Capítulo 38 - Fotografias no Jornal

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Ela estava olhando para a janela do quarto quando eu apareci na porta do quarto. Por isso não percebeu quando eu fiquei parada na porta com os braços cruzados olhando-a.

E só depois de alguns minutos é que ela olhou para o lado e me viu, pigarreou e olhou para o seu colo.

- Qual vai ser a escolha mãe? – eu sussurro e ela continua sem olhar para mim quando responde.

- Eu vou embora, como você me disse

Suspiro baixinho aliviada, e me viro para ir até o Crispin, mas ela me chama de volta.

- Âmbar?

- Sim? – me viro de novo e espero

- Nunca quis que vocês se machucassem, queria o melhor para vocês dois

- Talvez você quisesse isso mesmo – eu digo dando de ombros – Mas acho que escolheu o caminho errado.

Me viro de volta e vou até Crispin, que está conversando com uma enfermeira, mas para quando me vê

- Bom dia, como você está?

- Estou bem – eu falo e o puxo para um lado – A mamãe pode sair hoje? Do hospital?

- Pode sim, porque?

- Porque ela vai fazer uma viagem

- O que? – ele pergunta assustado e eu explico o porquê.

Depois de alguns minutos em silencio, Crispin pigarreia e se vira para mim.

- Acha que isso vai dar certo?

- Não sei, mas preciso tentar

- Vou ajudar você

- Vai mesmo, você vai levar ela ao aeroporto – eu digo e aperto sua mão, colocando a passagem nela – Eu escolhi um destino e de lá ela escolhe sozinha.

- A mala dela....

- Ela tem dinheiro o suficiente para comprar outras – eu falo e ele acena confirmando

- Eu volto e vamos juntos na casa dele Âmbar, não vá sem mim

- Eu vou, sinto muito – eu falo e completo antes que ele fale algo – Preciso que fique fora dessa conversa, ele pode te chantagear ou sei lá.

- Âmbar....

- Eu vou ficar bem, prometo

Ele suspira cansado, mas assente confirmando.

- Amo você

- Amo você – eu falo e saio.

..............................

Sorrio brevemente quando vejo a expressão de Caleb ao ver a mansão dos Davies.

- Caramba, você diz que não gosta de princesas, mas meio que mora em um tipo de palácio

- Eu sempre dizia que parecia mais a casa dos Addams, só que sem as janelas quebradas e os espíritos.

- Isso não é uma alusão muito boa – ele diz olhando para mim, dando de ombros subo as poucas escadas e bato na aldrava.

- Pois não? – uma empregada nos recebe e eu sorrio antes de me anunciar

- Sou Âmbar Davies

- Ah sim, entre por favor – entro sendo seguida de perto por Caleb – O sr. Davies está no escritório lhe esperando.

- Ótimo, obrigada

Me viro para Caleb e ele para arqueando as sobrancelhas

- O que?

- Esse é o seu ponto, você fica bem aí

- Não

- Sim

- Não, Âmbar – cruzo os braços e permaneço firme na sua frente

- Eu vou entrar sozinha, aceite isso

- Porque precisa fazer as coisas sozinha? Porque fica me afastando?

- Não estou afastando, estou impedindo você de cometer um erro – aponto para a porta atrás de mim enquanto continuo – Sei como lidar com ele, você não, me deixa resolver isso e depois a gente vai embora daqui

Ele faz uma careta e eu sorrio colocando as mãos em sua jaqueta e o puxando para baixo, beijo seus lábios rapidamente e me afasto.

- Já volto

..............................

- Boa tarde pai

- Âmbar, sente-se – ele diz sem nem mesmo me olhar

- Não, obrigada

Finalmente ele olha para mim com a expressão de negócios dele, sorrio forçadamente e me aproximo da sua mesa.

- Vim me despedir, estou voltando para Nova York

- Não vai voltar

- Vou, mas antes queria pedir uma coisa – pigarreio e coloco as fotos na minha mão – Quero que pare de me procurar, e deixe o Crispin em paz.

- Você acha mesmo que....

- Que posso convencer você a isso? Sim eu acho

Faço uma pausa e averiguo sua expressão

- Alguns meses atrás eu fui atrás de você no que era para ser uma viagem de negócios seu – sua postura se alarga na cadeira. Maravilha, chamei sua atenção – E fiquei espantada com o que o Juiz Davies anda fazendo

Jogo a primeira foto em cima da mesa e ele olha sem pega-la.

- Se embebedando em mesas de bar? – jogo mais outra – Fumando o que eu tenho certeza que não é um simples cigarro? – mais uma foto na mesa – Esmurrando o rosto de um homem sem nem saber quem é? Que vergonha pai

Se levantando ele vem até mim, mas eu o paro estendendo a mão

- Pode parar por aí, não vai conseguir nada tentando me machucar, talvez só me irritar ainda mais – faço uma pausa fingindo pensar – Já estou até vendo as manchetes: Juiz William Davies, aspirante a senador é visto transando com uma mulher que não é sua esposa, em um hotel sujo de quinta categoria

- Sua.... - Ele rosna e pega as fotos rasgando em pedaços, reviro os olhos e cruzo os braços.

- Pensei que fosse mais inteligente, não acha mesmo que eu ia ter somente uma cópia, acha?

Ele para quase ofegante no meio do escritório e eu sorrio me divertindo.

- Isso pode fazer mal para o seu coração pai, que tal se sentar um pouco?

- Acha que pode me ameaçar dentro da minha própria casa?

- Já fiz isso, só está sendo obvio – eu falo e suspiro – Vai escutar o que eu tenho a dizer e principalmente você vai fazer o que eu disser, ou uma foto dessas vai parar no jornal de São Francisco

Ele fica em silencio e eu aceno concordando

- Perfeito. Vamos começar com uma coisa fácil, você vai fingir que não tem filhos, vai deixar a mim e ao Crispin em paz – faço uma pausa e continuo – A mamãe acabou de partir em uma viagem e eu não sei quando ela voltará, e nem sei se voltará para você. Mas se ela voltar, você vai deixa-la em paz, Crispin ficará de olho em você por mim, um machucado e uma foto bem bonita estará estampada no outro dia – olho para ele e me aproximo – Chantageei Crispin ou coloque ele em uma posição ruim dentro do hospital e eu volto com essas fotos maravilhosas.

Ele fica calado e eu arqueio uma sobrancelha

- Escutou?

- Sim – ele diz e eu sorrio

- Que bom homem você é – pego as fotos rasgadas e me viro para sair – Agora pode voltar ao seu trabalho, e não se esqueça. Quem está na palma da minha mão agora é você.

(Des) EncontrosOnde histórias criam vida. Descubra agora