Capítulo 7 - Assassinos a solta

17.8K 1.7K 276
                                    

- Não, eu preciso que tirem essas coisas, tudo que for objeto solto, tirem e os coloquem em caixas – eu falo de novo em voz alta em quanto círculo pelo prédio – Coloquem o adesivo de frágil nas caixas.

- E para onde serão levadas? – um dos funcionários pergunta e eu me viro para ele.

- Para uma das salas vazias que não serão modificadas agora

- E quais seriam? – Outro pergunta, e eu mostro a localização no tablet. Eles sorriem e voltam a caminhar por entre a bagunça em direção a sala que eu mostrei.

Caminho lentamente em direção ao andar de baixo e paro em frente a escada que leva ao saguão, estreito os olhos para o corrimão e me aproximo do jarro elegante.

- Quem deixou isso aqui? – eu pergunto e vejo uma das faxineiras olhar de lá debaixo a alguma distância, vejo ela dar de ombros e continuar varrendo o chão.

Suspiro irritada e estendo a mão para pegar o jarro, mas ofego quando tropeço no tapete velho e acabo empurrando o jarro em vez de pegar. Corro para a beirada tentando gritar um aviso, mas ouço um Crac! E logo depois um palavrão em voz alta.

Olho de cima fazendo uma careta e rapidamente um par de olhos de cor escura me encaram com uma expressão raivosa e eu sorrio encolhendo os ombros.

- Que porra você acha que está fazendo? – ele rosna e eu penso em descer as escadas, mas aí volto a ficar parada quando vejo que o maxilar dele se contraiu.

Opa, risco de morte eminente

- Desculpe, não foi por querer, eu......

- Me poupe de suas desculpas – ele responde e eu desço as escadas lentamente indo em sua direção. Quando já estou a alguns passos distantes dele, ele para de tentar limpar a camisa social e olha para mim com a expressão fechada.

- Sinto muito mesmo, eu tropecei no tapete enquanto eu ia pegar o jarro – ele resmunga um palavrão e eu me aproximo vendo mais de perto o que está manchando a camisa dele – Ahn, senhor? Acho melhor não esfregar mais

- Porque? – ele rosna a pergunta e eu aponto para uma parte da camisa

- Acho que isso é tinta cinza, ou.... – Volto um pé atrás quando ele inspira o ar com raiva – Ou respingo de tinta – falo com a voz morrendo.

- Saia da minha frente

Dou um passo para o lado e ele sai andando como um touro bufando com raiva. Minha expressão deve mostrar algum desamparo porque um dos carregadores para ao meu lado e bate de leve em minhas costas com pena.

- Não foi por querer, juro

- Eu sei, o garoto ali vai perceber isso também – ele fala baixinho e já se afastando, eu coloco a mão em seu braço o parando e ele olha para mim esperando.

- O senhor sabe quem ele é?

- Não sei, só sei que ele chegou em um carro bastante chique

- Ah meu deus, será que é o engenheiro de obras? – coloco a mão na boca assustada e o senhor a minha frente só dá de ombros e se afasta.

Puta merda

Se fosse o engenheiro eu estava muito ferrada. E coloca ferrada nisso

..............................

Não vi o senhor nervosinho por todo o dia, o que eu considerei um ponto positivo.... Mais ou menos.

Organizo o máximo que posso e auxilio a quem eu possa ajudar e logo mais todos estão se movimentando. Alguns quebrando, outros construindo e reformando.

É uma verdadeira bagunça, mas o tipo de bagunça que eu gosto.

Me despeço de todos e saio do prédio para a ar noturno frio, caminho lentamente em direção ao ponto de ônibus e paro pegando o celular do bolso. Desbloqueio e começo a andar enquanto digito uma mensagem para Kallie falando dos procedimentos de hoje.

- O que...- sou empurrada com força no quadril para o lado e caio rapidamente com força na calçada vendo o meu celular se arrastar no chão antes de parar

- Puta merda – Alguém rosna ao meu lado e eu olho para cima para ver quem me empurrou, estreito os olhos com raiva para ele enquanto cato o meu celular

- Sério? Isso é algum tipo de vingança?

- Não, isso seria ridículo

- Pois você me parece bastante ridículo nesse momento – me sento no chão e faço uma careta quando sinto uma fisgada na minha perna esquerda.

- Eu estava abrindo a porta do carro quando você passou, não tenho culpa se não olha por onde anda

- Ah e com certeza você estava olhando, não é? – olho para ele com raiva – Onde estava seus olhos? Porque na calçada é que não era

- Pelo amor de deus pare de resmungar

- Idiota arrogante – eu rosno e fico de joelhos tentando me levantar

- Deixe-me ajuda-la – ele estende a mão para mim e eu a bato com a minha empurrando- o para longe – Dá para parar com isso? Estou tentando ajudar você

- Não preciso da sua ajuda

Me levanto e espano as mãos na calça tirando a sujeira, coloco meu celular no bolso ignorando a tela quebrada e lanço um olhar assassino para ele antes de seguir em frente.

- Espere, vou te dar uma carona

- Não, obrigada

- Larga de ser teimosa

- Não é teimosia – olho por cima do ombro e o vejo fazendo uma careta, me viro e coloco minhas mãos no quadril – Eu vi você fazendo careta, e ainda diz que quer me ajudar

- E eu quero, só que você não facilita – ele expira irritado e pela primeira vez eu me permito observar ele. Cabelos pretos, olhos escuros, boca rígida, mandíbula trincada e perfeita.

Cacete

Esse homem era real?

Estreito os olhos para ele e o vejo arqueando a sobrancelha ainda irritado.

- O que? – ele pergunta exasperado

- Não sei, você me parece com um assassino

- Assassino? – ele abre a boca olhando para os lados. Até ele deve perceber o quão estranha essa situação é.

- Assassino sim, você está me olhando como se quisesse me enforcar

- Eu juro a você que se você não entrar nesse carro agora, eu realmente posso pensar em enforcamento

- Péssimas palavras camarada – dou meia volta e começo a caminhar para longe – Tenha um inferno de noite

- Está falando sério? – ele grita por sobre os movimentos dos carros a nossa volta – Você é idiota a esse ponto?

- Babaca – eu grito de volta e me viro o suficiente para lhe mostrar o dedo do meio.

Corro a metade do caminho e suspiro aliviada quando consigo pegar o ônibus para a estação.

Olho pela janela do ônibus e reviro os olhos quando penso no que ele me chamou.

Idiota arrogante

(Des) EncontrosOnde histórias criam vida. Descubra agora