Capítulo 27 - Crispin Davies

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Espero na frente da nova casa de Flora um carro aparecer, enquanto observo o que será o novo lar dos pombinhos depois de amanhã.

Flora está praticamente cintilando pela casa, ligando e desligando o celular, mudando a cor da maquiagem a cada minuto que passa, e acima de tudo tentando achar doces pela casa.

Mal sabe ela que tirei todos os doces na madrugada e coloquei debaixo da cama que ela me ofereceu na minha breve estadia. Sou uma ótima amiga.

Frank parece o mesmo, mas eu vejo quando ele olha para Flora e sorri sem motivo algum, então eu sorrio vendo a interação dos dois. Vim para cá foi a melhor coisa que eu fiz, a não ser pelo fato de Flora me empurrando mais cremes, perfumes e sei lá mais o que.

Mas tudo bem, eu consegui escapar.

Mais ou menos....

Avisto o carro vindo lentamente em direção a casa e me levanto do banco de madeira. O carro mal estaciona quando eu praticamente pulo em cima do motorista, fazendo com ele dê um passo em falso e volte para trás.

- Caramba maninha, senti sua falta também – Crispin diz e eu sorrio apertando-o mais forte.

Segurança em fim

........................

Crispin Davies, vulgo meu irmão mais velho, era cirurgião e nas horas vagas gostava de me chatear. Sendo maior que eu ele na maioria das vezes conseguia.

Cabelos pretos, olhos claros, sorriso fácil e gentil com qualquer pessoa que fosse gentil também. Ele era a melhor parte da minha família. Nós nos ajudávamos em momentos de crise, ou nos momentos de jantar em que todos começavam a gritar.

Ele era meu protetor assim como eu era a dele.

Crispin acabou nos levando para o nosso restaurante favorito no centro da cidade e mesmo meu aniversário sendo amanhã ele fez questão de bater parabéns e me mostrar um cupcake com uma vela rosa acesa.

Faço questão de assoprar, mas ele afasta de mim o bolo e balança a cabeça negando.

- Não, tem que fazer um pedido

Reviro os olhos, mas penso em um pedido antes de assoprar, ele sorri e beija minha testa me puxando para mais perto. Com uma faca eu corto em dois pedaços e ofereço um pedaço para ele.

- Doce antes do jantar? – ele pergunta fingindo fazer uma expressão parecida com a da nossa mãe, dou risada e mordo um longo pedaço antes de dizer de boca cheia.

- Não se preocupe mãe, não vou decepciona-la

Crispin ri e come o seu pedaço. Deito a cabeça em seu ombro e ele me puxa para mais perto.

- Você parece meio triste Âmbar. O que aconteceu?

- Nada, só cansaço eu acho – eu respondo e mudo de assunto – E você? Como anda o Dr. Crispin?

- O Dr. Crispin está parecendo um zumbi ultimamente

Olho para ele e o avalio, ele faz uma pose de fotografia e eu faço uma expressão de dúvida

- Horrível mesmo

- Chata – ele me empurra de leve e eu sorrio

Penso por um minuto, e tiro algumas migalhas da minha blusa antes de perguntar em tom baixo

- Você viu a mamãe?

- Semana passada, ela estava indo para um evento qualquer – Crispin revira os olhos resmungando – Perguntou se eu sabia onde você morava, ela falou o que quer com você?

- Não, só falou sobre como Colin me perdoaria se eu voltasse

- Babaca – Crispin diz bebendo um gole da água – Ele parece um cachorro atrás do juiz Davies, abanando o rabo e rolando quando ele manda

- Maldade

- Maldade? Aquele filho da puta merecia um bom soco na cara

- Você deu um soco nele – eu ressalto e ele bufa irritado

- Depois que ele te traiu merecia bem mais

- Passado Crispin, deixa isso no passado – eu falo e sorrio – Está preparado para a grande festa de amanhã?

- Tenho escolha? – ele diz desamparado e eu dou risada o empurrando

- Claro que não, você vai ser meu belíssimo par – eu digo piscando os olhinhos em modo inocente – As mulheres vão pular em cima de você. Talvez eu tenha que usar um taser

- Engraçadinha – Crispin arregala os olhos de repente e mete a mão no bolso animado – Olha só o que eu achei na sua pequena bagunça de lá de casa.

Estendendo a mão ele me mostra um anel e eu ofego pegando-o com carinho. Coloco o anel no dedo indicador e sorrio vendo como ele se encaixa perfeitamente. A inscrição continua lá no prateado do anel.

- Você nunca me disse quem te deu isso – Crispin fala e eu dou de ombros

- Um amigo

Porque era isso que ele era nos poucos minutos que passamos juntos

Um amigo.

(Des) EncontrosOnde histórias criam vida. Descubra agora