Capítulo 22

522 50 0
                                    

Estou correndo e está escuro, alguém me
chama e eu sinto o medo percorrer o meu corpo. Não sei quem é mas o som da sua voz me faz estremecer. Tropeço e caio no chão, atrás de mim há um penhasco e eu fico na beirada. A pessoa que me chamava se aproxima, vejo um homem, mas seu rosto é um borrão. Ele caminha na minha direção e sem saída, me viro e salto do penhasco. Sinto o vento no meu rosto e grito. Quando estou quase atingindo o chão, acordo assustada.

Odeio esses sonhos em que estamos caindo é muito desesperador. Agora perdi o sono. Olho no celular e ainda são duas e meia. Escuto barulho forte da chuva e estremeço, tinha esfriado bastante. Espio Demi, ela está encolhida na fina coberta que eu tinha dado. O chão certamente é mais gelado que a minha cama, ela deve estar com bastante frio.

- Demi. - Sussurro mas ele não se mexe. - Demi, acorda. - Chamo um pouco mais alto ela abre os olhos.

- O que foi? - Ela resmunga.

- Vem dormir na cama, está muito frio aí. - Eu digo e ela me encara surpresa.

- Tem certeza? - Pergunta duvidosa.

- Sim, - Afirmo e ela levanta e se deita ao meu lado, mantendo uma certa distância.

- Por que você está acordada? - Ela diz se virando para me olhar e eu faço o mesmo

- Tive um pesadelo. - Eu digo.

- Quer falar sobre? - Pergunta. Vejo que ela está com sono, seus olhos parecem cansados estão quase se fechando.

- Talvez amanhã. Agora descanse, hoje vai ser um longo dia. - Eu sorrio.

- Tudo bem. - Ela assente e fecha os olhos.

Eu demoro para dormir. Fico observando seu rosto, assim de pertinho ela fica ainda mais bonita. Além de tudo, é muito fofa dormindo.

- Selena, acorda. Sua mãe já está nos chamando para tomar café. - Escuto Demi dizer mas não abro os olhos. Sinto que tinha dormido só cinco minutos.

- Que horas são? - Resmungo.

- Nove. - Abro os olhos e me levanto ainda meio sonolenta. Demi já está vestida e parece muito disposta.

- Há quanto tempo está acordada? - Pergunto.

- Uma hora. Dormi melhor essa noite. - Ela pisca e eu rio.

- Foi só dessa vez. Eu tive piedade de você porque estava frio. - Ela revira os olhos. Entro no banheiro e tomo um banho. Me arrumo e saio. Demi não está mais ali eu desço para a cozinha.

- Onde está a minha mãe e o Nick? - Pergunto para minha tia quando noto que nenhuma dos dois está presente.

- Sua mãe foi levar o café da manhã para ele. Hoje é o dia do noivo. - Ela diz animada, deve estar pensando em como nosso dia vai ser empolgante. Maquiadores e cabeleireiros viriam nos produzir para o casamento e, confesso, eu também estava animada.

- Acho que vou subir para falar um pouco com eles. - Eu digo assim que termino o meu café.

Caminho até o quarto que eu achava que
era do Nick. Quando entro, encontro ele jogada na cama chorando enquanto minha mãe tentava acalmá-lo.

- Meu deus, o que está acontecendo aqui? - Pergunto preocupada. Nesse estado, qualquer um pensaria que ou o casamento foi cancelado ou alguém morreu.

- Você pode tentar acalmar o seu irmão? Tenho que resolver algumas coisas agora. Ela vem até mim e sussurra. - Tenha paciência, ele está surtando.

Ótimo, sobrou para mim. Olho para o
estado deplorável do meu irmão e digo:

- Me conta o que está te deixando nesse estado. - Me sento do seu lado na cama.

- Isso! - Ele aponta para janela e eu
finalmente entendo. É claro. Continua chovendo desde madrugada e o casamento é na praia. Que catástrofe.

- Fica tranquilo, o casamento é só no final da tarde, até lá a chuva ter passado. - Tento ser otimista. Eu não acreditava muito nisso mas esperava que realmente tudo desse certo. Seriam meses de planejamento jogados no lixo.

- Mas e se não parar? - Ele funga.

- Alugamos uma tenda, ainda dá tempo. - Digo.

- Agora relaxe, eu vou cuidar de tudo e você não precisa se preocupar. Hoje é o dia do seu casamento, tem que ser especial. - Falo animada.

- Espero que você esteja certa, se não, eu cancelo o casamento e vai todo mundo embora. - Ele diz rápido e eu solto uma risada.

Você é maluco. - Digo me levantando. - Vou indo porque tenho várias coisas para resolver e você coma essa comida que a nossa mãe te trouxe. Não quer desmaiar hoje, quer? - Ele revira os olhos.

Volto para o quarto e fico no telefone por um longo tempo. Não achei nenhum lugar que alugasse as tendas, ao que parece, as pessoas não costumam ligar tão em cima da hora.

- Mas vocês não podem abrir uma exceção hoje? Por favor, é muito importante. - Apelo. Demi entra no quarto e eu faço sinal que estou no celular.

- Desculpe, senhora, mas os clientes costumam ligar com antecedência. - A mulher diz e eu suspiro.

- Vocês podem me cobrar mais caro.

- Veremos o que podemos fazer e te retornamos mais tarde.

- Moça, você não está entendendo, eu não tenho temp... - Ela desliga e eu bufo irritada

Encaro o nada enquanto penso em como resolver isso. Se eu não alugar essa maldita tenda o casamento não acontece, não com essa chuva.

- Parece preocupada. - Demi diz e se senta do meu lado.

- Estou. Não consigo alugar a tenda para o casamento e não para de chover. Deveríamos ter previsto que isso poderia acontecer. - Suspiro e me jogo para trás de forma dramática. - Mas não quero falar disso, como foi o ontem? - Pergunto.

Ontem foi a "despedida de solteira" da Priyanka e do Nick. Ela e os homens saíram juntos e as mulheres optaram por ficar em casa. Foi divertido, assistimos vários filmes e minha tias reclamaram dos maridos.

- Foi bem legal. - Ela responde.

- Tinha stripers? - Ela solta uma gargalhada.

- Stripers? Sabia que seu primo de 10 anos estava lá? - Ela diz e eu rio.

- Não me julgue, nós filmes sempre tem stripers nas despedidas de solteiro, eu só queria saber. - Eu digo.

- E o que vocês fizeram?- Ela pergunta.

- Nada demais. Só jogamos conversa fora enquanto assistíamos alguns filmes.

- Empolgante. - Ela ironiza.

- Sabe, todo mundo gostou de você aqui. - eu digo.

- "Não posso evitar ser tão popular". - Ela diz e eu arqueio as sobrancelhas.

- Você acabou de citar Meninas Malvadas? Ganhou meu coração. - Digo dramática, eu amo esse filme.

- Se eu soubesse teria feito antes. - Ele sorri e eu a encaro sem saber o que dizer.

- Selena, vem aqui um pouquinho? Preciso da sua ajuda. - Minha mãe surge na porta e eu me levanto. - Não consegui a tenda. Por favor, me diga que você teve mais sorte.

- Também não, mãe. Mas olha - aponto para janela - já não está chovendo tanto, provavelmente vai parar até a hora do casamento.

Espero que esteja certa. Os decoradores logo vão chegar para organizar tudo. - Ela suspira.

- Fica calma, vai sair tudo como planejamos.

Uma proposta |SemiOnde histórias criam vida. Descubra agora