A água bate na areia e volta em uma suave cadencia, inspiro o cheiro de maresia e inclino a cabeça para trás olhando para as estrelas que aparecem. O ar noturno torna as coisas ainda melhores, enfio os dedos dos pés na areia e sorrio dobrando as pernas embaixo de mim.
- Está se escondendo?
Ouço a pergunta de Caleb e sem me virar eu nego ainda olhando para o mar a frente. Ele vem até o meu lado e se senta, estendendo o braço ele me oferece uma pequena casquinha de sorvete.
Arqueio a sobrancelha em dúvida e ele pega a sua fazendo um pequeno brinde. Faço o mesmo e coloco um pouco na boca apreciando o sabor doce do morango.
- O que está fazendo aqui?
- Não sei, só achei que a praia deveria ser apreciada do jeito certo – eu respondo – Seria um desperdício vim até Hampton e não passar um tempo no mar
- Acho que está certa
Sorrio levemente e coloco mais sorvete na boca, olho para ele e pergunto me sentindo leve.
- Deu tudo certo? Na reunião?
- Sim, o advogado era meio estranho, mas tudo bem
- Estranho?
- É, ele ficava todo o tempo bufando e resmungando
- Sobre o que? – eu pergunto mordendo a casquinha
- Eu não sei, eu não escutei – ele responde tranquilamente e eu dou risada baixinho
- Você deveria começar a escutar as pessoas
- Sério? – ele pergunta animado e eu estreito os olhos desconfiada
- Sim....
- Ah então tudo bem. Porque de acordo com você, entre nós dois valeria tudo – Caleb vê minha expressão e levanta as mãos ainda com a casquinha – Palavras suas não minhas
- Não foi esse o proposito do que eu falei
- Para mim foi e é o que vale – ele se inclina para frente se aproximando e com a voz baixa ele diz – Aceite isso Âmbar, vai ser mais divertido
Levanto o meu braço com a casquinha e passo no seu nariz melando de sorvete de morango.
- Aceite isso Caleb – sorrio enquanto ele olha de boca aberta para o que eu fiz e levanta o seu braço antes que eu possa me mexer passando o seu sorvete em minha bochecha – Canalha – eu falo me afastando e ele ri com aquela voz rouca.
- Espera, me deixa te ajudar – ele se inclina e segura a minha cintura me puxando para mais perto
- Caleb o que.... – Eu falo, mas paro ofegando quando sinto sua língua lamber o sorvete na minha bochecha – Caleb – puta merda eu gemi, pigarreio o empurrando e ele se afasta satisfeito consigo mesmo.
- Se não quer que eu lamba vou ter que partir para o plano b
- Não, não faça mais nada – mas é lógico que ele não me escuta, em segundos estou de cabeça para baixo e ele está me carregando como um saco de batatas no ombro – Caleb, me solta agora
- Não, de jeito nenhum
Caminhando em direção ao mar entendo sua intenção e começo a bater em suas costas, mas só o que ele faz é me apertar ainda mais em torno da minha cintura. Com um impulso de última hora ele nos joga em uma onda mergulhando nos dois.
Maldito
Movimento os braços dando impulso para cima e tusso a água que eu engoli quando chego a superfície.
- Tudo bem? – Caleb pergunta me puxando pela cintura e tirando uma mecha de cabelo grudada na minha bochecha
- Não, e se eu não soubesse nadar?
- Eu estava bem aqui ao seu lado
- Dane-se, eu poderia ter morrido – uma onde bate em minhas costas me empurrando para frente, prendo minhas mãos na camisa de Caleb me apoiando e ele me puxa para mais perto – Não ache que estou te agarrando
- Ah eu com certeza achei isso – ele diz movendo seus dedos para cima e para baixo na minha cintura me fazendo ficar dormente – Porque não admiti logo o que está sentindo?
- E quem disse a você que estou sentindo algo?
- Está bem claro nos seus olhos – subindo suas mãos ele para em meu pescoço e delicadamente acaricia uma parte sensível perto do queixo – Não gosto muito de fingir algo
- Acha que eu estou fingindo?
- Acho que está tentando, mas não está conseguindo, pelo menos não comigo
- Você é muito arrogante Caleb Campbell
- E você é o meu vício desde que eu a vi pela primeira vez – arfo quando ele inclina minha cabeça para cima e um segundo depois sua boca está na minha, sua língua acaricia o meu lábio pedindo permissão, então em um impulso eu a dou. Nossas línguas se encontram em um embate, se chocando, se entrelaçando, subo minhas mãos para cima e as entrelaço em seu pescoço puxando-o para baixo. O gosto de sal e sorvete me faz suspirar contente enquanto eu mordo de leve seu lábio inferior.
Caleb grunhi em minha boca e suas mãos descem firmando a minha cintura perto de si, me trazendo para mais perto. O que parece ser meio impossível.
Mas ele o faz mesmo assim
Nós beijamos até que os nossos lábios fiquem dormentes, até que minhas pernas fiquem molengas e eu tenha que me firmar toda vez que outra onda bata. Nós beijamos até que fiquemos ofegantes e ainda sim desejando mais.
- Porque isso parece ser algo que já fizemos? – eu pergunto tentando colocar alguma distância entre a gente
- Não sei – ele responde confuso, tão atordoado quanto eu. Pigarreio e me solto dele indo até a praia. A areia gruda em meu corpo enquanto me abaixo para pegar minha bolsa – Vai fugir?
- Não estou fugindo
- É o que está parecendo
- Mas não é
- Diz isso olhando para mim então – fecho os olhos momentaneamente e me viro para ele, o cabelo está tão bagunçado quanto o meu deve estar – Agora, fale que não sentiu nada com o beijo
- Não senti nada com o beijo
- Olhando para o meu queixo não vale meu bem – suspiro baixinho e subo o olhar para os seus olhos, ele fica esperando e eu simplesmente dou de ombros e mordo o lábio com força, ele sorri e me estende a mão, eu a pego e ele entrelaça os nossos dedos, mas então nos dois achamos errado e em vez disso entrelaçamos nossos dedos mindinhos.
Bem melhor
Ele me puxa pela estrada e eu vou com ele. Estava cansada, e talvez meu cérebro tenha virado nada mais do que fumaça depois daquele beijo.
Então porque não arriscar?
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(Des) Encontros
RomanceHá dez anos atrás Âmbar teve um encontro inesquecível com um certo garoto a quem não conhecia. Eles nunca souberam o nome um do outro.... Até agora..... Âmbar é funcionária de uma empresa de design de interiores, dona de si faz de tudo para se suste...