Capítulo 13 - Beco sem Saída

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- Você está me dizendo que está gerenciando um projeto novo e não me avisou? – Crispin fala do outro lado da ligação e eu suspiro me desviando de outra pessoa.

- Eu ia contar, só estava esperando a ocasião certa

- Que ocasião seria essa?

- Sei lá, uma festa de final de ano ou algo assim

- Vou te matar – Crispin fala aborrecido e eu sorrio atravessando a rua – Eu deveria ser o primeiro a saber

- Está bem, desculpe. Prometo contar as coisas o mais rápido possível

- Vou fingir que acredito em você

- Como andam as coisas no hospital? – eu pergunto e faço uma careta quando alguém me empurra de lado.

Caramba, essas pessoas não enxergam não?

- Tudo bem, o juiz Davies veio ontem no meu horário – puxo uma respiração e fico em silêncio – Ele queria saber onde era seu apartamento, estava dizendo que a mamãe estava muito preocupada com você

- O que aconteceu?

- Eu o coloquei para fora daqui

- Crispin....

- Eu sei, foi no modo silencioso. De jeito nenhum ele vai saber onde você mora – suspiro aliviada e ele escuta – Nunca faria isso com você maninha

- Obrigada, e sinto muito colocar ele contra você

- Você não fez nada, ele fez isso sozinho

Fico em silêncio de novo e vejo a entrada do prédio. Troco o celular de mão e falo me encaminhando para lá.

- Tenho que ir, nos falamos depois?

- Claro, amo você

- Amo você – respondo de volta e encerro a ligação.

................................

- Mais um pouquinho para a esquerda George – ele inclina e eu balanço a cabeça – Não a minha esquerda, a sua esquerda.

Ele move de novo e eu dou um passo atrás averiguando, sorrio aprovando e eles suspiram aliviados descendo das escadas.

- Será que vai funcionar Âmbar? – Natan pergunta e eu vou até o interruptor do outro lado

- Vamos ver agora

Clico no botão do lustre e um segundo depois as pequenas luzes trocadas são ligadas gerando reflexos cintilantes no teto

- É isso ai! – eu falo e a minha volta eles comemoram sorrindo.

Passei duas semanas tentando ver como o lustre funcionaria que não a base de velas, então um dos funcionários trouxe a ideia de colocar ele com pequenas lâmpadas, então passei mais uma semana entre idas e vindas, reconstruindo e realocando.

No fim?

Deu tudo certo.

- De volta aos outros trabalhos rapazes – eu falo e pego o tablet riscando mais um item da minha lista de afazeres.

O salão estava quase pronto, a não ser pelas mesas que eu ainda não encontrei no tom certo para colocas elas de acordo com o tema suave. As lojas daqui eram muito repetitivas e algumas chiques e desconfortáveis demais

Então não servia

Queria mesas feitas no estilo antigo, com madeira firme e tintura suave que não precisasse necessariamente de toalhas, algo um tanto idílico talvez.

- Âmbar?

Olho para cima do tablet e vejo Declan Campbell vindo em minha direção e averiguando o salão em volta.

- Caramba, as cores combinaram muito bem

- Pois é, ficou melhor do que esperado

- O que está faltando agora? – Campbell pergunta e eu volto para a lista

- Alguns quartos a serem pintados, algumas restaurações na parte principal da entrada e os vitrais que precisam chegar para serem trocados – fecho a paginas e olho para ele – Esses são os mais importantes, os outros são detalhes

- Certo. Kallie estava conversando com o possível comprador, ele está pensando em vim aqui na próxima semana quando o prédio estiver nos resultados finais.

- Tudo bem

- Você precisa de algo? Kallie me disse que você estava procurando algumas mesas e que não estava achando aqui em Nova York

- Ah sim – eu coloco a imagem no tablet e passo para ele que estreita os olhos observando – Queria mesas mais sociáveis, fiz uma pesquisa e vi que a maioria dos prédios daqui usam a mesma cor, o mesmo estilo de mesa para a maioria dos hotéis – dou de ombros e olho ao redor – Achei que esse daqui precisaria de algo diferente

Olho de novo para Campbell e o vejo assentindo em confirmação, ele me entrega o tablet e aponta para a saída, caminho com ele lado a lado.

- Acho que já vi mesas assim, nos Hamptons. Tem uma pequena loja lá que faz mesas assim, são basicamente antigas, mas nova no quesito detalhes. Acho que ficariam muito boas aqui no salão e talvez você encontrasse outras para colocar nos quartos e no salão principal.

- Isso é perfeito. Como posso entrar em contato? – pergunto animada já pesquisando a cidade.

- Esse é o problema, você teria que ir lá, eles não têm um site

- Ah – desanimo na mesma hora

Caramba, quem hoje em dia não tem um site?

- Você poderia ir, as coisas aqui estão indo muito bem e todos seguem suas instruções a ferro e fogo. Não faria mal você sair por alguns dias

- De verdade?

- Claro que sim, fico chefiando e a minha esposa ajuda

- Isso seria ótimo – olho para a agenda que eu programei e digo para ver se ele concorda com o plano – Posso ir no sábado pela tarde, e voltar no meio da semana quanto estivesse tudo resolvido. Tudo bem?

- Concordo

Sorrio animada e já estou me distanciando e programando minha viagem quando ele voltar a falar de novo

- Ah e não se preocupe com a viagem

Me viro confusa e ele termina sua frase

- Já tenho um meio de transporte indo para lá

- Ah.... – Fico com medo de perguntar, mas forço as palavras a saírem – Com quem seria?

- Com o Caleb, ele está indo resolver algumas papeladas por lá, vai te dar uma carona

- Quer saber? – eu falo tentando não gritar – Acho melhor eu ir na semana que vem, quando as coisas tiverem melhor e....

- Porque? O possível comprador iria gostar de ver as mesas e como elas ficariam dispostas

- Sim, mas....

- Isso é por causa de Caleb? Porque se ele fez algo que você....

- Não – eu falo em voz alta e pigarreio tentando disfarçar. Merda, onde eu fui me meter? – Não é nada disso, só não quero atrapalhar ele.

- Ah não vai atrapalhar – Campbell pega o celular no bolso da calça e o vejo mandando mensagem – Vou combinar tudo com ele, vocês saem no sábado pela tarde. Tudo ok.

Campbell sai andando tranquilamente pela porta e eu fico com vontade de me enfiar em um buraco e ficar lá dentro.

Caceta

(Des) EncontrosOnde histórias criam vida. Descubra agora