Capítulo 36

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Estou de volta ao apartamento. Cheguei
hoje de manhã e resolvi não ir para a faculdade. Estou cansada da viagem e ainda não me sinto muito bem para voltar a rotina.

É estranho, eu não me sinto mal, mas algo mudou em mim. Acho que ainda preciso de um tempo para processar, talvez conversar com alguém.

Mandei uma mensagem para Hailey avisando que eu tinha chegado, mas ela deve estar na aula agora. Então, vou ficar sozinha o dia todo.

Escuto meu celular tocando e reviro as almofadas para procurá-lo.

- Alô? - Digo finalmente.

- Selly! Que bom que atendeu, como você está? - A voz de preocupação da Demi invade os meus ouvidos.

- Oi, Demi. Eu estou bem e você? - Respondo com calma.

- Bem também. Você já voltou? Não te vi hoje na faculdade.

- Cheguei de manhã. Resolvi não sair, estava cansada - Respondo.

- Tem algo que eu possa fazer por você? Se quiser conversar eu estou disponível. - Ela diz e eu suspiro. Eu queria ver ela, queria ela aqui agora para me animar e me dar ótimos conselhos. Queria sua companhia e queria ver seu sorriso.

- Que tal amanhã? No café? - Pergunto. Se é uma boa idéia eu não sei, mas eu preciso disso. Preciso dela.

- Tudo bem, mas você consegue ficar sem me ver até amanhã? - Ela diz em um tom de deboche.

- Vou me esforçar. - Respondo rindo. - Até amanha.

- Até. Fica bem, Sel. - Ela diz e desliga.

Desligo o celular com um sorriso no rosto. Eu sou uma idiota iludida.

- Hum, esse sorrisinho aí é por que, ou melhor, por quem? - Hailey diz abrindo a porta e me tirando dos meus pensamentos, que deveriam estar bem longe mesmo pois nem notei ela chegando.

- Hai! O que você está fazendo aqui, não
tinha que estar na aula? - Pergunto indo abraçar ela.

Senti muita falta de ter ela por perto.

Eu vi sua mensagem e vim direto para cá, precisava saber como você estava. - Ela diz.

Eu estou bem. - Afirmo.

- Estou vendo, quando eu cheguei te peguei olhando para o nada com uma carinha de boba. Vai, me conta. - Ela se senta no sofá e me encara esperando que eu comece a falar.

- Se eu disser tudo que aconteceu nesses dias você não acredita. - Eu digo e ela
arqueia a sobrancelha.

- Então pode começar, me deixou curiosa.

- Na sexta feira, antes de chegar aqui e você me dar a notícia. - Eu digo me lembrando da cena. - Eu estava passando em frente a cafeteria que sempre me encontro com a Demi.

E...? - Ela pede para que eu continue.

- Eu pensei que seria o momento perfeito
para conversar com ela e finalmente...

- Se declarar? - Ela completa.

- Sim, me declarar. Mas então eu vi que ela estava acompanhada pela Lauren .

Só me faltava essa. - Ela bufa. - E então, o
que aconteceu depois? Me diga que você entrou mesmo assim e pegou sua mulher. - Eu rio.

- Claro que não. Eu ia me virar para ir
embora mas elas também se levantaram para sair, então eu fiquei lá parada por alguma razão.

Mas você entrou ou não? - Hailey diz sem paciência.

- Então, para ser bem direta, elas se
beijaram. - Digo e sua boca forma um "O" gigante.

- Não! Como assim se beijaram? As duas beijaram, ela beijou Lauren ou Lauren beijou ela? - Ela diz e eu fico confusa.

Faz diferença? - Questiono.

- Toda! - Diz como se fosse óbvio. - Talvez ela não quisesse o beijo.

Espera, a história não acaba aí. - Eu digo.

Por que? Você entrou lá e fez barraco? - Ela pergunta e eu nego.

- Sai correndo. - Ela ri.

Previsível. - Diz.

- Mas antes que eu saisse, ela me viu parada observando elas do lado de fora. - Digo e o seu olhar culpada invade a minha mente. Ainda não tinha conseguido tirar aquela cena da
cabeça.

- Não acredito! E depois, vocês se falaram? Ela te ligou? - Ela pergunta eufórica.

- É aí que a história começa. - Eu digo fazendo suspense e ela revira os olhos.

- Fala logo, minha filha. Vou morrer de curiosidade. - Ela me apressa.

- Então, durante o enterro, eu me afastei do pessoal. Precisava de um pouco de ar, não aguentava ficar ali vendo meu pai ser enterrado. - Eu digo e ela acaricia meu braço com um olhar compreensivo.

- Imagino que deve ser sido dificil, queria poder ter estado lá. - Ela diz.

- Tudo bem. - Eu sorrio. - Em fim, quando eu estava vagando pelo cemitério encontrei a Demi.

- O que? Ela foi até lá? - Ela diz e eu afirmo. - Não acredito, ela veio aqui para te procurar e eu contei o que aconteceu, mas não achei que iria até lá.

Realmente foi uma surpresa.

- Aí , Selena, se isso não é prova de amor, eu não sei o que é. - Ela diz e eu rio.

- Ok, foi muito legal da parte dela, admito. - Eu digo. - Mas isso não significa nada.

- Tá bom, mas vocês conversaram sobre?
Ela pergunta.

Sim. Eu disse para ela que tudo bem se ficasse com a Lauren, que eu não ficaria chatead...

Oi? Como assim? - Ela pergunta sem acreditar. - Por que disse isso?

Eu não posso ser egoísta e dizer que eu
gosto dela agora, Hailey. Demorei muito tempo para falar e agora ela não está mais interessado. Não quero fazê-la se sentir mal.

- Mas ela gosta de você, Selena. - Ela diz impaciente.

Então me explica por que ele estava
beijando a Lauren? - Eu digo e ela se cala.

- Meu deus, que anta. - Sina bate na própria testa. - Você é muito tapada, Selena. Mas muito mesmo. - Ela dá ênfase na palavra.

- Me entende, prefiro ser só amiga dela do que não tê-la por perto. - Suspiro. - Esses dias em que eu fiquei sem falar com a Demi foram péssimos, eu senti que faltava algo para estar completa. - Desabafo.

- Você está tão apaixonada. - Ela diz e dessa vez eu não tento negar pois sei que é verdade.

- Eu sei.

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