- Vai precisar que tire o piso? – George pergunta e eu me viro para ele anotando no tablet sobre as medidas do salão.
- Sim, por favor
- Mas naquela parte o piso está praticamente novinho, só precisa de uma boa limpeza
- Eu sei, só que a cor do piso não vai combinar com a cor da parede e do teto
George coloca o boné de volta e sai da sala. Provavelmente ele não vai gostar muito desse serviço, mas não tenho culpa. Precisava daquele piso de outra cor.
Olho para cima e vejo o lustre pendendo no teto, algumas teias de aranha são visíveis nos pequenos arcos dele. Suspiro e olho para o desenho que eu fiz desse salão.
O plano é que seja uma área de tranquilidade
Preto para parte do teto e azul turquesa nas paredes.
Uma mescla perfeita para um local de relaxamento. Insiro a foto de um lustre de cor dourada e avalio a imagem.
Isso não ficou ruim.
Coloco o tablet de lado e olho para cima de novo, tomando uma decisão caminho até o salão principal e encontro as pessoas que eu queria.
- Tem como me ajudarem um minutinho? – os rapazes olham para mim esperando e eu explico o que eu quero.
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Quinze minutos depois, estou com o lustre sujo a minha frente na área de limpeza. Pego vários baldes com água e sabão e cato uma bucha.
Tiro a jaqueta e a penduro em um canto limpinho antes de me sentar no chão e começar a lavar aquele treco antigo.
Passo a mão em alguns lugares e sinto uma inscrição no meio da sujeira, passo água e esfrego me dando o suficiente para ver a inscrição.
Século XVII?
Sorrio quando vejo que estou tratando uma relíquia e começo a trabalhar.
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- O que está fazendo?
Viro rapidamente a cabeça para o lado e vejo Caleb Campbell parado na porta com os braços cruzados por sobre o peito.
Terno feito sob medida
Cabelo preto arrumado
Pele seca, e perfume exalando na sala
Ok, eu estava o contrário disso tudo. Meus cabelos estavam amarrados em um coque em cima da cabeça e minha blusa preta estava colada no corpo por conta da água e do sabão. Não vou nem comentar que minha pele estava suada.
Fazia quanto tempo que estivera ali?
5 minutos? Uma hora?
- Davies? – pisco os olhos voltando ao presente e faço uma careta mínima quando percebo do que ele me chamou.
- Não me chame de Davies
- Porque não? – reviro os olhos e esfrego um pouco mais, ele percebe que eu o ignorei e dá alguns passos para dentro do quarto – Tudo bem, Âmbar então
Sinto ele se aproximando e finjo não perceber, coloco mais sabão e esfrego um cantinho de dentro com a esponja.
- Porque está fazendo isso?
- Porque acho que vai ficar bonito no salão
- Salão?
- Exato
- E não podia comprar outro? – olho cansada para ele, e ele levanta o olhar do lustre me observando – O que?
- Você é do tipo de que quando algo está quebrado vai lá e joga fora antes de ver se pode ser concertado?
- Isso é algum tipo de metáfora em que se tem uma resposta certa? Porque não sou bom nisso
Ele fala com tanto pânico que eu olho para o outro lado para ele não ver o meu sorriso.
Tiro uma pontinha de sujeira com a unha e continuo esfregando outra parte.
- Posso ajudar?
Olho surpresa para ele que dá de ombros e começa a tirar o paletó e puxar as mangas da camisa para cima.
- Acho que preciso de algo que não seja burocracias
- E acha que trabalhar comigo vai ajudar em alguma coisa? Sério? Comigo?
Ele ri e pega uma esponja esfregando uma parte na minha frente, suas mãos grandes em torno da esponja pequena é uma cena um tanto hilária. Então desvio o olhar e continuo esfregando.
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- É isso aí – eu falo olhando para a minha obra prima, o lustre não mais sujo, está brilhando com a luz da lâmpada, o dourado ganhou de novo cor e os pequenos arcos ficaram lindos com a cera especial que eu passei – Viu? Não era preciso comprar outro
- Você estava certa, afinal
Sorrio vitoriosa, e ele balança a cabeça se levantando e apreciando o trabalho que fizemos em conjunto
- Mas não se exiba muito, fica feio
- Dane-se vou curtir o momento
- Vai curtir estando assim? – ele aponta para a minha camisa molhada e para minha calça suja de terra e pó – Parece que você andou se pegando com a sujeira ou algo assim
Bufo e bato as mãos na calça tirando a metade da sujeira, mas desisto quando vejo ela grudar ainda mais. Olho para ele e vejo a camisa branca ficar cinza, dou um sorrisinho e aponto para ele.
- Você está bem pior
Ele olha para baixo e solta um suspiro desanimado, olhando para mim ele arregala os olhos e fixa o olhar em algo no meu cabelo.
- Fica parada – ele sussurra e eu paraliso
- O que foi?
- Tem uma aranha enorme no seu cabelo
- Tira, tira – finjo arregalar os olhos e estremeço levemente para dar mais um ar dramático. Caleb ri baixinho e balança a cabeça.
- Estava brincando com você – faço um biquinho e faço uma expressão de raiva junto com tristeza
- Como você pôde? – eu grito – Eu tenho alergia a aranhas sabia? Quase morri um dia, por conta disso
Caleb para de rir e se aproxima antes de eu dar um passo atrás e sair do seu alcance.
- Desculpe, eu não....
- Te peguei bobão – falo rindo e cato a minha jaqueta, ele olha para mim e revira os olhos quando percebe o que eu fiz.
- Mentirosa
- Babaca – eu devolvo e vou saindo para a saída, mas paro quando ele me chama de novo.
- Vou te dar uma carona – Caleb diz e eu nego com a cabeça, abrindo a porta da sala.
- Não vou a lugar nenhum com você, uma vez já basta
- Prefere pegar um taxi a ir comigo?
- Prefiro qualquer coisa a ir com você – respondo e saio da sala, mas escuto a voz dele no prédio em silencio.
- Vou fazer você mudar de ideia quanto a isso
- Você pode tentar sr. Campbell – respondo de volta e saio o mais rápido possível dali.
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(Des) Encontros
RomanceHá dez anos atrás Âmbar teve um encontro inesquecível com um certo garoto a quem não conhecia. Eles nunca souberam o nome um do outro.... Até agora..... Âmbar é funcionária de uma empresa de design de interiores, dona de si faz de tudo para se suste...