e o meu corpo agiu por instinto, saltando para fora do caminho. Ao mesmo tempo, com um guincho repentino, o carro desviou-se de onde eu estava, deixando um rastro de borracha queimada perigosamente perto.
O carro parou e o motorista tropeçou para fora, parecendo tão chocado quanto eu, os seus olhos arregalados a refletirem o medo que eu sentia.
Os meus batimentos retumbavam fortes nos meus ouvidos quando olhei por mim abaixo, para as minhas mãos e para os meus joelhos esfolados. Mas estava inteira e estava segura. O alívio só durou por um momento antes de os meus pensamentos dispararem para ele.
O motorista começou a vir na minha direção, mas eu já estava de pé, e quando ele chamou por mim, eu já me estava a afastar.
A minha única preocupação era regressar a casa. Comecei a correr sem direção, sentindo pequenas pedras enterrarem-se nas solas dos meus pés, mas não abrandei. Essa dor não se comparava àquela que sentia no peito ao pensar em não o ver novamente.
As poucas pessoas que passavam por mim na rua desviavam-se e evitavam-me, deitando-me olhares apreensivos. Julgando pela minha aparência não podia esperar outra coisa. As minhas mãos e os meus joelhos arranhados deixavam pequenos trilhos de sangue, o meu vestido vermelho, estava todo enrugado por ter secado no meu corpo e os meus pés estavam descalços e sujos por ter caminhado a noite toda por sabe-se lá onde. E sabe-se lá quanto tempo. O céu estava cheio de nuvens, escondendo a posição do sol, e sem o meu telemóvel, era impossível ter uma noção de quanto tempo tinha passado. Esperava que não fosse tarde demais.
Precisava de encontrar algum sítio que reconhecesse, que me pudesse orientar, mas só passava por ruas cinzentas e prédios aparentemente todos iguais. A adrenalina fazia-me sentir como se pudesse correr para sempre, mas sabia que em breve ia deixar de ser verdade. Precisava de arranjar uma solução. E rápido.
Um táxi virou a curva e passou rapidamente ao meu lado. Antes que ele saísse do alcance, acenei com os braços a saltar e no segundo a seguir ele parou e deixou que eu o alcançasse. Uma pequena benção.
Os olhos rodeados de rugas do taxista estreitam-se na minha direção ao notar a minha aparência e eu rapidamente colei um sorriso no rosto, o que só pareceu aliviar a sua desconfiança em parte. Mas quando inventei uma história sobre como tinha saído à noite com os meus amigos, tinha-os perdido num bar e ficado sem os meus sapatos e sem o telemóvel, ele finalmente destrancou a porta para eu entrar.
Não tinha noção de quanto tempo tinha passado, mas até finalmente ver o meu condomínio no fundo da rua parecia terem sido horas sem fim. Foi então que percebi que não tinha dinheiro comigo.
Praguejei mentalmente, o stress a aumentar quando olhei por mim abaixo. Não tinha nada sequer que lhe pudesse oferecer como trégua. Só tinha o vestido no corpo e o anel que o Jungkook me tinha dado, que apesar de valioso era fora de limites para negociar.
Implorar-lhe para ir sem pagar não parecia algo que ele fosse aceitar e não tinha tempo para o tentar convencer. Não tinha tempo para sequer dar-lhe um segundo olhar. Então quando o carro estacionou na morada saltei para fora prometendo encontrá-lo e pagar mais tarde. Ouvi os seus gritos atrás de mim a tentar obrigar-me a pagar, mas ao correr pelo jardim já não tinha força em mim para me importar. Estava demasiado assustada com a possibilidade de entrar e não encontrar ninguém...ou pior.
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𝐂𝐔𝐑𝐒𝐄𝐃↪𝘫𝘫𝘬
FanfictionHá uma estátua misteriosa de um príncipe no museu histórico e os rumores dizem que se tocar na sua alma gémea se tornará novamente humano.